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  • Sônia Apolinário

Os planos da Doktor Bräu para operar no varejo após vitória em festival de microcervejarias

A cervejaria mineira Doktor Bräu foi uma das duas marcas mais vendidas na 4ª edição do Festival de Microcervejarias do Pão de Açúcar. Isso significa que poderá ser encontrada nas prateleiras das unidades da rede nacional de supermercados, ao longo do próximo ano. O que essa vitória impacta na rotina de uma microcervejaria?

De cara, aumento da produção. E quem acha que é só mandar os produtos para o supermercado que a tarefa está resolvida, está completamente enganado. Cabe à cervejaria continuar promovendo seus rótulos, nas diferentes praças, para que tenham boa aceitação pelo público, em todo o país.

“Quando você é convidado para participar de um festival como o do Pão de Açúcar, a marca tem que saber o que quer: ser uma microcervejaria com abrangência nacional ou se manter regional? Nós estávamos caminhando para ser uma micro nacional e já tínhamos um planejamento de expandir para o varejo”, explica Nuberto Hopfgartner, um dos sócios da marca.

É por causa dele que a cervejaria tem o nome que tem. Nuberto (esquerda, na foto) é “doktor” de verdade, mais precisamente, cirurgião plástico. Seu sócio, Fernando Evans, é farmacêutico. É por essas e por outras que os rótulos da marca têm nomes como Hemorrag’IPA (Red IPA com hibisco), Nocturia (Brazilian Imperial Stout com quiabo), Serothonina (New England APA), Soro N’Aveia (Summer Ale) ou Witamina (Witbier com casca de laranja). Bräu significa cervejaria, em tradução livre para o alemão.

A Doktor começou a ser planejada em 2013. Dois anos depois, lançou os primeiros dois rótulos (Psicót'IPA e Anesthes'IPA, respectivamente, IPA e Doube IPA). Mais dois anos, e a fábrica foi inaugurada, em 2017, em Congonhal, distante cerca de duas horas de São Paulo, onde o doktor opera.

Atualmente, a produção é de 30 mil litros por mês. Nuberto estima que deverá subir para 40 mil litros por mês, sendo a capacidade da cervejaria de 50 mil litros por mês. Para o festival, o Pão de Açúcar comprou 12 mil litros.

Já de olho em chegar no varejo, 2019 foi um ano de investimentos. Foram comprados novos fermentadores e um sistema para envase em lata. Das cinco cervejas que participaram do concurso, três foram em garrafas e duas em lata.

Segundo Nuberto, o varejo, quando o assunto é cerveja artesanal, ainda prefere garrafa e será nesse recipiente que as Doktor Bräu serão encontradas nas unidades da rede de supermercado.

Também por ter esse objetivo de conquistar o varejo, a marca desenvolveu três linhas: Base com três rótulos, Craft e Especial, ambas com cinco rótulos. A Craft é formada por cervejas com menos álcool e lúpulo; a Especial é destinada exclusivamente a empórios, bares e lojas especializadas.

Os cinco rótulos com os quais a Doktor Bräu participou do festival são os que serão vendidos pela rede, ano que vem, acrescido de uma novidade. A pedido do supermercado, será produzida uma cerveja com receita exclusiva - Nuberto ainda não definiu que estilo fará.

Na rotina da marca, ele cria as receitas que são ajustadas e executadas pelos dois cervejeiros da fábrica. Cabe a Fernando cuidar da parte administrativa. Aos 39 anos, Nuberto passa a maior parte do tempo dentro de centros cirúrgicos, a 200 km de distância das “panelas”.

Ter uma cervejaria foi, para ele, atender a uma tradição de família. Seu sobrenome, Hopfgartner, significa “jardineiro de lúpulo”, atividade exercida pelos antepassados austríacos.

Nuberto conta que, quando, já como médico, começou a tirar do papel o projeto da cervejaria, o avô (que chegou ao Brasil com dois anos de idade) e o pai ainda estavam vivos e ajudaram a desenvolver o negócio.

Agora, na fábrica, uma plantação de lúpulo Cascade (muda de origem alemã) e Citra (muda de origem norte-americana) mantém a tradição da família. Já rolaram duas safras com parte utilizada na Toc, uma German Pils Puro Malte. Lá também funciona o Hospício Pub.

Durante o festival, a Doktor Bräu se empenhou tanto em pedir votos quanto em promover degustações das suas cervejas, nas unidades da rede, para estimular vendas. Só de flyers para pedir votos produziu 10 mil para “panfletar” pelo público, no mundo real. Promoveu também campanhas nas redes sociais da marca.

Quando as regras do festival mudaram e só passou a valer como critério de vitória o desempenho de vendas, ele manteve as campanhas firmes e fortes:

“Fiz bastante investimento tanto para pedir voto quanto para buscar venda. Fizemos todo esforço possível para divulgar e vender. Não me senti prejudicado com a mudança das

regras. Só de fazer propaganda no Pão de Açúcar, do público saber que estávamos lá, já foi excelente. Quando esconderam os resultados da votação, estávamos entre as primeiras colocações. Nos relatórios de vendas, estávamos sempre entre os quatro primeiros. No último final de semana, nos destacamos. Nossa melhor atuação foi em São Paulo, onde sempre participamos de festivais. Mas precisamos melhorar em outras praças, como no Rio de Janeiro, por exemplo, onde não somos tão conhecidos”, afirma Nuberto.

Na sua opinião, a última edição do festival mostrou a “potência das marcas” nacionais, com uma seleção que “abriu o leque” dos estilos para o público. Agora, é continuar “em campanha” porque, como fim do evento, o trabalho está apenas começando.

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