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  • Sônia Apolinário

Dez monólogos formam uma peça online que poderá ser vista, em episódios, gratuitamente

Um novo formato de teatro filmado estreia quinta-feira, dia 20 de maio, às 21h, no site do Teatro Unimed. “Dez por Dez” reúne dez atores que darão vida a dez personagens. A cada semana, dois deles poderão ser vistos gratuitamente, em um episódio de dez minutos. Abrem a temporada Angela Vieira e Johnny Massaro.



No elenco também estão Denise Fraga, Bruno Mazzeo, Leopoldo Pacheco, Eucir de Souza, Pathy Dejesus, Ícaro Silva, Luisa Arraes e Chandelly Braz. A direção é dos irmãos Guilherme e Gustavo Leme.


A peça reúne monólogos originais escritos para um canal de TV pago pelo roteirista, cineasta e dramaturgo Neil LaBute (de filmes como “Na Companhia de Homens”, “Enfermeira Betty” e “Morte no Funeral”). O texto foi adaptado para a realidade brasileira.


Ano passado, um monólogo protagonizado por Luis Miranda com direção de Monique Gardenberg teve o palco do Teatro Unimed, em São Paulo, como cenário. “Madame Sheila” foi gravada e exibida, também uma vez por semana, durante oito semanas, tendo cada episódio oito minutos de duração. De acordo com a assessoria de imprensa da produção, foi vista por 80 mil pessoas, em 40 países, que acessaram o site do Teatro Unimed. Ao lado de Carlos Martins e Jeffrey Neale, Monique Gardenberg atua como curadora de programação do local.


Agora, na peça que abre a programação 2021 do projeto Teatro Unimed Em Casa, o cenário se transfere para o Edifício Santos-Augusta, onde funcionam, além do próprio Teatro Unimed, o Perseu Coffee House, o restaurante Casimiro e a sede de empresas, como a Way Model (todos estes espaços também serviram como locação).


Para fazer “Madame Sheila”, a diretora usou quatro câmeras, que mudaram de posicionamento para a segunda tomada. Na época, ela disse que a duração do episódio seria de oito minutos porque esse era o tempo que prendia a atenção das pessoas no ambiente digital. Agora, os diretores de “Dez por Dez” fizeram planos sequência com câmera parada, em fotografia minimalista em preto e branco, onde o contraste, o foco, a diversidade de tons e a luz compõem todos os desenhos de imagem.


Em uma entrevista coletiva com a participação de elenco e diretores, via plataforma Zoom, os envolvidos no projeto não souberam definir se fizeram teatro, TV ou cinema.


“O nome não interessa, é arte”, resumiu Pathy Dejesus, que poderá ser vista no terceiro episódio.


“Estamos criando uma nova linguagem”, comentou a diretora de produção Clarice Philigret.


Nesse novo formato, cada episódio levou cerca de um mês e meio para ser realizado. E o ator teve que dar conta do seu personagem em um dia de gravação. Cada um gravou sua parte separadamente. Todos interpretam diretamente para a câmera, em tempo real, sem cortes ou edições. Nesta foto, Eucir de Souza.



Johnny Massaro contou que “passou o texto” várias vezes, na frente do espelho. Chegou a se angustiar diante de todas as possibilidades que teria para fazer seu personagem, mas entendeu que o caminho a seguir “tinha que ser feito na hora”.


Para Luisa Arraes, o estranhamento inicial foi o fato de que falaria seu texto teatral uma única vez:


“É um monólogo e, ao mesmo tempo, é algo cinematográfico. Faz bem para o cinema ter mais teatro dentro dele. Fazer qualquer tipo de teatro é bom”.


O diretor Guilherme Leme observou que esse formato híbrido “não é tão caro quanto fazer cinema ou manter uma peça em cartaz”. Isso, segundo ele, se adequa a esse momento de “novo normal” provocado pela pandemia e pode facilitar a realização de outras “peças-filmes”.


“Nesse período, surgiram vários projetos de teatro interessantes, no Brasil. Não vi nada acontecendo do tipo, nos Estados Unidos, por exemplo. Nós temos um potencial fértil de produção”, afirmou o diretor.


Nas histórias, os atores dão vida a personagens nas faixas dos 20, 30, 40, 50 e 60 anos de idade. No episódio de estreia, Angela Vieira é a Mulher de 60 anos. Ela conta sobre um momento do seu passado, em que viveu uma relação que se resumiu a único beijo e a marcou para o resto da sua vida.



“Contracena” com ela no primeiro episódio o Homem de 20 anos (Johnny Massaro). Ele é um garoto profundamente incomodado com a iminência da calvície e vai revelando, aos poucos, um profundo amor por sua mãe, acreditando ser ela a única mulher que o aceitará careca.


O ator confessou que passa pelo mesmo problema relacionado com calvície, na vida real. Inclusive, usa o mesmo produto que o seu personagem, na tentativa de resolver a perda de cabelo.


