Canal Brasil abre horário para exibição de filmes eróticos com longa censurado pela ditadura
- Sônia Apolinário

- 10 de out.
- 3 min de leitura

Cena de "Nova Onda"
Estreia no Canal Brasil nova faixa “Cine Desejo”, a ser exibida sempre às sextas-feiras, à meia-noite (de sexta para sábado). A programação reúne uma seleção de filmes brasileiros que exploram a sexualidade.
Em outubro, a programação será formada pelos filmes “Onda Nova”, de José Antonio Garcia e Ícaro Martins (do dia 10 para dia 11); “Seguindo Todos os Protocolos”, de Fabio Lea (de 17 para 18)l; e “Os Homens Que Eu Tive”, de Tereza Trautman (de 24 para 25).
Onda Nova
De produções clássicas a títulos contemporâneos, “Cine Desejo” apresenta narrativas que tratam o erotismo em suas dimensões mais políticas, afetivas e selvagens, com destaque para olhares femininos e LGBTQIAP+ tanto diante quanto atrás das câmeras, como “Onda Nova”, que abre a programação mensal.
O longa foi exibida pela primeira vez em 1983, durante a 7ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. No entanto, logo após sua estreia, o lançamento foi barrado pela censura da ditadura militar, que alegou que o filme contrariava a “moral e os bons costumes”. Os censores consideram que o filme fazia uma apologia à bissexualidade, ao amor livre e ao "comportamento sexual irresponsável".
Após 41 anos de censura, o filme chegou aos cinemas em março passado.
"Onda Nova é uma comédia erótica ambientada nos anos 1980. A trama acompanha as jogadoras do Gayvotas Futebol Clube, um time feminino recém-formado durante a ditadura militar, quando o futebol para mulheres voltava a ser permitido após quatro décadas de proibição. Entre desafios dentro e fora de campo, o filme aborda o desejo, a liberdade e a resistência em meio ao conservadorismo da época. Caetano Veloso, Regina Casé e Casagrande (ex-jogador do Corinthians) fazem participações no longa.
Seguindo Todos os Protocolos
Já “Seguindo Todos os Protocolos” se passa durante o isolamento social da pandemia. Sozinho em casa, Chico (interpretado pelo próprio diretor) enfrenta o tédio e a solidão enquanto busca novas formas de contato e prazer em meio às restrições sanitárias. O longa combina erotismo e reflexão ao retratar o desejo em tempos de distanciamento.
Os Homens Que Eu Tive
“Os Homens Que Eu Tive”, lançado em 1973, foi considerado o primeiro longa-metragem ficcional no cinema moderno dirigido por uma mulher. Escrito, montado e dirigido por Tereza Trautman, também foi censurado pela ditadura militar, ficando apenas cerca de seis semanas em cartaz. Foi liberado somente em 1980 com o título "Os Homens e Eu".
Por tratar-se de uma narrativa repleta de pautas feministas, foi encarado, à época do seu lançamento, como uma ameaça moral aos bons costumes. O enredo explora a sexualidade da mulher e o amor livre.
O longa conta a história de Pity (Darlene Glória) e Dode (Gracindo Júnior), casados há quatro anos, sem filhos, quando decidem experimentar um casamento aberto, passando a manter relações extraconjugais com consentimento mútuo. O amante de Pity, Sílvio (Gabriel Archanjo), passa a interagir com o casal com tanta frequência que os três decidem assumir o triângulo amoroso. Dode não vê problema nisso, já que Sílvio não se incomoda em fazer papel secundário na relação. Porém, Pity acaba se apaixonado por um velho amigo do casal, Peter (Arduíno Colassanti), que trabalha com ela em uma montadora de filmes. Pity decide ficar com o amante, mas, dois meses depois, descobre que a dinâmica afetiva com Peter é a mesma que tinha com o marido, então separa-se de Peter, e vai morar com Bia (Ittala Nandi), sua amiga. Tudo parece tranquilo, até que Pity, um dia, chama Dode e conta que está grávida.
































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