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  • Sônia Apolinário

Cervejaria Búzios lança seu segundo rótulo feito com lúpulos frescos

Pela segunda vez, a cervejaria Búzios (RJ) criou um rótulo utilizando lúpulos frescos. O lançamento mais recente é a Summer Ale, Olho de Boi (5,2%). Em 2019, a experiência resultou na 8h Session IPA (4,5%).

Agora, o lúpulo utilizado foi o Comet, da fazenda Riad, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, cujo proprietário é o ator Thiago Lacerda, que optou por fazer uma produção 100% orgânica.


Antes, o lúpulo usado foi o Cascade, de uma produção, à época, ainda em caráter experimental de Paulo Cordeiro (in memoriam) e Moema Cordeiro, em Nova Friburgo, outra cidade serrana do Rio.


Quais as principais diferenças entre essas duas produções?


- Nossa primeira experiência tinha um desafio embutido: ser a cerveja feita em menos tempo com lúpulo fresco. Até então, tinham feito uma que entre a colheita e a produção levou 12h. Decidimos fazer em 8h e precisamos fazer todo um esquema para funcionar. Ou seja, enquanto estávamos colhendo o lúpulo, em Friburgo, a brassagem já estava rolando, no Rio. Dessa vez, não havia essa preocupação com a velocidade. Outras marcas também participaram da colheita, ou seja, nós não tivemos total controle sobre as variáveis, como da outra vez – explicou Luiz Rogério Rodrigues, o cervejeiro e sócio da marca Búzios.


Para a nova cerveja, a escolha pelo estilo Summer Ale foi pela vontade de fazer “algo bem leve” e pouco lupulado. Apesar de não haver uma preocupação em “bater recordes”, Luiz não deixou de passar muito de 8h entre a colheita e a produção. Ou o frescor do lúpulo em flor se perderia. Ou pior, poderia oxidar.


E esse frescor é o principal ponto positivo que anima um cervejeiro a usá-lo em uma produção. Porque, fora isso, sua utilização não tem nada de simples, como observou Luiz:


- Normalmente, usamos o lúpulo em pellet. Um quilo do lúpulo processado dessa forma corresponde a cinco quilos de lúpulo em flor para fazer a mesma quantidade de cerveja. Em pellet, o lúpulo tem uma concentração de água de 8%, enquanto em flor a concentração de água é de 80%. O pellet é prensado e a flor é espaçosa. Escolhemos fazer uma Summer Ale por ser um estilo não muito lupulado.


É possível repetir a produção dos rótulos feitos com lúpulo em flor?


Segundo Luiz, sim. Se ficarão exatamente iguais, ele não pode garantir. Afinal, vai depender da própria produção das plantas.


A 8h Session IPA e a Olho de Boi foram feitas em parceria com a cervejaria Tio Ruy (RJ). É lá que Luiz costuma produzir rótulos que tenham caráter mais experimental por permitir fazer uma produção menor. Na fábrica da cervejaria, em Búzios, na Região dos Lagos, o mínimo são 2,5 mil litros por batelada.


A Olho de Boi está sendo comercializada praticamente só em chope. Para Luiz, a experiência com o lúpulo fresco, nos dois casos, foi “positiva”. Tendo em mente, porém, que são rótulos sazonais.


Ele observou que foi graças à produção da 8h Session IPA que aprendeu a lidar com o lúpulo em flor. E esse conhecimento o ajudou na produção da Olho de Boi.


Na sua opinião, apesar da graça e do apelo até comercial do uso do lúpulo em flor, ele acredita que a tendência dos cervejeiros é usar o lúpulo na sua forma cada vez mais concentrada. Para os produtores, significa que os desafios estão longe de terem sido superados.


- Os produtores estão fazendo um belo trabalho, provando que é possível ter lúpulo em todo o país, algo que se dizia impossível. Porém, ainda terão que avançar, agora, para processar a produção. Será preciso implantar cooperativas por perto das fazendas.


A título de curiosidade. Os rótulos da Búzios homenageiam localidades do balneário. Olho de Boi é a praia de nudismo da cidade.



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