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  • Sônia Apolinário

CCBR reage e vence o 6º Festival das Confrarias RJ

A Confraria dos Cervejeiros Caseiros da Barra e do Recreio foi a grande vencedora da sexta edição do Festival de Confrarias de Cervejeiros Caseiros do Rio de Janeiro, realizada mês passado, em Niterói. A CCBR levou os quatro prêmios possíveis, dentre eles, o de melhor confraria. Amanhã (sábado, 16), o grupo promove o Reage Day, na Lagos Cervejaria, em Saquarema. O evento não se limita a uma comemoração pelas medalhas. Também celebra uma iniciativa de caráter social que protagonizam.

A última vez que uma única confraria levou todos os prêmios do festival foi em julho de 2017. O feito coube à Insulana, da Ilha do Governador. A CCBR foi criada em 2016 e, desde então, participa do festival. Sempre conquistou alguma medalha, exceto na quinta edição do evento. O resultado acendeu uma luz amarela no grupo.

“Nos preparamos melhor para o sexto festival. Fizemos um workshop sobre German Wheat Beer, o estilo obrigatório, e depois sabatinas para discutir as receitas”, conta o advogado Vinícius de Paula Oliveira, um dos criadores da CCBR junto com Fábio Rosas e Guilherme Spitz.

A confraria da Barra e do Recreio nasceu como uma “dissidência amistosa” da 3CJ, a Confraria dos Cervejeiros Caseiros de Jacarepaguá. Segundo Vinícius, o que motivou o racha foi a distância entre os bairros, apesar de serem vizinhos na Zona Oeste do Rio.

Atualmente, a CCBR tem 247 integrantes, sendo que oito deles é que “tocam” a confraria, na prática. O critério para fazer parte do “grupo dos administradores” é simples: quem arregaça as mangas, está dentro.

Sem sede fixa, o grupo se reúne toda segunda terça-feira do mês, em um bar da região. As medalhas foram confiadas à loja Enigmalte, onde também funciona o bar A Fonte.

Apesar dos preparativos do grupo, a participação da CCBR no festival não saiu conforme o planejado. Vinícius admite que a cerveja que levou ouro no estilo livre não foi a que a confraria, inicialmente, tinha definido que mandaria para a competição:

“Para o nosso aniversário, foi feita uma Brasilian Imperial Stout com cachaça que ficou muito boa. Decidimos que repetiríamos a receita para mandar para o festival e brassamos com três meses de antecedência. Fizemos em duas levas e a segunda não ficou redonda. Ainda para o nosso aniversário, tinham feito uma Rauchbier muito boa e achamos melhor inscrever essa cerveja no concurso e apenas levar a BIS para o nosso stand no festival. Pois a Rauchbier levou também a Best of Show”.

Essa cerveja campeã foi produzida pelos confrades Wanderley Silva e Arthur Antunes. A medalhista do estilo obrigatório foi uma criação do confrade Rafael Balthazar. Pelas regras do festival, a CCBR será a anfitriã da oitava edição, em 2020.

Antes, a Concejucana levará a festa para a Tijuca, no próximo mês de julho. O 6FDCRJ foi realizado no Clube Naval de Charitas pela Confraria dos Cervejeiros de Niterói (CCN). Ao todo, 21 confrarias participaram do evento que colocou mais de quatro mil litros de chope à disposição do público, formado por cerca de mil pessoas.

Reage

Em paralelo a toda essa mobilização para fazer bonito no festival, a CCBR se lançou no desafio de produzir mil litros de uma American IPA, uma cerveja solidária.

Vinícius explica que em todas as reuniões da confraria, o grupo recolhe donativos e roupas que são encaminhados para uma instituição apoiada por alguns confrades. Trata-se do Instituto João Ferraz de Campos, uma OSCIP criada em 2005, que atua no Rio de Janeiro e em Curitiba (PR). É voltada para atender crianças, idosos e moradores de rua. No Rio, sua ação se dá na Cidade de Deus, comunidade entre os bairros da Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Partiu de Wanderley a ideia de criar uma cerveja cuja renda fosse revertida para a instituição.

“A ideia era muito legal, mas também uma loucura porque a confraria não tinha e não tem um caixa que pudesse arcar com os custos dessa produção”, comenta Vinícius.

A solução encontrada foi fazer a pré-venda de kits. Conseguiram 126 compradores e

arrecadaram metade do valor necessário para a produção. Uma vaquinha entre os confrades deu conta do restante do dinheiro que precisavam para a compra dos insumos. Para simplificar o processo, optaram por uma receita clássica que foi elaborada coletivamente. Aos pré-compradores foi dada a possibilidade de escolha dos lúpulos a serem usados na cerveja batizada como Reage. Eles votaram entre a dupla Mosaic/Enigma (49,3% dos votos) e Cascade/Eldorado (50,7% dos votos). A brassagem foi feita, em dezembro, na Lagos Cervejaria, em Saquarema.

“Colocamos os barris em vários pontos de venda da região da Barra da Tijuca e Jacarepaguá e vendemos praticamente tudo muito rápido. O último barril de 50 litros vamos levar para a Lagos para fazer o Reage Day, como uma forma de comemoração e confraternização. Ainda não definimos se faremos uma segunda Reage. O que está certo é que a ideia de fazer uma cerveja simplesmente comercial a confraria não vê com bons olhos”, afirma Vinícius que começou a se interessar por cerveja especial quando as belgas chegaram ao Brasil.

Para o próximo festival, a CCBR vai manter o seu “dever de casa” com a realização de workshops e sabatinas. Reza a lenda que quanto mais medalhas uma confraria conquista em um único evento, maior o período de “seca” até voltar a ganhar.

“Vamos acabar com essa maldição”, afirma Vinícius, entre gargalhadas.

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