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  • Sônia Apolinário

Ranz celebra seus 10 anos com festa em Lumiar

A cervejaria Ranz, de Lumiar (RJ) comemora seus dez anos com uma festa amanhã (sábado, 26), perto de casa. Lupulinário conversou com o cervejeiro Gustavo Ranzato para saber como ele avalia o mercado das artesanais, neste período.

Segundo ele, há excesso de oferta de artesanais, atualmente, o que aumenta a disputa pela "atenção" do consumidor. Como projeto, criar uma franquia do seu bar.

Era uma vez um engenheiro carioca que, quando adolescente, “bebia todas” as cervejas que lhe apareciam pela frente. Por volta dos 25 anos, saturado e “sem paladar” para a bebida, se voltou para o vinho e umas caipirinhas. Até beber uma Erdinger, em um restaurante do Rio de Janeiro.

“Eu nunca tinha ido para o exterior, então, não conhecia as cervejas artesanais. Quando vi uma pessoa bebendo a cerveja naquele copão, fiquei curioso. Provei e fiquei doido com o sabor, o ritual. A Erdinger foi uma das primeiras cervejas importadas que chegou no Brasil e eu me tornei um Erdinger Hunter”, conta Gustavo.

E foi assim que a marca, produzida desde 1886 na Baviera (Alemanha), acabou por transformar um engenheiro em cervejeiro, não, porém, de maneira instantânea. Na época daquela primeira experiência com uma Weissbier, Gustavo já morava em Lumiar, distrito de Nova Friburgo, cidade serrana fluminense, onde tinha um empório que vendia de tudo um pouco. Passou a vendar as artesanais que conseguiu: Paulaner, Colorado, Baden Baden, além da Erdinger.

A curiosidade por conhecer mais as cervejas artesanais o levou até os pioneiros na produção da bebida, no Rio de Janeiro. Acabou em um curso com Leonardo Botto e começou a criar suas cervejas.

A Ranz ficou conhecida por ser uma marca que não usa aditivo químico, não filtra e não pasteuriza suas bebidas. No começo, a cerveja era brinde que dava para os clientes do empório. Como fez sucesso, arriscou a dar mais um passo e lançar sua marca.

“O mais difícil de todo esse período foi conseguir o registro. Foram dois anos lutando contra as burocracias. Agora, já se consegue registrar uma receita até online. Já é um adianto”, comenta Gustavo.

A festa marca os dez anos da criação do primeiro rótulo, uma Golden Ale que, depois, se tornaria um dos seus best-sellers: a Capineira, Golden Ale com capim limão. O uso de produtos da região também se tornou marca registrada da Ranz, bem como batizar as cervejas com nomes engraçados.

Dentre as 15 torneiras que estarão plugadas para a comemoração, no espaço Pedra Riscada, a Capineira marca presença. Bem como a Golden Ale original, agora batizada de Pontapé. Outros dois rótulos foram feitos exclusivamente para a festa: a Deixa Disso e a Podes Crer. A primeira é uma Golden Lager com hibisco; a segunda, uma Amber Ale.

O empório já completou 14 anos e continua firme e forte, vendendo produtos artesanais da região. O bar, em torno do qual gira a Ranz, tem 13 anos. Foi inaugurado quatro anos antes da fábrica entrar em cena. Atualmente, a cervejaria produz 6 mil litros por mês. Desse total, somente 20% vai para a garrafa. O restante é para abastecer o bar.

Há um ano, Gustavo desenvolveu o projeto de ampliação da fábrica. A nova instalação ficará a alguns metros da atual, na mesma rua e terá capacidade para 40 mil litros por mês. Porém, ainda não saiu do papel.

“Nunca cresci muito por cautela. Não tenho sócios e não quero ter. Já trabalhei em grandes empresas e não quero essa vibe outra vez. Quando uma cervejaria cresce muito, a gente tira o foco do produto. Quero oferecer para o consumidor a experiência de beber uma cerveja fresca, no bar, com calma, em um ambiente familiar e descontraído”, afirma Gustavo.

Ele acredita, porém, que pode ampliar essa experiência por intermédio de uma franquia do bar, um modelo de negócios que ele estuda desenvolver. Segundo ele, se esse projeto sair do papel, a fábrica também sai, justamente para abastecer os novos bares.

Da época em que começou para hoje, diz que, no começo, era difícil vender artesanal porque as pessoas não conheciam. Agora, percebe que o consumidor já diferencia os estilos, mas a dificuldade de venda continua por um novo motivo: excesso de oferta.

Na sua opinião, muitas pessoas entraram para o mercado por “modismo”, o que acabou por criar “vícios” no segmento, como a venda por consignação:

“Nunca concordei com isso nem pratiquei. Com a venda por consignação, o ponto de venda não tem comprometimento com a venda nem como pagamento”, afirma ele que vai fazer uma brassagem aberta, durante a festa, para as pessoas saberem "como tudo começou".

Fotos: reprodução @cervejariaranz

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