Livro-reportagem sobre bairros que afundaram em Maceió será lançado no Rio

A terra tremeu em Maceió na tarde de 3 de março de 2018. Casas, prédios e ruas racharam e cinco bairros começaram a afundar. Parecia terremoto, mas era o resultado de quatro décadas de mineração subterrânea pela petroquímica Braskem, no coração da capital alagoana. A jornalista Cristina Serra narra essa tragédia em "Cidade rachada" (Máquina de Livros).

Trata-se de um livro-reportagem de 256 páginas que será lançado no Rio de Janeiro, na próxima quarta-feira (3), na Livraria Janela, no Shopping da Gávea.

Referência em jornalismo investigativo, Cristina denuncia um desastre silencioso, que obrigou 60 mil pessoas a deixarem suas casas, em troca de indenizações humilhantes.

Durante dois anos, ela esteve várias vezes em Maceió e viu imóveis sendo derrubados em série, transformando parte do paraíso turístico em cidade fantasma.

– As escavadeiras pareciam gigantescos dinossauros de ferro devorando os bairros. Pedaços da cidade eram tragados e viravam escombros. Os moradores foram expulsos do dia para a noite, provocando uma crise de saúde mental sem precedente entre essas vítimas, que resultou até em suicídios – afirma a jornalista que, em 2019, lançou o livro “Tragédia em Mariana – A história do maior desastre ambiental do Brasil” (Editora Record).

Cristina entrevistou cerca de cem pessoas e pesquisou centenas de documentos e relatórios. Ela revela que a engrenagem de omissões e conivências sustentou um negócio bilionário desde a ditadura, com a complacência de sucessivos governos e a lógica perversa do lucro acima da vida.

Assim como Mariana e Brumadinho, Maceió tornou-se um marco da mineração urbana que destrói pessoas e territórios.

– É espantoso que ao longo de 40 anos nenhuma autoridade, municipal, estadual ou federal, tenha achado que a mineração embaixo de uma área densamente povoada fosse digna de investigação. Um olhar mais atento teria evitado essa calamidade – disse Cristina.