Sim! A cervejaria brasileira que só produz bebida sem álcool
- Sônia Apolinário

- 24 de jul.
- 5 min de leitura
Atualizado: 25 de jul.

Há pouco mais de um ano, a Sim! chegou ao mercado com a proposta de só produzir cerveja sem álcool. Para mostrar a que veio, de cara, lançou logo três rótulos: uma IPA, uma Ginger e uma Summer. O recado era claro: sem álcool sim, mas sem restrições de estilos.
Agora, já são sete rótulos ao todo, sendo o mais recente lançamento uma Dry Stout com café. Nesse primeiro ano de vida, a marca conquistou 15 medalhas em competições nacionais e internacionais. Em maio passado, sua Sour de melancia levou medalha de ouro no World Beer Cup.
As cervejas produzidas pela Sim! têm 0,3% de teor alcoólico. Pela legislação brasileira, todas as cervejas com menos de 0,5% são consideradas sem álcool.
- Tecnicamente, é difícil fazer cerveja sem álcool boa. Começamos a desenvolver a Sim! em 2021. Fizemos um investimento alto em laboratório e jogamos muita cerveja fora até lançarmos o primeiro rótulo – contou David Figueira, um dos sócios da marca.
A Sim! surgiu ainda em tempos de pandemia do Coronavírus, como resposta para uma pergunta que David se fez – e que praticamente todos estavam se fazendo, na época: “o que podemos fazer?
Voltando um pouco no tempo, encontramos o carioca David de mudança para São Paulo, mais precisamente, para Campinas. Seu objetivo era estudar Física na Unicamp. E ele estudou.
Naquela época, David tinha como hobby a produção de cerveja caseira. No Rio, era “enturmado” com integrantes da Associação dos Cervejeiros Artesanais (AcervA Carioca). Tanto que, em 2009, ajudou a fundar a AcervA Paulista.
Na faculdade, ele não abandonou o hobby. Ao contrário. Costumava fazer a mágica da produção de cerveja em uma simples cozinha, diante dos olhos incrédulos dos seus colegas do campus.
- Eu era convidado para todas as festas – conta David, aos risos.
Na época em que cerveja artesanal era uma baita novidade no país, o hobby lhe deu a ideia do primeiro negócio: montar um brew shop. E assim surgiu a Lamas. Logo depois, veio seu segundo negócio: uma fábrica para receber produção de terceiros, ou seja, cervejarias ciganas.
Ao lado da Unicamp, ele inaugurou, em 2017, a Cervejaria Cogumelo. No mesmo ano, foi criada a Athletic Brewing Co, primeira cervejaria exclusivamente dedicada à produção de cerveja artesanal não alcoólica nos Estados Unidos. O detalhe não passou despercebido pelo (a essa altura do campeonato) ex-físico.
- Na época da pandemia, ficamos pensando o que poderíamos fazer na Cogumelo que não representasse uma concorrência para os nossos clientes. Chegamos na cerveja sem álcool uma vez que ninguém produzia cervejas do tipo – contou David.
Quase que imediatamente, a Athletic Brewing se tornou a inspiração para o projeto brasileiro. Em 2020, o rótulo Free Wave Double IPA da marca norte-americana levou medalha de ouro na categoria não alcoólica do International Beer Challenge (Londres, UK). Mas não só isso. Pela primeira vez, uma cerveja sem álcool ultrapassou os limites da categoria e levou o prêmio máximo de uma competição. O IBC também declarou a Athletic Brewing Co como a melhor cervejaria da América do Norte.
Naquela época, o site norte-americano Business Wire informou que o mercado de cerveja não alcoólica nos EUA tinha movimentado US$ 132 milhões em 2019 e, apesar da pandemia, o segmento de cerveja artesanal não alcoólica tinha crescido 298% , no acumulado do ano.
Agora, em reportagem publicada em junho passado, a CartaCapital informou que, segundo dados da consultoria Euromonitor, foram consumidos, ano passado, no Brasil, 702,4 milhões de litros de cerveja sem álcool. O volume significa o dobro do registrado em 2021 e cinco vezes mais do que em 2019.
Para 2025, a projeção da Euromonitor é de uma comercialização de 785,9 milhões de litros de cerveja sem álcool, no país. A expectativa é chegar a 885 milhões de litros da bebida consumidos no Brasil, no próximo ano.
- Todos pensam que a chamada Geração Z é o nosso principal público, mas não é verdade. Nosso preço não é barato em comparação às sem álcool das mainstreams, então, isso ainda é um impeditivo. O fato é que existe uma mudança de hábito, entre as pessoas mais velhas, que querem diminuir o consumo de álcool. São pessoas que querem beber cerveja boa em um domingo, por exemplo, mas já encerraram a cota de álcool do fim de semana. Ou saem durante a semana e querem se preservar. Por isso, o desafio de fazer cervejas de qualidade com variedade de estilos – afirmou David.
Na sua opinião, a rejeição inicial do público às cervejas sem álcool foi superada com a melhoria da qualidade dos produtos. Aquele sabor adocicado, de gosto de mosto velho, foi, segundo ele, superado com o desenvolvimento de tecnologias e processos.
- Nós começamos do zero. Rasgamos manuais de produção e fomos em busca da nossa melhor forma de produção. A cerveja sem álcool apresenta várias dificuldades. Uma delas é a conservação porque o álcool é o principal conservante da cerveja. A assepsia ao longo do processo, por exemplo, tem que ser multiplicada por dez e nossa cerveja é pasteurizada – informou David.
Se a Athletic Brewing era o “sarrafo” a ser ultrapassado pela Sim!, a marca nacional não poderia estar mais orgulhosa. A cervejaria norte-americana não subiu no pódio do último World Beer Cup, na categoria Specialty Non-Alcohol Beer - A Sim! levou a medalha de ouro; a canadense Four Winds Brewing Co. ficou com a prata e a norte-americana Go Brewing ficou com o bronze.
Para David, se tem uma cerveja que “nasceu” para ser sem álcool é a Sour. Afinal, trata-se de um estilo que, por si só, já é de baixo teor alcoólico:
- Uma Sour sem álcool quase não se percebe. De uma maneira geral, as cervejas acidificadas são as melhores para se fazer sem álcool.
Porém, é a IPA a mais vendida, atualmente, dentre os estilos produzidos pela Sim! E quando o assunto é novidade, chega no mercado, em setembro, a linha Leve, sem glúten, da marca.

