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  • Sônia Apolinário

Seringal Bier, no Acre, completa o mapa cervejeiro do Brasil

Uma das informações do Anuário da Cerveja 2020, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é que, atualmente, existe pelo menos uma cervejaria em todos os estados brasileiros. Isso porque um dos 204 novos registros computados pelo Mapa, ano passado, veio do Acre. Mais especificamente da capital, Rio Branco, onde desde novembro de 2019 funciona o brewpub Seringal Bier, que tem como sócia e mestre-cervejeira a paranaense Elisane Grecchi. O slogan do negócio é “A cerveja que não existe”.


A Seringal Bier ocupa uma área de mil metros quadrados, no Jardim Primavera, uma região limítrofe entre a área industrial e residencial da cidade. No local, além do brewpub com oito torneiras de chope, funciona um restaurante. O negócio une duas paixões de Elisane: cozinhar e beber cerveja.


Ela conta que a abertura do brewpub foi planejada durante um ano. Cerca de quatro meses após a inauguração, porém, teve que fechar as portas para o público por conta da pandemia do Coronavírus. Foram, então, quatro meses trabalhando só com delivery que, naquela época, representava cerca de 15% das vendas.


Foi uma oportunidade de trabalho que levou a então funcionária pública e o marido médico a se mudarem de São Paulo para o Acre, em 2006. A ideia era ficar dois anos. Pois os dois filhos do casal nasceram em Rio Branco e o mais velho tem 13 anos.


“Fomos muito bem recebidos e acabamos ficando. Por aqui, são muitas as carências e percebemos que havia algumas oportunidades de negócios”, comenta Elisane.


Uma das carências era encontrar cerveja boa. Isso a levou a começar a brassar em casa, há cinco anos. Viajar para o exterior, nas férias, também era um hobby que alimentava sua paixão por cervejas.



Quando o casal decidiu que investiria no segmento, Elisane buscou se aprimorar e fez cursos no ICB, em Brasília, nos finais de semana. A opção por um brewpub, segundo ela, foi para poder ficar perto do público.


“A cultura cervejeira no Acre é iniciante. Então, é preciso fazer um trabalho também de educação cervejeira. Gostamos de conhecer o perfil do cliente para orientar, conversar, ajudar na escolha da cerveja de uma forma que ele não estranhe o sabor e não se espante”, explica.


A Seringal Bier tem capacidade de produção de 15 mil litros por mês. Para ocupar as torneiras, Elisane optou pelos estilos “mais simples”: Pilsen, Witbier e IPA. Apesar do calor da região, ela não abriu mão de produzir uma Russian Imperial Stout, seu estilo preferido que, se encalhasse, ela diz, não se importaria em ter que beber tudo sozinha. Não encalhou. Arriscou também uma Red Ale, pensada, inicialmente, como uma primeira opção sazonal. E para sua surpresa, esse estilo fez tanto sucesso que se tornou fixo.


“A nossa campeã de vendas é a Pilsen, mas esse estilo é campeão de vendas de todo mundo. Em segundo lugar, para a minha surpresa, vem a Red Ale. Acho que o ligeiro dulçor agradou. A IPA é mais polêmica, mas tenho sempre uma torneira para o estilo”, comenta ela que já fez cerca de 20 receitas diferentes para manter as oito torneiras abastecidas. “Fazer uma nova receita é a parte mais divertida, a que mais gosto”, afirma.


O brewpub adotou o sistema de autoatendimento de chope. Elisane acredita que isso ajudou o público a experimentar os diferentes estilos sem tanto receio. Afinal, ninguém precisaria encher o copo com uma cerveja que poderia não gostar. No momento, as medidas relacionadas com o combate à pandemia estabeleceram que o brewpub pode funcionar até às 22h, mas a venda de bebidas tem que encerrar às 20h. Por lá, para cumprir a lei, basta desligar o sistema de taps.


Da elaboração das receitas, às compras dos insumos e à produção, tudo isso é trabalho de Elisane. O marido Guilherme, sócio no negócio, cuida da parte administrativa. Até os filhos colocam a mão na massa, ajudando no restaurante ou mesmo na cervejaria, moendo malte.


Para se dedicar ao negócio, ela largou o serviço público. A Seringal Bier inaugurou com 30 funcionários, a maioria, para atender o restaurante. Esse número, porém, caiu pela metade. Na busca por novas oportunidades, Elisane comemora uma conquista: há cerca de um mês, growlers com seu chope abastecem supermercados da cidade, o que está lhe obrigando a criar uma nova logística de trabalho.


“Os growlers ainda não representam lucratividade, mas são importantes para difundir a marca por Rio Branco”, afirma.


No momento, a Seringal Bier é a única cervejaria artesanal de todo o Acre. E é isso que ela quer que seu público saiba “e sinta orgulho”. Conquistar o coração dos acreanos é sua meta. Até porque, ela sabe que não “reinará” sozinha para sempre.


Agora que os estilos de cerveja mais básicos estão, “consolidados” no brewpub, Elisane quer começar a explorar, nas suas receitas, ingredientes regionais. Três deles já estão em mente: abacaxi, açaí e castanha.


Isso porque a cidade de Tarauacá , distante 400 km de Rio Branco, é famosa pela produção de abacaxis gigantes, com frutos de até 15 quilos. Faz fronteira com Feijó, onde acontece o tradicional Festival do Açaí – o Estado é o terceiro maior produtor nacional dessa fruta de palmeira. Já a castanha é o principal produto exportado pelo Acre.


Mas, afinal, porque o slogan “A cerveja que não existe” ?

EG: "O brasileiro costuma brincar dizendo que o Acre não existe. O acreano leva isso de boa. Nós ficamos muito orgulhosos por colocar o Acre no mapa cervejeiro do Brasil e esse slogan é uma brincadeira, mas também uma homenagem ao Estado”

Saiba mais sobre o Anuário da Cerveja 2020, aqui

Anuário da Cerveja 2020 no Happy Hour com a Lupulinário, ouça



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