'Guia Mapa da Cachaça' detalha produtores e processo de produção da bebida brasileira
- Sônia Apolinário
- 7 de ago.
- 3 min de leitura

São cerca de 600 páginas que apresentam, não apenas as principais marcas de cachaças do país, mas detalham seus processos de produção, a trajetória dos produtores e compilam várias informações técnicas, inclusive, receitas. Assim é o recém-lançado “Guia Mapa da Cachaça”, de Felipe Jannuzzi.
O livro materializa 15 anos de trabalho, entre pesquisas e viagens, feitas pelo autor. Seu objetivo: mostrar a diversidade desse produto brasileiro por excelência.
- O que me motivou a realizar esse projeto foi a minha própria ignorância em relação à cachaça. Tudo o que eu sabia é o que a maioria das pessoas sabe, que se trata de um produto brasileiro. Eu queria saber sobre a relação cultural e histórica da cachaça com a região em que é produzida. Afinal, todo país tem a sua bebida e ela é respeitada. E eu não enxergava essa mesma valorização com a nossa bebida, que é a cachaça – afirmou Jannuzzi, que é empreendedor no setor de alimentos e bebidas.
Não bastou para ele levantar informações sobre 180 rótulos da bebida. Ele também montou um time de degustadores para avalia-la. Resultado: 10 não entraram no guia por não passarem pelos critérios estabelecidos: pontuação a partir de 83 e análise físico-química.
A avaliação sensorial das bebidas foi feita às cegas. Um trabalho realizado ao longo de três dias, após três meses de treinamento do grupo. Terminada essa etapa, Jannuzzi pode comprovar sua tese: cachaça tem, sim, terroir.
É bom lembrar que uma cachaça tem entre 38% e 48% de teor alcoólico, sendo que, pela legislação brasileira, a bebida poderia chegar até os 54%.
Na sua opinião, houve uma evolução técnica por parte dos produtores brasileiros, nos últimos tempos. Especificamente, nos últimos 10 anos, cachaças foram produzidas com envelhecimento em barris novos de carvalho, o que, segundo ele, tende a render produtos diferenciados.
- O mercado consumidor se sofisticou, nos últimos anos e o produtor de cachaça teve que aprender a justificar seu produto. Já houve um tempo em que o produtor não era o porta-voz da sua própria história. Hoje, a cachaça deixou de ser apenas o ingrediente da caipirinha. A bebida já é degustada por si só. A cachaça mais nobre vem sendo mais entendida e apreciada, o que tem ajudado a quebrar preconceitos em relação à bebida – observou Jannuzzi.
No livro, o autor também dá dicas de harmonização de cachaça com comidas. Por exemplo, uma bebida envelhecida em madeira brasileira tende a ter notas apimentadas ou de especiarias como cravo. Nesse caso, a cachacinha vai cair bem com uma carne de porco.
Já bebida envelhecida em amburana tende a ser mais adocicada, próximo à canela, o que vai conferir uma bela parceria com uma sobremesa.
Rio de Janeiro

Dentre os vários estados produtores de cachaça, no país, o Rio de Janeiro está muito bem na fita. Para começar, é o único que tem uma cidade que ostenta selo de Denominação de Origem: Paraty.
É de lá um rótulo que se destacou dentre as cachaças brancas com madeira: a Coqueiro.
Dentre as brancas sem madeira, a Da Quinta, do município de Carmo, ficou em destaque, sendo que a Da Quinta Amburana, foi apontada como a melhor dentre as envelhecidas com madeira brasileira.
Já a Reserva do Nosco, de Engenheiro Passos, foi a melhor dentre as envelhecidas em carvalho.”, de Felipe Jannuzzi.
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