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  • Sônia Apolinário

O imaginário do Rio de Janeiro em exposição no MAR

O Rio de Janeiro que figura no imaginário coletivo daqueles que vivem na cidade é o tema de “Crônicas Cariocas”, exposição que será inaugurada no próximo sábado, 25 de setembro, no Museu de Arte do Rio (MAR).

A montagem buscou dar vida às histórias cotidianas; relações com a vizinhança; festas; encontros dos ônibus lotados e calçadas. Por trás daquilo que é exportado ao mundo, propõe-se narrar o Rio que se embeleza e finge não ver os subúrbios.


Serão exibidas quase 600 obras de cerca de cem artistas, nos mais diversos suportes, como vídeos, objetos, instalações, fotografias e pinturas. O material vai ocupar três galerias do museu, cuja arrumação confere ares labirínticos ao local. Desse total de peças, 79 já faziam parte do acervo museológico do MAR.


Dentre os artistas participantes destacam-se Sônia Gomes, Lucia Laguna, Rosana Paulino, Brígida Baltar, Denilson Baniwa, Alexandre Vogler, Bispo do Rosário, Laerte e Bastardo. Nomes contemporâneos, a exemplo de Guignard, Di Cavalcanti, Lasar Segall e Mestre Didi, também compõem a coletiva. Além dos curadores da instituição (Marcelo Campos e Amanda Bonan), assinam a curadoria da exposição, o historiador Luiz Antônio Simas e a escritora Conceição Evaristo.


Segundo Campos, “Crônicas Cariocas” trata de um Rio que, apesar dos pesares, revive diariamente.


“A exposição fala da cidade suburbana, cujo afeto é o amálgama das relações e histórias miúdas. Um Rio que reza e dança, que inventa seus próprios deuses, enquanto se organiza no trabalho informal e na poesia dos trens e das praças. Um Rio que viu seus cinemas fecharem, suas linhas de ônibus deixarem de ligar as zonas Sul e Norte, mas que, ainda assim, nasce e renasce todos os dias”, comenta.


Aqui, duas das obras da exposição: o quadro "O vendedor de mate", de Guilherme Kidd e a foto "Ônibus em inundação no Jardim Botânico", de Evandro Teixeira



Logo no início, o visitante será surpreendido por um burburinho vindo do túnel que dá acesso às galerias. Trata-se do áudio de uma conversa entre Luiz Antônio Simas, Conceição Evaristo e a cantora Teresa Cristina. Ao fim da passagem, na chegada ao primeiro espaço expositivo, uma televisão exibe o vídeo do bate-papo. A ideia é brincar e fazer referência às conversas de janela entre vizinhos, que em razão da pandemia de covid-19 passaram a acontecer virtualmente.


Novidade na vida da escritora Conceição Evaristo, ela percebe como uma aliada importante, nesse período de distanciamento social.


“A pandemia oferece dificuldades, mas ela oferece essa possibilidade de invenção de local, de encontro. A solidão já fica marcada por esse isolamento físico, mas a gente sempre encontra brechas de encontrar com o outro. Essas conversas virtuais são muito novas para mim. Prefiro o real, sem comparação. Tô com uma saudade do real”, brinca.


Em paralelo à exposição, o MAR vai lançar, semanalmente, nas redes sociais do museu, a série “Isso é a cara do Rio!”. Composta por dez vídeos, a sequência vai abordar o cotidiano do carioca em situações do dia a dia, comumente observadas pelas ruas do município. Todo o conteúdo dialoga com a proposta da mostra.


À esquerda, frame do vídeo "Curso", de Elisa e Laura Magalhães. Foi realizado em 2010, durante uma viagem de trem da Central do Brasil a Realengo, ida e volta. Com sete minutos de duração, foi feito com duas câmeras: uma registrava o interior do trem e a outra, a paisagem pela janela.


À direita, uma das 63 fotos da série "Só a ti, Copacabana", de Wilton Montenegro. Em 2000, o artista passou 24 horas, de um sábado para domingo, fotografando as pessoas que passavam pelo calçadão de Copacabana.


Serviço


“Crônicas Cariocas”

Apenas no dia da abertura, a entrada na exposição será gratuita.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Horário de visitação: de quinta a domingo das 11h às 18h

A exposição fica no MAR até o dia 31 de julho de 2022.

O Museu de Arte do Rio de Janeiro fica na praça Mauá, no Centro da cidade.

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