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  • Sônia Apolinário

CCBB-SP recebe exposição inédita do pintor, fotógrafo e cineasta Man Ray

Pintor, fotógrafo e cineasta, o norte-americano Man Ray foi um dos grandes nomes das artes na década de 1920 e responsável por inovações artísticas na fotografia. Pela primeira vez, uma exposição com 255 de suas obras poderá ser vista no Brasil. “Man Ray em Paris” será inaugurada na quarta-feira (21), às 18h, no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo. A entrada é franca.

Nascido Emanuel Radnitzky (1890-1976), ele foi um importante artista do dadaísmo em Nova York e, depois, do surrealismo em Paris. A exposição exibirá não apenas suas realizações nas artes plásticas como também alguns de seus filmes surrealistas, como L’Étoile de Mer (1928), com o auxílio de uma técnica chamada solarização, pela qual inverte parcialmente os tons da fotografia.

Com curadoria da francesa Emmanuelle de L’Ecotais, a mostra destaca a trajetória do artista durante o período de maior efervescência criativa. Ela fará uma palestra para o público na própria quarta-feira, às 19h.

Nascido na Filadélfia, na juventude, Man Ray mudou-se para Nova York. Lá iniciou seus estudos no The Social Center Academy of Art. Ainda na década de 1910, conheceu Marcel Duchamp e outros artistas que compunham o movimento dadaísta nova-iorquino. Em 1921, seguiu para Paris, cidade que o acolheu por quase 20 anos, até o cerco nazista em 1940.

O período em que viveu na capital francesa foi de imensa ebulição cultural, não só para ele, mas para diversos outros artistas que consolidaram o local como um dos maiores centros culturais do mundo. Lá, Man Ray se inseriu no movimento surrealista e conciliou seu trabalho como fotógrafo de renome entre a intelectualidade francesa com seu lado artístico, que manipulava fotos em laboratório para a produção de obras de arte.

"O artista é um ser privilegiado, capaz de livrar-se de todas as restrições sociais, cujo objetivo

deveria ser alcançar a liberdade e o prazer", foi uma frase do artista que se tornou célebre.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Man Ray voltou para os Estados Unidos, onde fotografou celebridades de Hollywood e da moda. Com o fim da guerra, retornou para a Europa e, nos anos seguintes, obteve reconhecimento pela excelência de seu trabalho, conquistando prêmios como a Medalha de Ouro da Bienal de Fotografia de Veneza, em 1961, publicando suas fotos e exibindo sua obra ao grande público. May Ray morreu em Paris.

Fazem parte da exposição objetos, vídeos, fotografias e serigrafias de tamanhos variados – de 40x30 a 130x90 cm - todas desenvolvidas durante os anos em que viveu no bairro francês de Montparnasse.

A mostra foi dividida em duas categorias. A primeira trata da fotografia como um instrumento de reprodução da realidade, com foco em seus famosos retratos - seu ateliê era uma referência entre a vanguarda intelectual que circulava pela Paris da década de 1920 , onde aconteciam ensaios para a grife de Paul Poiret e fotos para reportagens.

Na segunda parte, outro lado se revela: o da manipulação da fotografia em laboratório com o intuito de criar superposições, solarizações e “raiografias”, um termo criado por Man Ray (do inglês “rayographs”), em alusão a si mesmo.

Dadaísta francês, realizou seu primeiro “ready-made” (uso de objetos do cotidiano como obra de arte). Depois de diversos experimentos, fazendo uso de tinta spray na pintura, o artista pesquisou métodos em busca de aperfeiçoamento da fotografia. Ele revolucionou a fotografia e, em 1932, criou a foto “Lágrimas”, um close de um rosto voltado para cima, com gotas de vidro para imitar uma lágrima.

Reproduzir imagens da vida parisiense de Man Ray acompanhado pelos artistas que lhe foram contemporâneos e por sua musa, Kiki de Montparnasse, faz parte da experiência da mostra. Além de uma programação de filmes assinados por ele, intervenções como um laboratório fotográfico, com elucidações sobre as técnicas utilizadas em sua obra, marcam a interatividade com o visitante.

De acordo com a curadora, esta retrospectiva procura abranger a “imensa e multiforme” obra de Man Ray e apresenta “a lenta maturação de sua obra e um panorama completo de sua criatividade”. Emmanuelle de l’Ecotais ressalta que apesar de ser conhecido principalmente por sua fotografia, o artista é também criador de objetos, realizador de filmes e faz-tudo genial.

“Após tornar-se rapidamente fotógrafo profissional, sua obra oscila, de maneira contínua, entre o trabalho de encomenda - o retrato, a moda -, de um lado, e o desejo de realizar uma ‘obra artística’, do outro", comenta ela que foi por 17 anos curadora de fotografia no Musée d´Art Moderne de la Ville de Paris desde 2001 e, como especialista na obra de Man Ray, organizou diversas exposições sobre o artista, ao redor do mundo.

Veja filmes que estarão na exposição

A Estrela do Mar (1928) - 15 minutos

Man Ray conta, em Autorretrato, que a ideia do filme lhe ocorreu durante uma noite com Robert Desnos. “No fim da refeição, ele começou a falar muito e a recitar poemas de Victor Hugo e de alguns outros poetas que não eram muito admirados pelos surrealistas. Então,

tirou do bolso uma folha amarrotada: era um poema que havia escrito naquele dia. Ele o leu com sua voz clara e bem modulada, conferindo-lhe um sentido que não se poderia ter ao lê-lo silenciosamente num livro".

Emak Bakia (1926 ) - 16 minutos

Emak Bakia quer dizer, segundo Man Ray, “deixe-me em paz”. É também o nome da casa de veraneio de Arthur Wheeler, que lhe encomenda o filme. Nessa casa, são rodadas algumas de suas cenas, como Man Ray explica em Autorretrato: uma colisão com “um rebanho de car-

neiros”, “um belo par de pernas dançando o Charleston, a dança da moda, o mar revolto se transformando em céu e o céu, em mar etc.”

O Retorno à Razão (1923) – 2 min

"Comprei um rolo de filme de trinta metros, fui para minha câmara escura e o cortei em pedaços curtos, alfinetando-os em minha mesa de trabalho. Em alguns pedaços, salpiquei sal e pimenta, como um cozinheiro preparando seu assado, em outros joguei ao acaso alfinetes e tachinhas; então acendi a luz branca por um ou dois segundos, como fizera com minha rayografias. [...] em seguida, apenas grudei os pedaços, acrescentando algumas cenas feitas antes com minha câmera para prolongar a projeção".

É Charles de Noailles, grande amante da arte, quem encomenda a Man Ray um filme sobre seu castelo, construído por Robert Mallet-Stevens em Hyères. Ele deseja que Man Ray “faça algumas cenas com as instalações e as coleções de arte de seu castelo [...], bem como mostre seus convidados se divertindo no ginásio e nadando na piscina”.

Photographer Man Ray (1998) – 52 min

Filme de Jean-Paul Fargier sobre Man Ray

Serviço

Exposição Man Ray em Paris

Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo - Rua Álvares Penteado, 112 – Centro

Data: de 21 de agosto a 28 de outubro

Horário: todos os dias, das 9h às 21h, exceto às terças.

Entrada Gratuita

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