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Na temporada que celebra seus 40 anos, Quarteto de Cordas da UFF faz espetáculo modernista

  • Foto do escritor: Sônia Apolinário
    Sônia Apolinário
  • 16 de ago.
  • 4 min de leitura

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Dentre os servidores públicos que trabalham na Universidade Federal Fluminense, quatro técnicos desempenham atividades peculiares. A eles cabe a tarefa de tocar violino, viola e violoncelo. E manter uma tradição que, em 2025, completou 40 anos.

 

Esses servidores são Tomaz Soares (1º violino), Ubiratã Rodrigues (2º violino), Clara Santos (viola) e Glenda Carvalho (violoncelo), músicos da atual formação do Quarteto de Cordas da UFF. Na próxima terça-feira (19), o grupo apresenta na sua casa, o Teatro da UFF,  o espetáculo “Modernistas em Diálogo”.

 

- Como funcionários públicos que somos, temos estabilidade. Isso nos permite planejar, fazer projetos e planos de longo prazo – afirmou Clara que se juntou ao grupo em 2019, data do último concurso aberto para preencher uma vaga do Quarteto.

 

Foi graças a um reitor da universidade que a UFF abriga um Quarteto de Cordas nos seus quadros. A iniciativa foi de Raymundo Martins Romêo, que foi reitor por duas vezes. Ele faleceu em dezembro de 2022, aos 82 anos.

 

- O reitor assistiu uma apresentação do Quarteto Bosísio, ficou encantado e teve a ideia de leva-los para a UFF, torna-lo um quarteto estatal, que daria toda a segurança ao grupo para desenvolver seu propósito artístico. Uma coisa importante foi que os músicos foram convidados como grupo para permanecerem como grupo  – contou Ubiratã.

 

O Quarteto Bosísio era formado por Paulo Bosisio (1º violino), Paulo Keuffer (2º violino/já falecido), Nayran Pessanha (viola) e David Chew (violoncelo). Na época, era comum batizar um quarteto com o nome do primeiro violino. Os músicos eram amigos, se juntaram e passaram a se apresentar em Niterói.

 

O grupo passou a fazer parte dos quadros da universidade em 1985, vinculado ao Departamento de Difusão Cultural (DDC-UFF), nome do atual Centro de Artes da UFF. Três anos depois, esse tipo de iniciativa não seria mais possível, como observou Ubiratã. Isso porque, a partir da Constituição de 1988, o ingresso para os quadros de uma instituição pública passou a ser feito somente por concurso. No caso do Quarteto, uma vaga é aberta em caso de morte ou aposentadoria do músico.

 

Rotina

 

O Quarteto tem ensaios semanais à noite, no Teatro da UFF, onde se apresenta em temporada fixa. O fato de serem servidores públicos não impedem os músicos de atuarem em outros grupos. Ubiratã, por exemplo, também integra a Orquestra Sinfônica Brasileira e Tomaz a Petrobras Sinfônica.

 

Já Clara faz parte do Quarteto de Cordas que integra a atual banda do cantor Gilberto Gil, com quem tem viajado o país. Em dezembro, estarão firmes e fortes no Cruzeiro Santos (SP) – Rio com programação de apresentações do cantor.

 

- Gil tem toda a agenda da turnê organizada desde o ano passado. Dessa forma, dá para eu me planejar e organizar com os ensaios e apresentações do Quarteto da UFF – explicou Clara, que mora no Rio de Janeiro.

 

Nascida em Rio Claro, ela se interessou por música ainda criança, quando teve a oportunidade de participar de um projeto social da prefeitura da sua cidade natal. Clara tinha 9 anos quando aprendeu a tocar violino. Ela se formou em violino pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

Foi por recomendação de um professor que ela trocou o violino pela viola:

 

- A viola é maior do que o violino. Foi por conta da anatomia da minha mão que me foi sugerido mudar de instrumento. Quando eu era criança, me apeguei ao violino. Isso acendeu uma fagulha em mim e quando pega essa fagulha, a gente vai embora – contou ela que já deu aulas no Projeto Aprendiz, da prefeitura de Niterói, que possibilita o contato de alunos da rede municipal de ensino o aprendizado de vários instrumentos musicais. O projeto, inclusive, possui uma orquestra.

 

Na opinião da música, o maior desafio que o Quarteto de Cordas da UFF enfrenta é o de formação de plateia, “que é um trabalho de longo prazo”.

 

Ela gostaria, inclusive, de ter mais oportunidade de tocar para os próprios alunos da UFF.

 

- Muitos universitários não sabem que o Quarteto de Cordas é da UFF. Fazer essa integração dentro da universidade é um desafio para que os alunos sejam nosso público também – comentou.

 

Fazer apresentações dando uma popularizada no repertório também é um caminho. Clara contou que, ano passado, o sanfoneiro Marcelo Caldi fez uma série de apresentações junto com o grupo e músicas de Pixinguinha foram incorporadas ao repertório.

 

A iniciativa, segundo ela, deu certo – o repertório aproximou mais o grupo do público, sem desvirtuar o perfil do Quarteto.

 

Modernistas em diálogo

 

Próximo espetáculo do Quarteto de Cordas da UFF vai focar no período da década de 1890 até meados do século XX.

 

Nessa época, a música ocidental experimentava o “tonalismo expandido” de Richard Wagner em suas óperas e nas sinfonias de Gustav Mahler.  Também houve ampliações dessa estética musical na obra do austríaco Arnold Schoenberg (precursor do atonalismo e o dodecafonismo) e dos franceses Claude Debussy e Maurice Ravel “que buscaram uma música mais voltada para a transmissão de sensações e memórias”, como explica o programa da apresentação.

 

Nesse período, o Brasil vivenciava uma busca por uma arte “eminentemente nacional” que fugisse das matrizes europeias. Isso significou a inserção de aspectos culturais dos povos originários e dos africanos escravizados nas criações artísticas deste período, tendo sido Heitor Villa Lobos “figura emblemática neste sentido”.

 

Programa


Stephan KONCZ (n. 1984)A New Satiesfaction para Quarteto de CordasInspirada na Gymnopedie nº. 1 de Erik Satie.

 

Heitor VILLA-LOBOS (1887-1959)Quarteto de cordas n° 1I. Cantilena (Andante)II. Brincadeira (Allegretto scherzando)III. Canto lírico (Moderato)IV. Cançoneta (Andantino quasi allegretto)V. Melancolia (Lento)VI. Saltando como um Saci (Allegro)

 

Maurice RAVEL (1875-1937)Quarteto de cordas em Fá MaiorI. Allegro moderato – très douxII. Assez vif – très rythméIII. Très lentIV. Vif et agité

 

Serviço

Quarteto de Cordas da UFF - Modernistas em diálogo

Data: 19 de agosto

Horário: 19h

Local: Teatro da UFF – Rua  Miguel de Frias, 9, Icaraí,

Ingresso: R$ 30 | R$ 15 (meia), disponível  na bilheteria do teatro e online

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