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  • Sônia Apolinário

Primeira marchinha de Carnaval do país inspira livro infantil

Uma cidade cinza, em que tudo era proibido, recebe uma visita inesperada que leva música, festa e alegria para renovar tudo por lá. Essa é a sinopse do livro infantil “Ô Abre Alas”, recém-lançado pela Saíra Editorial. O título é o mesmo da primeira marcha carnavalesca composta no país (1899) e, com ele, o escritor e ilustrador Duda Oliva homenageia sua autora, Chiquinha Gonzaga, também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.



A obra mostra às crianças o poder que a música tem de transformar o mundo em um lugar mais feliz, divertido e colorido. O enredo começa quando uma misteriosa raposa invade uma cidade sem graça para levar música e arte aos moradores, que não podiam cantar nem dançar.


Foi na praça central que a raposa decidiu quebrar o silêncio, com uma vitrola e uma flauta. No começo, todos estranharam a música e reclamaram do “barulho”. Porém, só precisou de um pouco de tempo para os moradores entrarem na dança e na cantoria, tomados pela boa melodia.


Ao final, a raposa se revela: eram crianças disfarçadas que queriam levar alegria e diversão a quem estivesse triste. E se inspiraram na música de Chiquinha Gonzaga, para a “missão”.


Além de homenagear a compositora nascida no Rio de Janeiro, em 1847, a obra contém uma nota biográfica sobre ela, com suas lutas e bandeiras para além do universo das artes. “Ô Abre Alas” é o livro de estreia do ilustrador Duda Oliva. A Saíra Editorial atua com foco no universo infantil e juvenil.


Militante política


Chiquinha Gonzaga foi ativista política, militante em prol da abolição da escravidão e pelo fim da monarquia. Sua mãe foi uma filha de escrava alforriada. Seu comportamento independente escandalizava as pessoas. Ela frequentava as rodas boêmias do Rio de Janeiro e fumava em público, algo considerado “inadequado” para mulheres à época.


“Ô Abre Alas”, a marchinha, foi composta quando Chiquinha Gonzaga tinha 52 anos. Na mesma época, conheceu e se apaixonou por João Batista Fernandes Lage, um estudante de música de 16 anos. Divorciada por duas vezes, a compositora teve quatro filhos - mas por conta das separações, só conseguiu ter a guarda do mais velho deles.


Para que pudessem viver o romance, a compositora adotou o jovem como filho. Eles ficaram juntos até a morte dela, no início do Carnaval de 1935, aos 87 anos.


Mesmo título, dois compositores

O site oficial de Chiquinha Gonzaga, criado pelo músico Wandrei Braga, alerta para o fato de existirem duas marchinhas com o mesmo título “Ô Abre Alas”, porém, só uma é de autoria da compositora.


A pianista criou a música para o cordão Rosa de Ouro, do bairro carioca do Andaraí no Rio de Janeiro, que ensaiava próximo da sua casa. É tida como a primeira composição criada para o Carnaval, que definiu um novo estilo musical, a Marcha-Rancho, considerado o ritmo oficial do Carnaval do Rio de Janeiro. A primeira gravação dessa marchinha é atribuída às irmãs Dircinha e Linda Batista, feita em 1971.



Em 1939, os compositores Piedade e Jorge Faraj criaram a marchinha "Ô Abre Alas" que começam com os mesmos versos iniciais da composição de Chiquinha Gonzaga:

"Ò abre alas / Que eu quero passar"



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