Os planos de Niterói para se tornar um dos polos de produção audiovisual do país
- Sônia Apolinário
- 16 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de jun.

Niterói tem planos para se tornar um dos pólos de produção audiovisual
do país. O primeiro passo, nesse sentido, foi dado nesta segunda-feira (16), data de lançamento do Programa Niterói Audiovisual (NAV) 2025, no Reserva Cultural, em São Domingos.
A cerimônia de abertura, pela manhã, foi conduzida pela atriz Dira Paes. A programação inclui a realização de debates e shows musicais. À noite, o evento vai marcar a estreia do documentário (19h) "Arthur, O Gigante" - sobre o baixistas carioca Arthur Maia (1962-2018) que se tornou morador de Niterói. Também arranjador e produtor musical, o artista foi secretário municipal de Cultura de Niterói, entre 2013 e 2016.
- O Niterói Audiovisual é uma política pública estruturante, que valoriza nossa memória cultural, impulsiona a economia criativa e promove a inclusão por meio da arte e da inovação - afirmou o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves.
Segundo ele, o município vai investir R$ 150 milhões no NAV. O Programa é composto por 12 ações estratégicas, tendo como pilares: o fomento à produção, a valorização da memória audiovisual, a capacitação profissional, a inovação tecnológica e o fortalecimento da economia criativa e do turismo cultural. O projeto da prefeitura é transformar o setor audiovisual em motor de desenvolvimento sustentável, gerando impacto direto na economia, na cultura e na educação.
O NAV está a cargo da secretaria de Economia Criativa e Ações Estratégicas (Secae), atualmente, sob o comando de André Diniz. A maioria das 12 ações ainda estão sendo desenvolvidas. São elas:
1 - A implantação do Museu do Cinema Brasileiro, no "prédio rolo", que fica no Reserva Cultural em São Domingos. Investimento: 40 milhões. Previsão de inauguração: 2028
2 - Reabertura do Cinema Icaraí. As obras de restauro estão em andamento. O local vai se chamar Cine Concerto Sérgio Mendes e uma das salas de cinema vai homenagear a niteroiense Fernanda Young. Segundo a prefeitura, o término das obras está previsto para o próximo mês de outubro. Investimento: R$ 60 milhões.
3 - Niterói Filme Commission. Órgão municipal cujo objetivo é dar apoio logístico a produções realizadas na cidade. Em fase de estruturação. Investimento: R$ 300 mil por ano.
4 - Programa de Cash Rebate. Uma espécie de complemento das ações da Film Commission que vai reembolsar, parcialmente, produções realizadas na cidade. Em fase de estruturação. Investimento: R$ 2 milhões por ano.
5 - Arranjos regionais: editais em parceria com a Ancine (Agência Nacional do Cinema) com atuação em diversos elos da cadeia produtiva do audiovisual. Investimento: R$ 30 milhões.
6 - Educação audiovisual nas escolas. Um programa piloto em cinco escolas de Niterói está previsto para começar ainda este ano. Investimento: R$ 2 milhões por ano.
7 - Memória do audiovisual, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). Investimento: R$ 500 mil por ano.
8 - Criação do Festival de Cinema de Niterói. A primeira edição está prevista para 2026. Investimento: R$ 4 milhões por ano, sendo R$ 1,5 milhões com aporte da prefeitura e o restante via captação.
9 - Exibições em territórios populares. R$ 500 mil por ano.
10 - Vale Cultura - benefício direto ao cidadão, via Moeda Social Arariboia. Investimento: R$ 2 milhões por ano.
11 - Criação de um Fundo Municipal de Financiamento do Audiovisual. Será iniciado um estudo de viabilidade em parceria com a Unesco. Investimento inicial não informado.
12 - Observatório da Economia Criativa e do Audiovisual: monitoramento dos dados do setor com análise de impactos no município a ser feito em parceria com a UFF. Investimento: R$ 300 mil por ano.
Em 2021, levantamento o Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais (SMIIC) indicou que o setor audiovisual, em Niterói, reunia 560 empresas, sendo 69% delas criadas por microempreendedores individuais (MEIs).

A cerimônia de lançamento começou às 9h30, ao som do Trio Instrumental formado por Clara Valle (cello), Luciano Câmara (violão sete cordas) e Juliana Rodrigues (percussão). Às 10h30, na abertura do evento, subiu ao palco da Sala Nelson Pereira dos Santos a Orquestra Aprendiz Musical com o “Concerto de Trilhas” (foto acima). O Aprendiz Musical, maior programa de musicalização em escolas públicas do país, conta com cerca de 10 mil crianças e jovens de até 24 anos em Niterói, com aulas gratuitas e instrumentos disponibilizados pela Prefeitura.
O evento homenageou os niteroienses Leila Diniz, Nicete Bruno, Fernanda Young e Paulo Gustavo (in memoriam), o cineasta Walter Lima Jr e João Luiz Vieira (professor titular aposentado do Departamento de Cinema e Vídeo da UFF, primeira graduação em cinema do país, criada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos), além do também cineasta Cacá Diegues e Jean Thomas Bernardini, fundador da distribuidora Imovision, e responsável pelo Reserva Cultural.
Ao longo da tarde, a programação do evento previa a realização de duas mesas de debate:
Às 14h, “Cenas que ficam: Memória do Audiovisual Brasileiro” com
Lia Bahia - professora/pesquisadora da UFF,
Rafael de Luna - professor e coordenador do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual - LUPA da UFF,
Ines Aisengart Menezes - diretora-técnica da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA) e Coordenadora do Programa de Arquivo da WITNESS, e
Adélia Sampaio - primeira mulher negra a dirigir um longa no Brasil. A mediação fica por conta de Clayton Nascimento, diretor, ator e dramaturgo.
Às 16h, “Desafios do mercado e a força criativa do audiovisual” com
PH Souza - sócio-diretor da Cafeína Produções e Presidente da ABRACI - Associação Brasileira de Cineastas do Rio de Janeiro,
Carolina Benevides – produtora executiva na Inquietude, co-roteirista e produtora do premiado longa “MANAS” e idealizadora, roteirista e diretora da série documental “Eu que Plantei”,
Jorge Peregrino - produtor e distribuidor, e
Bruno Ribeiro - cineasta, roteirista, sócio-fundador da Reduto Filmes e diretor do curta-metragem “Manhã de Domingo”, premiado em Berlim com o Urso de Prata. A mediação será feita por Leonardo Edde - sócio-fundador da Urca Filmes e Presidente da RioFilme.
Em seguida, será realizado o pocket show do pianista Jonathan Ferr. O encerramento está previsto para às 21h.
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