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  • Sônia Apolinário

Lúpulo brasileiro inspira projeto de cerveja feita integralmente com insumos nacionais

Em fevereiro, duas brassagens vão demonstrar o valor dos insumos cervejeiros made in Brasil. O primeiro projeto vai resultar na produção da inédita Brasilian Pale Ale – cerveja que utilizará em toda a sua receita somente insumos nacionais. O segundo será a 8 horas Session IPA, a ser feito com flor fresca de lúpulo colhido, no máximo, 8 horas antes de ir para a panela. À frente desses “experimentos”, que serão realizados no Rio de Janeiro, está Luiz Rogério Rodrigues, o cervejeiro e sócio da marca Búzios, criada há oito anos.

Há três meses, ele se dedica ao xadrez de montar a receita da Brasilian Pale Ale. A ideia de produzir uma cerveja, de fato, 100% nacional, lhe ocorreu quando conheceu algumas plantações de lúpulo. Inicialmente, tudo o que ele havia planejado era criar um rótulo para a Búzios utilizando lúpulos produzidos no país.

As duas receitas serão brassadas na cervejaria Tio Ruy, na Barra da Tijuca (RJ), em dias diferentes. Serão produzidos 500 litros de cada uma delas e todo o processo poderá ser acompanhado pelo público. Os dias das brassagens ainda não foram marcadas.

BPA

Luiz conta que para a sua “cerveja brasileira” virar realidade, seu maior desafio foi encontrar uma levedura que se adequasse ao projeto. Acabou por bater na porta da Fermentec, de Piracicaba, (SP).

“Eles têm mais de duas mil cepas locais diferentes, mas estavam voltados para o mercado

sucroalcooleiro. Agora que começaram a desenvolver leveduras para o mercado cervejeiro. Isso significa que a levedura tem que ter algumas especificidades que as permitam produzir álcool e ésteres de boa qualidade, ou vai resultar em uma cerveja com aroma desagradável. No destilado, é possível separar o que não fica bom. Na cerveja, não. Dentre todas as cepas, identificar qual funciona melhor para a cerveja está sendo o desafio maior. Até agora, fiz testes com três delas para o projeto da Brasilian Pale Ale”, explica ele que é engenheiro químico, dono de uma fábrica de polímeros, em São Paulo.

Para os maltes, Luiz recorreu à Agraria, de Guarapuava (PR). De lá virão os nacionais Pale Ale e Vienna. Ele também vai usar um Caramelo Ácido da Maltes Catarinense, de Campos Novos ( SC). Falta ainda decidir se a receita vai levar malte de trigo, trigo em flocos ou aveia.

Nesse projeto, os lúpulos serão Vitória, Cascade e Canastra (considerado originário do país, assim como o Mantiqueira), produzidos por Paulo Cordeiro, em Amparo, Nova Friburgo (RJ). Na cidade, nos dias 20 e 21 de abril, será realizada a segunda edição da Festa da Flor de Lúpulo, com palestras técnicas e degustação de cervejas feitas com lúpulos da região.

8h

Para a 8 horas Session IPA, os lúpulos a serem utilizados serão Vitória e Cascade. Nesse projeto, o desafio, segundo Luiz, é o fato de se trabalhar com o lúpulo em flor, o que significa volume.

“Ainda não existem conclusões sobre o desempenho dos lúpulos nacionais. Para o projeto, fiz alguns testes com flores colhidas ano passado. O Paulo Cordeiro tem submetido a produção dele a análises técnicas e estou me baseando nesses dados para compor a receita. Por conta do volume que acarreta trabalhar com lúpulo em flor, escolhi as plantas com alfa ácido maior”, afirma Luiz.

Ele pretende usar nessa receita 15 quilos de flor de lúpulo e a planta a ser utilizada pode vir a mudar em função da colheita feita por Paulo Cordeiro "para que seja utilizado lúpulo o mais fresco possível".

Apesar de ter uma noção da cerveja que vai resultar desses projetos, Luiz admite que o resultado “é uma incógnita”. Ele pensa em tornar a Brasilian Pale Ale um rótulo de linha da Búzios. Já a 8 horas Session IPA pode vir a ser produzida uma vez por ano, na época da colheita do lúpulo, em Friburgo, região serrana do estado do Rio de Janeiro.

A 8h Session IPA vai diminuir o "record" de tempo de uso de lúpulo fresco em uma cerveja nacional. Em maio do ano passado, a Dádiva (SP) fez uma uma American Blonde Ale com lúpulo Mantiqueira colhido 12 horas antes da brassagem. Leia aqui sobre o assunto.

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