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  • Sônia Apolinário

Festival Tereza de Benguela Cervejeiras celebra as mulheres negras no meio cervejeiro

Um evento que tem como objetivo contar a história de mulheres pretas do mercado cervejeiro e mostrar “as múltiplas vozes que compõem a narrativa dentro de um ecossistema especialmente branco e heteronormativo como o da cerveja”. Assim é o 1º Festival Tereza de Benguela Cervejeiras, que será realizado no sábado (23), no Torneira Bar, na Vila Madalena (SP).


O projeto foi desenvolvido por Danielle Lira, sommelière e sócia e fundadora do Torneira Bar, Daniele Souza, da Omi Odara, as cervejeiras Adriana Santos e Cinara Gomes e Sara Araújo, sommelière de cerveja.


“O Festival Tereza de Benguela Cervejeiras chega para conectar experiências, contar histórias de mulheres incríveis e suas contribuições no mercado cervejeiro e carregar, na ponta da lança, nossa ancestralidade, nosso trabalho de fomento e acessibilidade a cultura cervejeira com propósito, profundidade e multipontencialidades”, explica Cinara Gomes, Tecnóloga Cervejeira.


“Queremos celebrar a vida ao mesmo tempo em que contamos histórias com nomes importantes da atualidade e mostrar que podemos fazer muito mais do que esperam de nós”, explica Daniele Lira.


Aqui, um parênteses para explicar a origem do Dia de Tereza de Benguela. Com o intuito de debater o protagonismo e a posição da mulher negra em uma sociedade patriarcal e majoritariamente branca, ocorreu, em 25 de julho de 1992 o primeiro encontro de mulheres negras, latinas e caribenhas em Santo Domingos, na República Dominicana. Reconhecido pela ONU ainda neste mesmo ano, o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha foi inspiração para o Dia de Tereza de Benguela, no Brasil, em 2014.


Faz parte da programação do festival, além do resgate histórico da data, palestras sobre harmonização, história e processo de fabricação da cerveja além de roda de conversa com mulheres negras do mercado cervejeiro.


Não é por acaso que o evento acontece no Torneira. O bar, que completa seu primeiro ano em outubro, foi criado com a proposta de ser um local inclusivo e diverso cujas vagas são ocupadas, prioritariamente, por pessoas trans. Seu lema é: "Um bar de todes que respeitam todes".


Por trás desse projeto estão a ex-bancária Dani e o advogado Christian Montezuma. Lupulinário conversou rapidamente com ela para conhecer um pouco mais a proposta do Torneiras Bar:




Lupulinário: Como se deu a construção do conceito do bar?

Danielle Lira: A proposta do bar começa no final de 2018. O conceito do bar foi construído a partir de uma análise dos ambientes que frequentávamos relacionado com cerveja artesanal. Sempre me incomodava muito observar um perfil de público padronizado. Eu, como mulher preta, não me sentia representada nesse meio. Quando começamos a desenhar o bar, pensei em trazer um ambiente que fosse diferente dos demais: colorido, inclusivo, seguro e confortável para que todas as pessoas, gêneros, mulheres pudessem ir sozinhas ou com suas amigas, filhos, família e que a comunidade LGBTQIA+ pudesse frequentar sem julgamentos. Um lugar que todes respeitassem todes.


Lupulinário: O projeto foi maturado um pouco antes da pandemia explodir e foi lançado em um período ainda muito crítico da doença. Como isso impactou o vocês?

DL: O projeto foi muito impactado pela pandemia, mas esse período foi de muita importância para a gente poder fazer uma reflexão sobre o plano de negócios. Nosso projeto pautava muito sobre diversidade e inclusão, mas quem era essa diversidade? Como falar de diversidade sem representatividade? Busquei conhecer mais a comunidade LGBTQIA+ e pude constatar que, dentro dessa comunidade, as pessoas trans, travestis e não binares eram as que mais encontravam dificuldades para se colocar no mercado de trabalho. Então, como empreendedora, nasceu a responsabilidade de direcionar as vagas para a comunidade trans.


Foto: No centro, Dani rodeada por alguns dos funcionários do Torneiras Bar


Lupulinário: Ao criar um bar voltado para um público que vocês mesmos identificaram que não eram consumidores de cerveja artesanal, não temeram pelo sucesso do negócio?

DL: Nunca tivemos o receito que essa proposta viesse a nos prejudicar comercialmente porque sempre trouxemos o conceito de inclusão e diversidade. A proposta é trazer públicos que gostem de cerveja artesanal e, por algum motivo, não frequentam o espaço destinado à bebida, principalmente, por desconforto.


Lupulinário: Quase um ano depois, como avalia o movimento?

DL: Majoritariamente, nosso público é formado por mulheres que se sentem mais seguras em um ambiente LGBTQIA+ . Temos estrutura para 20 torneiras e trabalhamos com 15. Todos os parceiros vem ao encontro da nossa proposta, ou seja, dialogam com a diversidade e inclusão de alguma forma. O Torneira está na vila Madalena, região boêmia de São Paulo, a gente não traz para o bar o beer geek, que está em busca de novidades. A gente acaba abraçando os consumidores novos, muitos que chegam nem conheciam cerveja artesanal, que chegam justamente pela proposta do bar. Então, as pessoas também se sentem à vontade em relação ao consumo da cerveja artesanal. Essa é a mágica do negócio: podemos mostrar e educar esse público a tomar uma cerveja de qualidade dentro de um ambiente diverso. E assim, a gente cria novos consumidores.


Serviço:

1º Festival Tereza de Benguela Cervejeiras

Torneira Bar: R. Inácio Pereira da Rocha, 121 – Vila Madalena, SP

Data e Horário: 23 de julho de 2022, a partir das 14h

Cardápio: Cervejas premium, drinks autorais (com e sem álcool) e alimentação com e sem carne (incluindo opções veganas)


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