Ailton Krenak lidera 'expedição' de resgate da mitologia da Baía de Guanabara
- Sônia Apolinário
- há 5 minutos
- 2 min de leitura

Tendo como anfitrião o líder indígena, ambientalista e membro da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak, 200 pessoas subirão a bordo de uma barca que faz a travessia da Baía de Guanabara, no próximo sábado (25). Ao longo de cinco horas e meia, o grupo vai percorrer um trajeto especial.
Entre Rio, Niterói e Paquetá, a barca, devidamente decorada para a ocasião, vai navegar pelas histórias da própria Baía de Guanabara.
Além de Krenak, participam do evento ativistas e artistas ligados à cultura indígena como Renata Tupinambá, João Paulo Lima Barreto, Carlos Papá, Mateus Aleluia, Nastassja Martin.
Batizado Encontro ÁGUAMÃE, o passeio será gravado e dará origem a um filme. O objetivo principal é lembrar que a Baía de Guanabara é cenário de mitologia de povos amazônicos e já foi circundada por aproximadamente 80 aldeias Tupinambá habitadas por milhares de pessoas, antes que portugueses, franceses, holandeses e espanhóis invadissem a região.
Traduzida em números, atualmente, a Baía de Guanabara, é um acidente geográfico com 337km2 de espelho d’água, formada por 143 rios e córregos que ali desaguam; além de 40 ilhas. Na sua bacia residem 8,4 milhões de pessoas.
O mítico “Lago do Leite” dos povos do Rio Negro, por onde já circularam canoas, habitado por cavalos-marinhos, botos-cinzas e jacarés-do-papo-amarelo, hoje, é uma via frenética de embarcações dos mais variados portes – de barcos a vela a transatlânticos – e convive com despejo de esgoto doméstico, vazamento de óleo e resíduos industriais.
Trajeto

A jornada começa às 13h30, na Praça XV, no Rio; segue para a Estação Arariboia, em Niterói e, de lá, ruma para Paquetá, se aproximando da Reserva Ecológica da Guanabara. A barca vai contornar a ilha, que é um bairro carioca, e voltará ao seu ponto de partida. A reserva possui cerca de 2 mil hectares e é área mais conservada da Baía de Guanabara, com características ecológicas e biológicas compatíveis com os manguezais isentos de intervenção humana agressiva.
O Encontro ÁGUAMÃE é uma iniciativa da ONG Selvagem, que tem Ailton Krenak como co-fundador, ao lado da editora Anna Dantes e da historiadora da arte, a francesa Madeleine Deschamps. Os participantes do evento são integrantes do projeto e convidados.