Rótulos Sim!
Coffee Dry Stout com adição do café OCA, do Café Kurubi, da fazenda Santo Antônio, em Campinas (SP): “O aroma de café vem em primeiro plano com um toque de malte torrado/chocolate. O café é inserido na maturação da cerveja, para que todo seu aroma/sabor sejam transferidos para a cerveja. No sabor uma cerveja mais seca, mas com um toque de café e e malte torrado”.
Melancia Sour’N Salt - Cerveja da linha sazonal. Uma releitura de um estilo clássico, a Gose - estilo de cerveja ácida e com um toque salgadinho. Traz o equilíbrio entre acidez e o toque levemente salgado combinado com o sabor refrescante da melancia.
Maracujá Sour’N Salt - Cerveja da linha sazonal. “O aroma de maracujá já aparece assim que você abre a lata. No sabor o leve toque de sal com a acidez de uma Sour ganha volume na boca com o gosto inconfundível de maracujá, numa explosão de refrescância. O maracujá com o toque ácido e salgado deixam essa cerveja extremante saborosa e leve”.
Pineapple Express IPA - uma IPA com terpenos - Cerveja da linha sazonal com adição do terpeno Pineapple Express “que deixa a bebida com aquele 'dank' resinoso. Uma explosão de aromas cítricos/mentolados vem em primeiro plano, típicos de uma boa IPA. Uma cerveja com altíssima drinkability”.
IPA – “Aroma remetendo a maracujá e frutas cítricas. Esse aroma é graças às generosas doses de lupulagem a frio. Trata-se de uma técnica conhecida como dry hopping, onde o lúpulo também é adicionado na maturação da cerveja, transferindo aromas cítricos e herbais do lúpulo para a cerveja. No sabor, um toque de malte, mas com proeminência de lúpulo”.
Ginger – “Aroma de cereal/pão e um leve picante (proveniente do gengibre). O gengibre é inserido na maturação da cerveja para que todo seu aroma/sabor sejam transferidos para a cerveja. No sabor, uma cerveja mais seca, mas com um toque picante (vindo do gengibre)”.
Summer – “Aroma de cereal/pão e um leve cítrico. Esses aromas são provenientes dos maltes utilizados e também de uma leve lupulagem a frio. No sabor, uma cerveja mais seca, remetendo a cereal/malte”.
Em Niterói (RJ), é possível encontrar Sim! no Grand Marché Itaipu
































Em Tempo: meus sinceros sentimentos pela passagem do André Valle, um empreendedor e CEO da Masterpiece.
Do outro lado ele estará bem melhor do que nesta dimensão atual, tenho certeza disso, aja visto o caos e a bagunça que nos encontramos!!
Eu me aposentei de consumir bebidas alcoólicas pela simples razão de gostar mais da aparencia cremosa e espumante, do que pelo sabor.
Mas por isso e por causa disso (da cor, textura e cremosidade, acabava de "entornar todas" e isso me fazia muito mal, pois bebia em excesso e tomava "pobres home'ricos...e isso me desagradava e me deixava frustrado!
Ora! se e' so' para ficar "alto e ligadao" não tinha nenhum sentido continuar me embriagando como já falei: apreciar com moderacao, sentindo todo o sabor gostoso de uma bebida industrial, Chopp, cerveja e vinho mas, de uma alta qualidade como eram na época os trustes de monopólios como Brahma, Antártica, Itaipava, Teresópolis, Hainequem, também cerveja com 0,3 % de alcool…