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  • Sônia Apolinário

Cervejaria sustentável de Niterói será inaugurada no Mondial de la Bière

Niterói ganhará uma nova cervejaria, em breve. A inauguração da Masterpiece será em menos de dois meses. Preceitos de sustentabilidade dão o norte do projeto da fábrica – obra dos engenheiros e amigos de infância André Valle (E) e Mauro Brugger (D).

No terreno de 400 metros quadrados, no bairro do Cafubá, vai funcionar a fábrica, uma cozinha experimental e o bar da cervejaria. A Masterpiece terá capacidade para produzir 120 mil litros por mês, mas a produção inicial será de 20 mil litros por mês. Sua brassagem será em panela elétrica. A energia virá de 80 placas solares, instaladas no teto da fábrica, que fornecerão 5 mil kWh/mês para a empresa.

Um reservatório com capacidade para 5 mil litros vai armazenar água de chuva que será usada para limpeza. O descarte de malte será transformado em barras de cereal, cookies e brownies que serão servidos no bar. O resíduo da produção passará por uma câmara de equalização para neutralizar seu ph, antes de seguir para a rede de esgoto. Para as futuras entregas, um carro elétrico que será “abastecido” na própria fábrica. Na cervejaria, garrafa não entra: toda a bebida será enlatada.

“Queremos ser a cervejaria mais sustentável do Brasil. E com as melhores cervejas também, é claro”, afirma André, o idealizador do projeto.

Engenheiro civil e professor da Fundação Getúlio Vargas, ele conta que monitora o mercado da cerveja artesanal, profissionalmente, há pelo menos 20 anos. Quase o mesmo tempo ele tem como admirador e consumidor da bebida. Já visitou pelo menos cem cervejarias, em vários países.

Há cerca de dois anos, começou a acalentar o sonho de ter a própria fábrica. Paneleiro, partiu para fazer cursos técnicos e de produção até convencer o amigo (que já tinha "cooptado" para o mundo das artesanais) a se tornar seu sócio. Mauro é o dono do terreno onde a fábrica está sendo construída. A Masterpiece representa um investimento de R$ 2 milhões.

Não teme a crise econômica pela qual passa o país?

AV: “Tudo o que acontece no Brasil, em termos de craft beer, repete com atraso o que aconteceu nos Estados Unidos. Lá, as artesanais representam 15% do mercado. Aqui, apenas 1%. Há muito o que crescer. Atualmente, só cigano está fechando porque é um modelo de negócio inviável. A conta do cigano não fecha”.

No bar da fábrica, oito torneiras ficarão reservadas para as “cervejas de linha”. Outras seis serão experimentais ou colaborativas. André quer ter, toda semana, novidade para oferecer para o público. Para isso, a fábrica terá uma segunda cozinha, com uma panela (elétrica) de cem litros. Fará parte do “cardápio” cervejas de guarda - barris estão sendo importados de vinícolas argentinas. O diretor-cervejeiro, Wagner Von Paul, mais conhecido como Dr. Carbono, terá carta branca para inventar o que quiser. Na verdade, ele já está inventando.

Em paralelo à obra, cervejas estão sendo produzidas e armazenadas em câmara fria. Elas serão o cartão de visita da cervejaria que vai se apresentar para o público no Mondial de la Bière Rio. Para os sócios, a inauguração da Masterpiece será dia 4 de setembro, quando os portões do Pier Mauá se abrirem para o público.

No festival cervejeiro, eles terão um stand de 18 metros quadrados que reproduzirá a fachada da fábrica, que por sua vez, é inspirada na cervejaria norte-americana Samuel Adams (Boston), uma das preferidas de André.

No momento, as cervejas estão sendo produzidas na Inesperada, cuja sede fica no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A Masterpiece tem guardados barris de Pilsen, IPA, Pale Ale, Berliner Weisse com acerola, Blond Ale, Brut IPA, Stout, Belgian Tripel e Double Brown Ale.

A pouco mais de quatro quilômetros da fábrica ficam outras duas cervejarias niteroienses com seus respectivos bares e restaurantes: Noi e Máfia. Na opinião de André, as três cervejarias não são concorrentes entre si:

“Nosso concorrente é a Ambev. O que nós temos que fazer é um polo cervejeiro e estimular que o público circule por todas as cervejarias. Temos que oferecer cerveja artesanal de qualidade e conquistar as pessoas. Quem se torna cliente de uma cervejaria, se torna de todas. Somos colaboradores de um mesmo setor”, diz ele.

Sobre o bar da Masterpiece, aliás, será completamente diferente dos “concorrentes”, ou melhor, “colaboradores”. Lá não terá cozinha. Está sendo criado um espaço na lateral do bar com capacidade para receber dois food trucks, que serão os responsáveis por matar a fome do público. Por lá, todos vão se servir sozinhos. Haverá espaço para shows. Jazz, Blues e Rock serão os ritmos “permitidos”.

Quanto ao nome da cervejaria (“obra de arte”, em português), André explica que é assim que entende ser uma cerveja artesanal. Mas, por “coincidência”, seu sócio tem uma empresa de material para produção artística.

“Eu adoro cerveja, então, não vou permitir que saia cerveja ruim da Masterpiece”, afirma André.

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