- Sônia Apolinário
Militantes do MST produzem cerveja Subversiva
Nem só de feijão e arroz vive a produção dos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Graças a um coletivo formado por seis mulheres, a cerveja artesanal também está presente nos assentamentos, principalmente, no Rio de Janeiro. Quem quiser experimentar a Subversiva, é só chegar na Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes. A 10ª edição do evento será realizada de amanhã (segunda-feira, 10) a quarta-feira, no Largo da Carioca, no Centro do Rio, das 7h às 19h. Os três estilos produzidos estarão lá: Red IPA, APA e Amber Ale.
A história da Subversiva começa a partir do contato das futuras integrantes do coletivo com o educador popular Felipe Jiló que também “milita” pela popularização da produção de cerveja caseira, nos assentamentos.
O assunto despertou o interesse de algumas bebedoras de cerveja, que começaram a cogitar da ideia de produzir para consumo próprio, nos assentamentos.
“Vimos que era possível pensar a cerveja como algo mais do que comercial e encará-la como alimento. No nosso movimento, a produção do alimento é um ato político e essa discussão poderia ser levada para a cerveja”, conta Luana Carvalho, uma das “subversivas”, também integrante da direção do MST.
O coletivo começou a se aproximar das panelas cervejeiras há um ano e meio. Para comprar os equipamentos, recorreram a uma vaquinha virtual. Arrecadaram cerca de R$ 2 mil – 41,2% do que precisavam. Aos poucos, conseguiram juntar o valor total até que instalaram a “fábrica” na casa de uma das “subversivas”, no Centro do Rio.
Semanalmente, elas produzem 60 litros de cerveja, com insumos comprados em lojas
convencionais "na capital", como diz Luana. A Amber Ale foi a primeira receita que aprenderam. Como elas gostam de cervejas “mais fortes” – leia-se, mais amargas, foram experimentando receitas até chegarem na Red IPA, a preferida delas. Recentemente, a APA entrou para o “cardápio” para agradar quem não gosta de cerveja, assim, tão forte.
“Consumir cerveja artesanal exige mudança de hábitos. Por ser mais cara, é mais difícil para o trabalhador consumir. Nosso povo está se adaptando aos poucos a esse novo paladar. No início, achavam forte demais. Agora, já percebem os sabores porque a comercial é uma água suja, não tem gosto de nada”, compara Luana.
O próximo desafio do coletivo, segundo a “subversiva” Stefane Oliveira é criar receitas que tenham como ingredientes produtos dos assentamentos. Ela conta que já tentaram fazer uma cerveja com abóbora, mas não deu certo. Agora, capim limão, hortelã e gengibre estão na mira do coletivo para a criação de uma “cerveja mais leve”.
Além disso, elas começaram o plantio de mudas de lúpulo Cascade, em um assentamento em Piraí, no sul fluminense. Faz parte dos planos usar na Subversiva lúpulo fresco de produção própria.
“Queremos popularizar a cerveja artesanal. Estimular a formação de outros coletivos e a avançar nas receitas para que tenham produtos da reforma agrária. Queremos trazer a discussão da cerveja como um alimento que também pode ser saudável, com uma forma tanto de produção como de consumo muito mais consciente”, afirma Luana.
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