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  • Sônia Apolinário

No Brasil, Blue Moon agora é team Heineken

O Grupo Heineken informou que o rótulo norte-americano Blue Moon, um dos mais populares nos Estados Unidos, é o mais novo integrante do seu portfólio de cervejas artesanais, no Brasil. A questão, porém, é: a Blue Moon é cerveja artesanal?



A partir do terceiro trimestre de 2021, o grupo cervejeiro holandês será o responsável pela distribuição exclusiva da marca, no Brasil. O acordo também envolve a importação e venda da Blue Moon, que chegou ao país em 2019, pelas mãos da importadora Interfood.


Cerveja no estilo belga Witbier, o rótulo tem 5,4% de teor alcoólico e 9 IBU. De acordo com a Heineken, a Blue Moon chega para “fortalecer o portfólio de cervejas artesanais da companhia” que, atualmente, conta com as marcas Baden Baden, Eisenbahn e Lagunitas.


No comunicado divulgado para a imprensa, o presidente do Grupo Heineken no Brasil, Mauricio Giamellaro, comentou sobre a transação:


“Nós celebramos muito a chegada da Blue Moon ao nosso portfólio. Isso reforça o nosso compromisso de levar ainda mais qualidade para os consumidores e democratizar o acesso ao universo das cervejas artesanais, categoria com maior potencial de crescimento no Brasil. Temos uma ampla variedade de estilos e sabores, por isso a Blue Moon, que é uma cerveja premiada, com chancela de qualidade global, terá um papel fundamental em nosso portfólio, tornando-o ainda mais forte e completo, para apoiar o crescimento do Grupo Heineken no Brasil”.


Bellyslide Belgian White


A Blue Moon foi criada em 1995, no Colorado, por Keith Villa. Ele conheceu o estilo witbier graças uma viagem a Bruxelas. Homebrewer e estudante de medicina, na época, ele trabalhava no laboratório da Coors Brewing, onde desenvolvia pesquisa na área de fermentação. Sua viagem foi para estudar produção cervejeira na Vrije Universiteit.


No estádio do time de basebol Colorado Rockies, a Coors instalou um brewpub cuja produção ficava a cargo da pequena Sandlot Brewery, pertencente ao grupo, e Keith assumiu seu comando. Foi lá que ele criou a Bellyslide Belgian White, que depois seria rebatizada como Blue Moon – Bellyside é o nome de uma manobra do basebol.


Naquela época, a Witbier estava sendo redescoberta pelos belgas. Ou seja, era um estilo desconhecido pelos norte-americanos. Tanto que a Coors Brewing ignorou a nova cerveja do seu brewpub. Na verdade, torceu o nariz para a bebida de aspecto turvo.


Para vender a Bellyslide Belgian White, Keith virou uma espécie de mascate, apresentando o rótulo pessoalmente para os bares da região. A morna receptividade foi mudando depois que o cervejeiro criou uma bossa: usar uma rodela de laranja na decoração do copo. Ele se inspirou nos mexicanos que adicionam pedaços de limão no serviço das suas cervejas.


Sendo uma Witbier, a Bellyslide Belgian White é uma cerveja de trigo com adição de sementes de coentro e casca de laranja. Na sua receita, Keith usou laranja Valência, produzida nos EUA, e mais doce do que a Curaçau, normalmente utilizada em cervejas do estilo.


Reza a lenda que quando o rótulo começou a se tornar um cult regional, um apreciador da marca comentou com Keith que cervejas boas eram acontecimentos tão raros quanto o fenômeno da Lua Azul. Voilá! Quando deixou de ser um patinho feio, a Blue Moon foi “assumida” pela Coors Brewing.


Multinacionais em cena


Em 1873, os imigrantes alemães Adolph Coors e Jacob Schueler chegaram nos Estados Unidos e criaram uma cervejaria em Golden, no Colorado, após a compra de uma receita de cerveja no estilo Pilsner de um imigrante tcheco. Sete anos depois, Coors comprou a parte de Schueler. Durante a lei seca, a cervejaria sobreviveu vendendo leite maltado e graças também a outros negócios da família.


Em 2004, a Adolph Coors Company, holding que possuía a Coors Brewing, se fundiu com a cervejaria canadense Molson. Surgia, assim, a Molson Coors Brewing. Com a fusão, a Molson Coors foi classificada como a terceira maior produtora de cerveja nos Estados Unidos.


Três anos depois, uma joint venture entre a SABMiller e a Molson Coors criou a MillerCoors. Em 2015, quando a Anheuser-Busch InBev comprou a SABMiller, começou um imbróglio jurídico entre as empresas do conglomerado MillerCoors para atender às exigências do Departamento de Justiça dos EUA. Nisso, o rótulo Blue Moon, da MillerCoors, passou a ser produzido pela Blue Moon Brewing Co, uma empresa de menor porte criada pelo grupo, em Denver. O rótulo já foi produzido em fábricas em diferentes locais, inclusive no Canadá.


Em 2020, a Molson Coors Brewing Company mudou seu nome para Molson Coors Beverage Company. Isso foi parte de uma reestruturação corporativa que reorganizou as quatro unidades de negócios da empresa e retirou de circulação a marca MillerCoors. A multinacional de bebidas Molson Coors Beverage Company, mais conhecida como Molson Coors, tem sede em Chicago (EUA).


A Brewers Association, que reúne e promove as cervejarias artesanais norte-americanas, já “atacou” a Blue Moon por não informar no rótulo que a cerveja é feita pela antiga MillerCoors. A instituição sustenta que essa omissão permite que a Blue Moon Brewing Company “se mascare como um produtor independente de cerveja”. Juridicamente, porém, a cervejaria foi “absolvida” sob alegação de não ter divulgado informação falsa sobre o produto.


Em 2019, Keith Villa deixou a MillerCoors para criar sua marca. A Ceria Beverage tem como foco a produção de cerveja sem álcool e com infusão de cannabis, para ser comercializada também no Colorado. Naquele ano, a Blue Moon foi a 19 cerveja mais consumida nos EUA.


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