Cinebiografia do carioca que se tornou primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres estreia nos cinemas
- Sônia Apolinário
- 14 de jul.
- 4 min de leitura

Do hip hop das ruas do subúrbio do Rio para o balé clássico dançado em consagrados teatros europeus - com várias escalas. Essa foi a trajetória do carioca Thiago Soares que atingiu o estrelato ao se tornar o primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres. É essa história que conta o longa “Um Lobo Entre os Cisnes”, que estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 24.
A produção é protagonizada por Matheus Abreu que até ser chamado para fazer o teste para o filme, nunca tinha ouvido falar de Soares. Muito menos sabia dançar qualquer coisa, que dirá balé clássico.
Dirigido por Marcos Schechtman e Helena Varvaki, o filme tem roteiro assinado por Camila Agustini (“Manas”). A produção criativa ficou a cargo do cineasta mexicano Guillermo Arriaga, roteirista de filmes como “Babel” (2006), “21 Gramas” (2003) e “Amores Perros” (2000).
Faz parte do elenco o ator argentino Dario Grandinetti, que tem no currículo obras de Pedro Almodóvar. Ele interpreta Dino Carrera, bailarino e coreógrafo cubano, residente no Rio de Janeiro, que se tornou mentor de Soares. Uma relação com altos e baixos, principalmente por conta da inicial indisciplina do carioca.

- Teve momentos em que o Dino acreditou mais em mim do que eu mesmo. A gente viveu algo muito lindo. Sou um produto de muitas mãos, não só do Dino. Porém, o período de convívio com ele foi emocionante. Foi um período em que um jovem descobriu o amor incondicional longe da sua casa. Ele partiu cedo (2006) e ficou faltando a gente celebrar o que ele ajudou a me tornar – disse Soares durante entrevista coletiva online realizada nesta segunda-feira (14).
O projeto do filme começou a surgir na cabeça do diretor Marcos Schechtman, há cerca de dez anos, após um bate-papo com o bailarino, em São Paulo. O diretor tinha certeza que a história de Soares rendia um filme. Ainda mais depois que se mudou para a Europa e constatou que, por lá, Soares tinha “status de pop star”.
Na coletiva virtual, o bailarino contou que sua primeira emoção durante o processo de realização do filme, foi durante o teste de Matheus.
- Ele não dançava, mas lhe pediram para dançar e ele se abandonou. Naquele momento, vi o abandono que eu me taquei na vida. É verdade que pessoas me ajudaram, mas nada era garantido. Saí emocionado do teste e chorei. Esse teste nos conectou no projeto do filme – contou.
Desse teste participaram atores e bailarinos. Todos tiveram que dançar hip hop e clássico, além de atuar.
- Foi um desafio imenso fazer o filme. Eu acordava todos os dias com dores em diversos lugares do meu corpo – disse o ator que, na entrevista, foi às lágrimas ao lembrar a cena que mais lhe emociona, no filme: quando Thiago ganha medalha de ouro no Concurso Internacional do Ballet Bolshoi, disputado em Paris.
Essa também foi a cena que mais emocionou o bailarino.
- Aquele momento foi a porta divina que o Dino abriu para mim – disse Soares.
Agora, ele espera que o filme ajude outras pessoas “a acreditarem que é possível sonhar em encontrar a própria voz, não importa de onde você venha”.
Já o diretor Marcos Schechtman tem outra “ambição”: que cada pessoa, ao final da exibição, sinta, se não vontade de sair dançando, queira, pelo menos, “movimentar o corpo”.
- O filme tem a dança como cenário para falar da transformação que foi operada na compreensão de mundo do Thiago Soares, que sai de uma realidade socioeconômica do subúrbio carioca, com poucas perspectivas, e através da dança e do balé ganha o mundo, vai para os maiores palcos e vira um fenômeno mundial – disse Schechtman sobre o papel transformador da arte.
Sinopse
Criado pela tia em Vila Isabel, no subúrbio do Rio, Thiago Soares é um jovem apaixonado por hip hop que se dedica à prática da dança de rua em um grupo com os amigos e se destaca
nos populares bailes do Viaduto de Madureira.

Sua vida muda completamente quando Julio (Alan Rocha), seu professor de hip hop, o convence a estudar em uma escola profissional de balé onde terá a oportunidade de ganhar uma bolsa de estudos.
Ele começa a treinar em segredo da tia e dos amigos, mas decide embarcar na jornada da dança clássica e, apesar do
estranhamento e da indisciplina iniciais, vence preconceitos e logo se destaca.
Após conquistar a confiança de Raquel (Margarida Vila-Nova), diretora da escola, Thiago é apresentado ao bailarino e coreógrafo cubano Dino Carrera, que se torna seu mentor.
Enquanto o professor impõe uma rotina de treinos exigente e rigorosa, afirmando que é preciso empenho e disciplina para construir uma carreira profissional no balé, o jovem não
está disposto a abrir mão da diversão e dos prazeres da vida, como o hip-hop e os bailes noturnos ao lado dos amigos.
Com o tempo, a postura do estudante muda e ele passa a ver no balé sua grande oportunidade de mudar de vida, passando a abraçar os ensinamentos de seu mestre. A relação, inicialmente tensa, se torna repleta de confiança, parceria e amor, e os dois se
tornam grandes amigos.
Após integrar o corpo de balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o bailarino recebe o convite para fazer parte do Royal Ballet de Londres, onde ocupou o cargo de primeiro bailarino por 14 anos, se consagrando como um dos maiores nomes da dança mundial.
Veja o trailer aqui
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