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Artistas mulheres consagradas exibem arte contemporânea no MAC Niterói

  • Foto do escritor: Sônia Apolinário
    Sônia Apolinário
  • há 4 horas
  • 6 min de leitura

Objetos encontrados em brechós estão no centro das obras de Claudia Hersz
Objetos encontrados em brechós estão no centro das obras de Claudia Hersz


Beatriz Milhazes, Adriana Varejão e Marcela Cantuária fazem parte do time de dez grandes artistas mulheres que integram a exposição ArtRio Educação. Trata-se de um projeto de formação de público da feira ArtRio, que será realizada 10 a 14 de setembro, na Marina da Glória.

 

A mostra é formada por grandes painéis com reproduções das obras originais. Foram dispostos na área externa do museu onde ficarão até o dia 14 de setembro, com visitação gratuita.

 

- As obras lidam com questões como identidade, corpo, memória, território, ancestralidade, linguagem e matéria, e investigam, de maneira crítica e inventiva, as urgências do tempo presente. Em conjunto, elas chamam a atenção do público para diferentes possibilidades de olhar, pensar e atuar no mundo ao nosso redor – afirmou a curadora Fernanda Lopes.


Ilustram as obras:


Paisagem Carioca, artista Beatriz Milhazes

Ruína de charque Santa Cruz, artista Adriana Varejão

Salão Latino Americano y Caribeño de Artes - Salão das Mulheres Vicente de Mello, artista Marcela Cantuária




 



As artistas


Adriana Varejão (Rio de Janeiro, 1964)

Desde o início de sua pesquisa em pintura nos anos 1980, Adriana Varejão mostrou seu interesse pela história do Brasil. Suas obras, que também incluem fotografia, escultura e instalação, chamam atenção para a violência do processo de colonização e de construção da identidade brasileira. Apontam também para como esse passado se desdobra e sobrevive nos dias de hoje.


Em seus trabalhos, os materiais estão ligados simbolicamente à essa construção histórica – como a azulejaria barroca portuguesa, inicialmente registrada em sua pintura, e depois apresentada com a superfície craquelada, como se tivesse rachado ao sofrer a passagem do tempo. Essas fissuras na superfície da pintura vão ficando cada vez maiores, e revelando vísceras, também pintadas, enfatizando cada vez mais a violência do processo de colonização.

 

Beatriz Milhazes (Rio de Janeiro, 1960)

Ao longo das últimas quatro décadas, Beatriz Milhazes vem construindo uma produção dedicada especialmente à investigação da pintura. Com interesse inicial na ornamentação barroca, suas referências também incluem a tropicalidade brasileira, arte popular, carnaval, cultura pop, natureza, moda, joalheria, além de referências da própria história da arte.


Desde 2010, Milhazes vem se dedicando a explorar também a possibilidade da pintura como uma linguagem tridimensional. Cores, transparências, e ornamentos ocupam o espaço, suspensos em móbiles ou em grandes vitrais, construindo um ambiente imersivo, como se pudéssemos caminhar dentro das telas da artista.

 

Claudia Andujar (Suíça, 1931)

Fotógrafa suíça radicada no Brasil, Claudia Andujar tem sua produção marcada pelos registros que fez ao longo de mais de cinco décadas do universo Yanomami, no norte da floresta amazônica. Em 1971, fez sua primeira reportagem sobre a Amazônia, momento divisor de águas em sua carreira e em sua vida. A artista decide abandonar São Paulo e o fotojornalismo para viver entre Roraima e Amazonas. Desde então, as tradições e modo de vida indígenas são ponto central de sua produção, reunindo registros das atividades diárias na floresta e na maloca, dos rituais xamânicos, dos indivíduos.


Nas décadas de 70 e 80, o trabalho de Claudia Andujar com os Yanomami coincidiu com o crescimento do risco de desaparecimento da população indígena diante das doenças, violência e poluição causadas pelo garimpo e pelos planos de desenvolvimento da Amazônia com o Projeto de Integração Nacional da Ditadura Civil-Militar. A artista participou da Comissão pela Criação do Parque Yanomami e da campanha pela demarcação das terras indígenas e luta pelos seus direitos.

 

Claudia Hersz (Rio de Janeiro, 1960)

Ao longo de mais de 20 anos, Claudia Hersz vem construindo uma obra que pode ser definida como familiar. Suas referências à história da arte, se misturam com sua coleção das coisas que estão no mundo: objetos pessoais, situações do cotidiano e objetos encontrados em brechós e feiras populares.


