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  • Sônia Apolinário

Com novo modelo de negócio, Moema Cordeiro dá continuidade à produção pioneira de lúpulo, em Amparo

Com novo modelo de negócio e foco na realização de experimentos, a produção de lúpulo iniciada de forma pioneira, em Amparo (Nova Friburgo, RJ), por Paulo Celles Cordeiro, segue a pelo vapor, um ano após sua morte. Viúva do produtor, Moema Cordeiro assumiu o trabalho iniciado pelo marido e dá novos rumos para a plantação.

Foi em 2016 que Paulo plantou, em seu sítio, os primeiros pés de Cascade, sob total descrédito dos agricultores da região – e de muitos cervejeiros também. Dois anos depois, ele já cultivava 14 variedades, distribuídas por 62 plantas que ocupavam 600 metros quadrados de um terreno de 2.100 metros quadrados. Pouco antes de morrer, em junho de 2019, ele já tinha dobrado o tamanho do terreno e a área cultivada.

Agora, sob os cuidados de Moema, 200 plantas estão sendo cultivadas na propriedade - rebatizada de Lúpulo Nova Friburgo para Lúpulo Paulo Cordeiro. Metade da produção ela reserva para experimentos. Na estufa florescem 530 mudas de cinco variedades de lúpulos: Comet, Halletauer Tradicional, Saaz, Cascade e Brasilinski.

“Estamos em processo para a legalização das mudas com o registro do viveiro. Isso é importante para dar garantia genética para o comprador e para controle fitossanitário. Iniciamos também o manejo orgânico do lúpulo”, informa Moema que conta com a orientação do agrônomo Gabriel Braga para o desenvolvimento do trabalho.

As suas mudas (foto abaixo, esquerda) estão à venda, mas os lúpulos, que neste momento, “dormem” (foto abaixo, centro), são comercializados sob demanda. Atualmente, a maior parte da produção é vendida “no pé”: ela cultiva uma determinada espécie e quantidade a pedido do cervejeiro, sob contrato de três anos.

Fora das "encomendas", do total produzido, cerca de um quilo é sagradamente reservado para chefs de Amparo – Moema e Paulo estimularam o uso do lúpulo na gastronomia, da região. Este ano, porém, foram solicitados dois quilos da planta para Moema.

“Não tenho ideia do que eles vão criar, mas o lúpulo está garantido”, afirma Moema. “São muitas as receitas à base de lúpulo que estão sendo criadas. Já fizeram massas, molhos e geleias, muita coisa com adição de frutas da região”.

Agora, ela estimula o uso do lúpulo em arranjos florais, para decoração e paisagismo. Um exemplo dessa utilidade da planta pode ser visto em pleno centro de Nova Friburgo, onde está sendo construída a Praça do Lúpulo (foto abaixo, direita), devidamente decorada com a planta cultivada no seu sítio que foi doada para a prefeitura.

No campo dos experimentos, a propriedade foi “ocupada” por técnicos da Embrapa, professores e alunos das Universidades Federal de Campos, Rural do Rio de Janeiro e até a Federal do Rio Grande do Norte.

Na última safra, foi experimentada a colheita manual e 20% da produção não foi cortada, como pregam os manuais relacionados ao manejo da planta. O que já se observa é um crescimento a uma razão de até 15 cm, por dia, da planta que foi "poupada". No momento, o desenvolvimento de duas variedades de lúpulo estão em observação: Vitória (da Austrália) e Neo México (México).

“Estamos trabalhando para que Nova Friburgo seja um polo cervejeiro e a produção de lúpulo faz parte disso. Vamos produzir poucas quantidades, de forma numerada, para que as cervejas da região tenham um diferencial. Queremos ter uma cerveja que só será encontrada em Nova Friburgo e, com isso, estimular o turismo. Paulo sempre foi pioneiro e todas as novidades que estamos implantando é para dar seguimento a isso”, afirma Moema.

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