Angela Vieira contou que “Dez por Dez” foi seu primeiro trabalho, desde que “estourou” a pandemia, ano passado, quando estava para estrear uma peça e tudo teve que parar:


“Nesse período, nós, artistas, fomos muito atacados. Porém, nós temos tanto respeito pelo que fazemos que nada e nem ninguém conseguiu nos paralisar. Eu quero agradecer por ter sido chamada para fazer esse trabalho. Nesse período, vi muitos colegas, em diversas situações e percebi que o que existe em comum entre nós é o amor e o afeto. Agora, vejo o mesmo brilho nos olhos, garra, prazer e amor em fazer um trabalho. A gente sempre vai arrumar uma forma de chegar ao público”, declarou a atriz que, nessa foto, a está sendo orientada pelo diretor Guilherme Leme.



Os outros episódios


Quinta-feira, 27 de maio

Mulher de 50 anos: Denise Fraga - mulher relata uma sequência de eventos trágicos em sua vida e revela, explicitamente, o desejo pelo suicídio. No final, ela provoca o espectador, pedindo sua ajuda para fazê-la desistir desse desejo.

Homem de 30 anos: Ícaro Silva - homem conta sobre uma viagem de avião, em que fica incomodado com sua vizinha de poltrona. Quando dorme durante o voo, sonha que eles vivem uma relação amorosa conflituosa e bizarra.

Quinta-feira, 3 de junho

Mulher de 40 anos: Pathy Dejesus (foto) - mulher conta sobre seu casamento, em que era frequentemente espancada e abusada emocionalmente por seu marido. Ela foge de casa e acaba se relacionando com outra mulher, encontrando, assim, um novo casamento e, ao mesmo tempo, um esconderijo.


Homem de 40 anos: Bruno Mazzeo - homem conta como o futebol faz parte fundamental de sua vida. Ele tem um filho que joga no time da escola e, acompanhando um de seus jogos, ele se envolve em uma séria briga com outro pai. Aos poucos, entendemos que ele já está morto enquanto relata a história. Bela reflexão sobre a violência nos esportes.

Quinta-feira, 10 de junho

Mulher de 30 anos: Chandelly Braz - jovem fala sobre um acidente de trânsito em que uma amiga morreu enviando uma mensagem para o namorado. Eles viviam um triângulo amoroso na época do acidente.

Homem de 50 anos: Eucir de Souza - homem discorre sobre o orgulho de estar casado há 30 anos. Ele não se conforma com casais que se separam e famílias não-tradicionais. Mostra ser um homofóbico radical.

Quinta-feira, 17 de junho

Mulher de 20 anos: Luisa Arraes - menina traída pelo namorado passa a ter várias relações afetivas sem sentido, como forma de vingança.

Homem de 60 anos: Leopoldo Pacheco - homem expõe seu incômodo e resistência a mudanças de hábitos e costumes na sociedade. Se revela um racista conservador e intolerante com imigrantes.

Neil LaBute


O dramaturgo norte-americano escreveu “Dez por Dez” (“Ten by Tem”) como conteúdo exclusivo para o Audience Channel (DirecTV). A obra chamou a atenção de críticos, artistas e público por suas originalidade e força.


Em março de 2020, o texto voltou a ser encenado no Actor’s Studio que, desde 2013, em sua unidade de St. Louis (EUA), homenageia o também roteirista, produtor e diretor com um festival anual de novos talentos do teatro. Por conta daquela apresentação, LaBute declarou:


“Enquanto todos nós esperamos em casa pelo vírus acalmar, eu decidi liberar essas histórias íntimas para a comunidade artística nacional como conteúdo para desfrutar e inspirar, enquanto coletivamente descobrimos como navegar nas águas em constante mudança de hoje e voltar a criar novos materiais juntos e individualmente”.

Em 2010, o diretor Guilherme Leme montou, no Brasil, um dos sucessos de Neil LaBute, “A Forma das Coisas”.


A peça é gratuita, mas o público é convidado a colaborar, através de doações, ao Fundo Marlene Colé, em prol dos trabalhadores do segmento de artes cênicas em situação de insegurança alimentar devido aos efeitos da pandemia.


Ficha técnica

Autor: Neil Labute

Direção: Irmãos Leme

Elenco: Angela Vieira, Bruno Mazzeo, Chandelly Braz, Denise Fraga, Eucir de Souza, Ícaro Silva, Johnny Massaro, Leopoldo Pacheco, Luisa Arraes e Pathy Dejesus

Adaptação: Guilherme Leme Garcia, Gustavo Leme e elenco

Tradução: Tonia Schubert

Fotografia: Felipe Hermini

Direção de Arte: Thais Junqueira

Assistente de Câmera: Rafael Farinas

Som Direto: Pablo Aranda

Logger: Rodrigo Belati

Gaffers: Sérgio Bronzo e Bronzinho

Visagismo: Cris Malta

Identidade Visual: Tommy Kenny

Masterização & Sound Design: Zema

Finalizador: Diego Nascimento

Pós-Produção: Quanta Post

Assistente de Direção e Produção : Giovanna Parra

Direção de Produção: Clarice Philigret

Idealização: Gustavo Leme

Realização: Dueto Produções

Fotos: Pedro Pupo/Divulgação


Serviço

"Dez por Dez"

Local: site do Teatro Unimed - para acessar, aqui

Estreia: quinta-feira, 20 de maio de 2021, às 21h

Horário: toda quinta-feira, às 21h.

Ingressos: gratuito

Duração: 10 minutos


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