Com um olhar irônico, a artista propõe olhar mais uma vez para o que está à nossa volta, dentro e fora do campo da arte – souvenires, miniaturas, tapeçaria, e peças de roupa se misturam à paisagem carioca, jogos de tabuleiro, garrafa de Coca-Cola e a imagem Mao Tse-Tung. Essas apropriações levantam questões importantes para a história da arte, como falsificação, fetichização e autoridade, e fazem um convite ou desafio ao espectador para repensar narrativas históricas, memórias e identidades.

 

Madalena Santos Reinbolt (Vitória da Conquista, 1919 – Petrópolis 1977)

Madalena Santos Reinbolt nasceu e cresceu em uma pequena fazenda no interior da Bahia, em contato desde cedo com a produção de pratos e panelas de barro, roupas com algodão colhido pela família, a criação de animais e o plantio de alimentos. Ainda jovem deixa a cidade natal para trabalhar como doméstica em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Petrópolis.


Inicialmente, dedicou sua produção à pintura sobre tela e, depois, ao bordado – ou "quadros de lã"– construídos a partir do uso de linhas com uma ampla variedade de cores. Madalena Santos Reinbolt se manteve fora dos circuitos tradicionais de arte e não foram realizadas exposições de sua obra enquanto a artista era viva. Sem conseguir retorno financeiro com seus bordados, trabalhou como empregada doméstica até o fim da vida.

 

Marcela Cantuária (Rio de Janeiro, 1991)

Sua produção se destaca pela forte relação entre arte, política e memória, sempre atenta a marcadores identitários como gênero, raça e classe. Em suas pinturas, a artista evidencia silenciamentos constituídos pela história oficial, marcada pela opressão, violência e apagamento produzidos sobre os corpos de mulheres pela herança colonial e pela lógica do patriarcado. Em oposição a isso, sua prática artística se interessa pela construção de outras histórias possíveis, baseadas especialmente na pesquisa da artista sobre episódios de resistência e enfrentamento liderados por mulheres e movimentos populares em diferentes momentos, ao redor do mundo, especialmente no Sul Global.


Interessada nessa dinâmica também dentro da história da arte, muitos de seus trabalhos trazem referências a obras de artistas mulheres de diferentes gerações. Seu questionamento sobre a história da arte também expande sua pintura para além dos limites tradicionais, em murais, instalações e peças cerâmicas.

 

Marina Weffort (São Paulo, 1978)

Formada em desenho e escultura, Marina Weffort vem construindo nas últimas duas décadas um corpo de obras que parece se interessar justamente pelo lugar entre o desenho e a escultura.


Suas pesquisas mais recentes se voltam para peças têxteis desenvolvidas a partir de um processo que poderia ser definido como uma tecelagem ao contrário. Tecidos são desconstruídos pela artista, revelando sua estrutura de linhas entrelaçadas.

 

Sonia Gomes (Caetanópolis, 1948)

A obra de Sonia Gomes apresenta o ato de costurar ao mesmo tempo como ferramenta de trabalho e material poético. Nascida na região nordeste de Minas Gerais, em uma cidade famosa por abrigar a primeira fábrica de tecidos do estado, aprendeu cedo os princípios da costura, além da produção de bordados e rendas.


Seu interesse por materiais é a partir de suas cores, texturas, maleabilidade e, especialmente, as memórias que carregam. Aos retalhos de tecidos se juntam outros objetos e materiais cotidianos, como cordas, pulseiras e bolsas, e utensílios como alfinetes.

 

Tadáskía (Rio de Janeiro, 1993)

Educadora, escritora e artista plástica, Tadáskia nasceu em Santíssimo, na zona oeste carioca. Sua obra explora diferentes materiais e suportes, mas mantém no desenho e seus elementos sua base fundamental. O aspecto multidisciplinar de sua produção reflete um interesse declarado da artista: a passagem entre uma coisa e outra.


Muitas vezes, seus materiais são encontrados ao acaso. A cor é outro elemento fundamental na produção de Tadáskia. Traços feitos com lápis de cor, caneta, pastel seco ou esmalte de unha, misturam-se a marcações, rasuras e escrita. Esculturas, fotografia, vídeo e instalação também fazem parte da produção da artista.

 

Vânia Mignone (Campinas, 1967)

Vânia Mignone começou sua trajetória nas artes visuais com a xilogravura —técnica tradicional de gravura em relevo. Em seus primeiros trabalhos, nos anos 90, transferia essas imagens da matriz em madeira para o papel de arroz e trabalhava a partir dela usando tinta e colagem.


Com o tempo, substituiu a delicadeza do papel por placas de madeira, mas manteve sua relação com a xilogravura entalhando a superfície da pintura e usando a pincelada para construir linhas pretas, grossas e fortes. Essa característica é reforçada pela paleta de cores quentes e contrastantes. 

 

O MAC Niterói fica no Mirante da Boa Viagem S/Nº.

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