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  • Sônia Apolinário

Morada Cia Etílica faz a festa com inédita linha de espumantes e uma Bière Brut

Lançar uma cerveja produzida pelo método champenoise, no final do ano, já se tornou uma tradição da Morada Cia Etílica, de Curitiba (PR). Este ano, a cervejaria foi além e colocou no mercado, também, dois espumantes “de verdade”, ou seja, feitos com uva. A linha “Eu Borbulho” chega para as festas de 2019 nas opções Branco e Rosé. Já a Double Vienna Brut 5 anos é o resultado de cinco anos de envelhecimento em cave de uma Bière Brut criada a partir de um rótulo de linha da marca: a Double Vienna (American Amber Lager).

A Double Vienna Brut foi a primeira Bière Brut lançada pela Morada Cia Etílica, em 2014. Uma parte foi comercializada e outra ficou “descansando” e envelhecendo em garrafa sobre a borra da refermentação por cinco anos. Com 11,5% de teor alcoólico e 36 IBU, a nova versão guarda poucas semelhanças com a “original”.

“Na primeira, era possível sentir tanto a presença do malte quanto do lúpulo da cerveja base. Na 5 anos, o malte ganhou caráter amadeirado e o lúpulo não parece lúpulo, mas fruta”, conta Fernanda Lazzari, que comanda a cervejaria ao lado do marido André Junqueira.

De todas as Bière Bruts lançadas pela marca, somente uma teve adição de frutas, até o momento: a Cupuaçu Brut, de 2017. Fernanda conta que esse foi o rótulo que os consumidores mais tiveram dificuldade para “acreditar” que se tratava de cerveja e não espumante “de verdade”.

Ano que vem, a Bièr Brut da marca será algo inédito, uma vez que não há mais lote de Double Vienna para o casal fazer experimentações.

Com uva

Há dois anos, Fernanda e André pesquisam a produção de vinho natural. Criar diferentes tipos de bebidas não é um bicho de sete cabeças para o casal. Além de cervejeiros, ambos eram também destiladores caseiros, antes de criar a cigana Morada Cia Etílica, em 2011.

“O mercado de vinhos naturais está crescendo, no Brasil. Porém, percebemos que tinha muita coisa ruim sendo produzida, com processo de fermentação doente. Cervejeiro é acostumado a fazer receitinhas e testar. As pessoas que fazem vinho são mais puristas. Nós não temos tanto apego ao tradicionalismo. Nós cervejeiros testamos, mesmo. Experimentamos variáveis e sabemos o que nossas ações acarretam para a bebida”, comenta Fernanda.

A produção da linha “Eu Borbulho” começou em janeiro, na vinícola Franco Italiano, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Os mostos escolhidos foram de uva Merlot, de Bento Gonçalves, para o Rosé, e uvas Chardonnay, de Vacaria, para o Branco.

O casal optou pela produção no método ancestral, com a bebida feita com única fermentação. Levedura e nutriente de levedura são adicionados no início do processo e somente isso. Não há adição de sulfito (usado como conservante para vinhos), estabilizantes, clarificantes, aromatizantes, corantes ou açúcares.

Os espumantes da Morada também não são filtrados. Tanto que o Rosé pode apresentar, no fundo da garrafa, cristais de ácido tartárico - encontrado naturalmente nas uvas e um dos responsáveis pela sensação de acidez do vinho.

“Achamos que não havia necessidade de filtrar a bebida por conta disso porque não se trata de um problema de produção, não é um demérito”, explica Fernanda.

O “Eu Borbulho” Rosé ficou com 13% de teor alcoólico, enquanto o Branco chegou a 10,8% . Foram produzidas, respectivamente, mil e 800 garrafas. Fernanda acredita que esses lotes sejam consumidos até a metade de 2020.

No próximo mês de janeiro, no máximo fevereiro, começa uma nova produção, não necessariamente, dos mesmos vinhos naturais deste ano. Como explica Fernanda, tudo vai depender do mosto de uvas com os quais vão se deparar, mas o plano é fazer, mais uma vez, dois rótulos para as festas de 2020.

Ela admite que os responsáveis pela vinícola não estavam “levando fé” na produção dos cervejeiros:

“Eles ficaram espantados com o que estávamos nos propondo a fazer. Nós rebatemos dizendo que, se nada desse certo, venderíamos vinagre (risos). Mas, no final, eles deram a mão à palmatória para a nossa ideia maluca”, conta Fernanda.

Segundo ela, fazer o espumante pelo método ancestral, finalizado com remuáge e degórgement, como “manda o figurino” desse tipo de bebida, é um processo fácil, porém longe de ser simples. É demorado (a bebida é envelhecida em garrafa por, pelo menos, seis meses, sendo que as "Eu Borbulho" ficaram nove meses) e, consequentemente, caro.

Na cave da vinícola Franco Italiano, as garrafas ficaram deitadas de ponta cabeça, em ambiente com temperatura controlada. A cada 15 dias, cada garrafa foi girada, manualmente de uma a duas vezes por dia. Chega o momento de tirar a tampa de cada uma delas para, imediatamente, fechar tudo outra vez.

Todo esse processo, observa Fernanda, exige mão de obra especializada e fôlego financeiro para encarar um investimento antecipado de longa duração.

Este ano, o casal arriscou-se também na produção de vinho de pera. O resultado agradou, porém, não há previsão de lançamento comercial dessa bebida, pelo menos, por enquanto. O motivo? Dificuldade com a obtenção de matéria-prima, ou seja, a fruta.

“Fizemos seis barris e gostamos muito do resultado. Porém, ainda não conseguimos equacionar a produção de forma que chegue para o consumidor com um preço bom. O Brasil tem vocação para bebidas com frutas. Temos muita variedade, ou seja, não precisamos importar insumo. Não desistimos do vinho de pera, mas esse é um produto que vai ficar para 2021”, afirma Fernanda.

Foto: Munir Bucair Filho

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