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  • Sônia Apolinário

Cervejeiros debatem sobre inovação no setor

Pela primeira vez, a RioInfo, principal evento dedicado à Tecnologia da Informação realizado, anualmente, no Estado do Rio de Janeiro - e um dos principais do país, dedicou espaço para discutir inovação no setor cervejeiro. No último dia do evento, realizado entre 25 e 27 de setembro, no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, aconteceu o Beer Tech onde demandas do segmento foram apresentadas para a turma da tecnologia. Na mesa, cervejeiros e representantes da indústria de equipamentos, logística e novas soluções de negócios. A principal conclusão: há muito a ser feito.

Carlos Witte, um dos sócios da Ferdinander, dedicou os últimos quatro anos a transformar uma envasadora de água mineral, na cidade de Engenheiro Paulo de Frontin (RJ), em cervejaria. Segundo ele, não se encontra muita inovação no mercado cervejeiro.

“Uma coisa com a qual sofri muito foi com fornecedor e a questão do preço dos equipamentos. A automação é mínima nas cervejarias artesanais e há poucos fornecedores. Há pouca coisa digital”, comenta ele, um ex-engenheiro de produção da área de petróleo.

Um equipamento que Carlos afirma sentir falta é um que lhe permita ter um melhor acompanhamento da sua cerveja na fase de fermentação. Na sua opinião, a maior dificuldade para manter uma “cervejaria moderna” é a falta de recurso financeiro para investir em inovação.

Próximo da Ferdinander, outra cervejaria está em fase final de “ajustes”. A Trupe, prevista

para iniciar sua operação em dezembro, foi representada por um dos seus sócios, Rodrigo Junqueira. Ele contou ter buscado o máximo de automação para o seu negócio. A Trupe quer ser a primeira microcervejaria do Brasil a trabalhar 100% com lata.

Ele concorda com Carlos que há poucos fabricantes no mercado cervejeiro trabalhando com novas tecnologias. E vai mais além. Na sua opinião, poucos fabricantes entendem, de fato, sobre o equipamento que produzem.

“Buscamos a automação para poder oferecer melhor custo-benefício para o cliente. A automação propicia economia de recursos, garantia de qualidade, confiabilidade dos dados e análise de falhas”, comenta.

A Ferdinander foi formatada dentro do modelo mais convencional de cervejaria artesanal. Localizada em um sítio particular na região do Vale do Café no interior do estado do Rio de Janeiro, possui três tanques de fermentação de 3 mil litros cada e capacidade de brassagem de mil litros. A produção atual é de 12 mil litros por mês, podendo chegar a 23 mil litros por mês.

Por iniciativa própria, os donos transformaram a natureza do entorno em reserva ambiental que servirá de cenário, futuramente, para um Biergarten. A cervejaria ocupa o centro de uma área de 300 metros quadrados, com direito a uma nascente. É com a água dessa nascente, sem receber qualquer tipo de tratamento, que é produzida a larger Natürlich, atualmente, único rótulo da Ferdinander.

A Trupe tem um modelo de negócios diferente. A cervejaria se propõe a produzir para ciganos e a desenvolver receita de cerveja exclusiva para pessoas físicas ou jurídicas que queiram produzir, no mínimo, mil litros da sua própria bebida.

Na opinião de Junqueira, a inovação não vai matar a “magia” do trabalho desenvolvido por um cervejeiro de panela.

“Sou paneleiro e vou continuar sendo. Esse é o momento do artesão. Porém, quando passa para a produção, a automação vai garantir que a arte desenvolvida na panela seja reproduzida exatamente conforme planejada, afirma ele que é mestre cervejeiro formado no exterior.

A Trupe ocupa uma área total de 700 metros quadrados sendo que, desse total, 400 metros quadrados foram destinados à cervejaria propriamente dita. No início das operações, terá capacidade para produzir 12 mil litros por mês, podendo alcançar, de imediato, 50 mil litros por mês, sendo sua capacidade total de 120 mil litros por mês.

Junqueira informou que, no Brasil, estão em funcionamento 620 cervejarias, número 30% maior em relação a 2016. Desse total, o Rio de Janeiro abriga 150 marcas.

“O brasileiro é criativo para desenvolver tecnologia. Ainda se discute pouco tecnologia para cervejarias. Há um grande mercado a ser explorado nesse segmento”, observa.

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