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  • Sônia Apolinário

Piña Colada batiza dois rótulos premiados em Blumenau

Na edição 2020 do Concurso Brasileiro de Cervejas (março, Blumenau, Santa Catarina), duas medalhistas, em estilos diferentes (mas parecidos), tinham ingredientes semelhantes e o mesmo nome no rótulo: Piña Colada. Quais as semelhanças e diferenças entre a American Fruited Sour Ale (Ouro) colaborativa entre as cervejarias D’alaje, Kumpel e Lagos (RJ) e a Catharina Sour (Bronze) da cervejaria Antídoto (SC)?

Piña Colada é o nome de um clássico drinque, criado na década de 1950. Porto Rico, Cuba e México reivindicam sua autoria, geralmente, atribuída a Porto Rico. A bebida é feita com rum, leite de coco e suco de abacaxi.

Os cervejeiros “concorrentes” desconheciam a Piña Colada do “rival”. Porém, não estranharam a coincidência. Um dos sócios da Lagos, Dennis Ferreira Martins observa que outras marcas, inclusive brasileiras, já produziram rótulos inspirados na Piña Colada. Ou seja, com uso, ao mesmo tempo, de coco e abacaxi. Além disso, ele acredita que cerveja inspirada em drinque é uma tendência que veio para ficar. Tanto é assim que a Enseada, marca da Lagos, tem entre seus rótulos a Mojito, uma Sour inspirada no clássico drinque caribenho, feito à base de limão e hortelã fresco.

A Piña Colada colaborativa usa uma Sour como base, onde foram acrescentados polpa de coco e abacaxi. A sugestão de criar o rótulo partiu de Pedro Mello, um dos sócios da D'alaje. O “drinque” faz parte de uma linha acostumada a ser premiada no Concurso Brasileiro de Cervejas, a Sour-se Quem Puder.

A versão Hop (Sour com dry-hop de Mosaic) levou medalha de Ouro na categoria American Style Sour Ale, em 2019; a Tonic (Sour com Limão Siciliano, Limão Taiti e Zimbro) foi Bronze na categoria Berliner-Weisse em 2019 e 2020 – a Enseada Berliner Weisse foi Ouro na categoria, este ano ; e a Fruit (Sour com Goiaba, Maracujá e Manga) levou a medalha de Prata, na categoria Catharina Sour, em 2020, ficando a Pina Colada da Antídoto com o Bronze e outro rótulo da mesma cervejaria (Donas da P@#$% Toda) com o Ouro.

American Fruited Sour Ale, Berliner Weisse, Catharina Sour. Qual a diferença entre eles? O Beer Sommelier e Mestre em Estilos Márcio Mello explica:

“A Catharina Sour é feita a partir de uma base de Berliner Weisse, ou seja, leva trigo e a acidez vem do lactobacilos do malte, que é a acidez láctica. A American Fruited Sour Ale é um estilo mais aberto. A acidez pode vir tanto por contaminação láctica, bactérias acéticas ou Brettanomyces. É uma Sour que, não necessariamente, tem base de Berliner Weisse, assim, pode levar trigo ou não. Necessariamente, vai levar fruta e lúpulo americano. A Catharina Sour pode usar lúpulo de qualquer parte do mundo, muito embora esse estilo seja caracterizado por uma quase ausência de lúpulos em suas receitas!”

A Piña Colada da Antídoto (4,1% ABV), por ser uma Catharina Sour, tem como base uma Berliner Weisse. Teddy Tambosi, cervejeiro e sócio da marca, conta que esse é um estilo bastante explorado na sua empresa. Tanto que, das 22 cervejas que a Antídoto levou para o Festival Brasileiro da Cerveja (evento do qual o Concurso Brasileiro de Cervejas faz parte) metade eram Catharinas Sour.

“Acompanhamos o surgimento do estilo, que permite grandes possibilidades. O estilo surgiu justamente por conta da infinidade de frutas que temos no Brasil. No começo, só valia usar frutas. Agora, já vale tempero também”, afirma Teddy.

É justamente o fato de ser um estilo que explora as frutas brasileiras que Dennis não concorda com o nome dado a ele. Na sua opinião, seria “mais justo” se fosse chamado de Brasilian Sour. Na verdade, ele não concorda com a criação desse novo estilo que, na sua opinião, é uma “Berliner Weisse que aumentou a graduação alcoólica”.

Inicialmente, a ideia de Teddy era lançar apenas a Catharina Sour medalha de Ouro, a Donas da P@#$% Toda, feita com abacaxi, pimenta rosa e alecrim. Já Dennis estava com tudo acertado para lançar, no início de março, sua Piña Colada (3,5% ABV), em chope (ele também tinha planejado lançar, na mesma época, a Mojito, da Enseada, em garrafa) . A quarentena de combate e prevenção à pandemia do Corona vírus, porém, alterou os planos das cervejarias, que suspenderam as ações.

“Quando participo de um festival, não produzo pensando em medalha, mas em oferecer boas e diferentes opções para o público. Porém, quando a medalha chega, faz muita diferença nas vendas”, observa Teddy.

“Concursos analisam uma cerveja por parâmetros do estilo. Exibir um medalhão no stand atrai público, que fica curioso para experimentar. Porém, não garante que o público vá gostar da cerveja. A Piña Colada seria lançada em chope para conhecer a reação das pessoas em relação ao rótulo”, explica Dennis.

Apesar de a cervejaria estar funcionando com capacidade reduzida – apenas por conta das bebidas que já estavam em produção, Dennis conta que já tem “uma fila de ideias” para transformar drinques em cerveja:

“As cervejas inspiradas em drinques atraem as pessoas que não costumam se interessar pela bebida. Elas ficam curiosas e, pelo menos, experimentam. A Sour é um estilo refrescante e ajuda a simular um drinque. Geralmente, as pessoas se surpreendem e querem repetir a experiência”, afirma Dennis.

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