#Dicas para se proteger contra a 'Black Fraude'
- Sônia Apolinário
- há 3 horas
- 5 min de leitura

O próximo dia 28 de novembro é, oficialmente, a data da Black Friday, no Brasil. Porém, desde o início do mês, o consumidor tem sido bombardeado por anúncios que oferecem promoções espetaculares ou descontos mirabolantes. E no meio disso, várias tentativas de golpes que podem transformar a Black Friday em Black Fraude.
O mercado trabalha com expectativa de aumento de vendas em relação ao ano passado. De acordo com a plataforma de inteligência para e-commerce Seconds Tecnologia, a Black Friday 2025 pode render um faturamento de R$ 13,34 bilhões, o que representa um crescimento de 14,74% sobre os R$ 9,3 bilhões de 2024.
A projeção é fruto de uma tendência do consumidor que foi detectada este ano. Após um 2024 marcado por cautela e ticket médio menor (R$ 519,75), a previsão para 2025 é de salto para R$ 808,50, como “reflexo de maior confiança e digitalização acelerada”, como explicou Thiago Trincas, CEO da Seconds.
Por “digitalização acelerada” leia-se: a chegada de setores historicamente offline ao e-commerce digital, o deve influenciar diretamente o desempenho da data.
Esses setores, de acordo com a Seconds são:
Peças de motos e autopeças, impulsionando a digitalização do mercado de reposição;
Produtos orgânicos e de saúde, refletindo maior foco em bem-estar;
Produtos para pets, que continuam em trajetória de forte crescimento;
Cosméticos, perfumaria e alimentos gourmet, com alta recorrência e fidelização;
Brinquedos e eletrônicos, que permanecem entre os campeões de novos compradores.
Atenção redobrada

Com mais players no e-commerce, mais ofertas; consequentemente, mais possibilidade de golpes e fraudes para lesar o consumidor.
Promoções irresistíveis, sites que imitam grandes marcas, boletos falsos, mensagens enganosas por e-mail, SMS ou redes sociais estão entre as principais estratégias usadas por golpistas. Sem contar os links infectados e mensagens de phishing - mensagens fraudulentas que parecem vindas de instituições bancárias ou serviços legítimos, criadas para induzir os destinatários a revelar informações confidenciais, como senhas ou números de cartão de crédito.
De acordo com dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, cerca de 4 em cada 10 consumidores já receberam algum tipo de tentativa de golpe durante promoções online.
A engenharia social, quando o golpista manipula a vítima para que forneça dados pessoais ou bancários, é uma das principais estratégias utilizadas.
De acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, o Brasil registrou 6.937.832 tentativas de fraude no primeiro semestre de 2025 — um aumento de 29,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O levantamento ainda ressalta que esses golpes tendem a se intensificar justamente em momentos de alto volume de compras, como a Black Friday.
- Apesar de ser uma ótima oportunidade para compras com descontos, também é uma data que esconde um lado negativo que são as supostas incríveis promoções imperdíveis que chegam acompanhadas de links maliciosos com intuito de capturar dados sensíveis e fazer com que realize compras em sites falsos – alertou Marcelo Souza, responsável pelas áreas de Prevenção à Fraude e PLDFT (Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo) do Grupo Bari.
Como identificar ameaças

Desconfie de promoções milagrosas: preços muito abaixo do mercado e prazos curtos para pagamento são sinais de alerta.
Cheque o endereço do site: verifique se a URL começa com “https://” e se o domínio é o oficial da marca.
Observar se o site tem o cadeado na barra de endereço: verifique se há um ícone de cadeado na barra de endereço do navegador. Clique no cadeado para obter mais informações sobre o certificado de segurança do site;
Atenção a e-mails e mensagens: não clique em links recebidos por canais não verificados, especialmente os que pedem dados pessoais ou bancários.
Utilizar cartões virtuais temporários para cada compra: evite salvar informações de pagamento;
Use conexões seguras: evite fazer compras ou acessar contas em redes Wi-Fi públicas.
- Não abra e-mails com anexos desconhecidos e não clique em links suspeitos. Se estiver em dúvida sobre alguma promoção, entre em contato com a loja por meio dos canais oficiais para confirmar as informações. Além disso, é importante evitar o cadastro em sites de procedência duvidosa e manter o antivírus atualizado para reforçar a segurança de dados – orientou Marcelo.
Boas práticas de segurança digital
Mantenha o antivírus e o sistema operacional atualizados.
Use senhas fortes e não repita a mesma sequência em diferentes plataformas.
Configurar alertas de transação: ative alertas de transação com seu banco ou emissor de cartão de crédito para ser notificado imediatamente sobre atividades incomuns;
Ative a autenticação em dois fatores sempre que possível.
Eduque-se e eduque sua equipe: treinamentos e comunicação interna ajudam a criar uma cultura de segurança.
- Na hora de efetuar o pagamento, prefira sites que oferecem métodos de pagamento confiáveis, como cartões de crédito e PayPal, e evite os que aceitam apenas transferências bancárias ou criptomoedas. Se for utilizar Pix ou boleto bancário, confira o nome e a conta de destino para ter certeza de que é o estabelecimento correto – afirmou Fernando Malta, Diretor de Segurança da Informação da Evertec.
Regras de cancelamento e devolução de produto
De acordo com dados do Procon-SP, cerca de 70% das reclamações registradas em 2024 estavam relacionadas a problemas contratuais, como cláusulas pouco claras, dificuldades de cancelamento e cobranças indevidas. Além de serviços e assinaturas, contratos de compra de produtos também precisam trazer políticas claras sobre cancelamento.
- O Código de Defesa do Consumidor garante, por exemplo, o direito de arrependimento em até sete dias para compras feitas fora do estabelecimento físico, permitindo a devolução sem custo adicional. É essencial observar também como funcionam as regras de cancelamento, mudanças de planos, troca em casos de defeito ou insatisfação, já que a falta de clareza nesses pontos costuma gerar problemas e frustrações ao consumidor – explicou Rafael Figueiredo, CEO da D4Sign by Zucchetti, plataforma de assinatura eletrônica e digital.
Golpe do falso advogado e crédito facilitado com desconto especial
No golpe do falso advogado, criminosos se passam por profissionais e informam que a vítima ganhou um processo judicial. Porém para liberar o suposto valor, exigem o pagamento de taxas de emolumentos e cópias, e do golpe do crédito facilitado com desconto especial. Pessoas com restrições são abordadas com promessas de crédito ou financiamento fácil, com descontos “exclusivos” por conta da Black Friday. Após a oferta, é solicitado um pagamento antecipado via Pix, que nunca retorna.
- Esses golpes são comuns entre idosos e se intensifica próximo a feriados e fim de ano, quando há maior expectativa por dinheiro extra, como o 13º salário. Por isso, é preciso ficar atento e nunca realizar pagamentos antecipados sem verificar a origem, desconfiar de ofertas muito vantajosas, confirmar qualquer contato com instituições por canais oficiais, usando outro aparelho, e evitar clicar em links recebidos por WhatsApp ou e-mail sem verificação – alertou Antonio de Pádua Parente Filho, Chief Legal, Compliance e Risk Officer do Grupo Braza.

























