top of page
  • Sônia Apolinário

'No armário do Vaticano' expõe a homossexualidade publicamente reprimida da cúpula da Igreja

Seis meses depois de lançado no exterior, o livro “No armário do Vaticano - poder, hipocrisia e homossexualidade” chega ao mercado brasileiro. Escrito pelo jornalista e pesquisador francês Frédéric Martel, a obra é fruto de quatro anos de investigação. Aborda, dentre outras questões, uma trama que vem sendo tecida contra o Papa Francisco justamente por conta da sua posição de enfrentamento contra os abusos sexuais da igreja.

Para escrever o livro, o autor mergulhou nos universos da Igreja Católica e do Vaticano, com temporadas em Roma e viagens por mais de 30 países. Realizou cerca de 1.500 entrevistas, incluídos 41 cardeais, 52 bispos e monsenhores, 45 núncios apostólicos e mais de 200 padres e seminaristas, além de 11 guardas suíços - guarda responsável desde 1506 pela segurança do Papa, atualmente composta por cinco oficiais, 26 sargentos e cabos e 78 soldados. Sua pesquisa resultou no livro de mais de 600 páginas.

Já traduzido em mais de dez idiomas, a obra está na lista de best-sellers em países como França, Portugal, Canadá (Quebec), Inglaterra, Irlanda, Austrália, Países Baixos, Bélgica, Suíça e Estados Unidos.

“No armário do Vaticano” foi lançado no mesmo dia em que uma reunião tida como “histórica e sem precedentes” aconteceu no próprio Vaticano: um encontro convocado pelo Papa Francisco com a cúpula católica para tratar de um tema: abuso sexual e proteção às crianças. Dias antes, o Papa expulsara da igreja o então cardeal americano Theodore McCarrick, de 88 anos, acusado de abusos sexuais contra, ao menos, um adolescente. Foi a primeira vez na história da Igreja Católica que um cardeal perdeu o seu título depois de ser acusado de abuso.

De acordo com o material promocional do livro, a obra revela a face escondida da Igreja, “uma instituição fundada em uma cultura clerical de sigilo e baseada na vida dupla de padres e numa extrema homofobia”.

O celibato dos padres, a condenação do uso de contraceptivos, os inúmeros casos de abuso sexual, a renúncia do papa Bento XVI, a misoginia entre os clérigos e a trama contra o papa Francisco são temas abordados pela publicação.

Homossexual assumido, Frédéric Martel é um especialista no tema sobre movimento

homossexual e dois de seus livros são tidos como referência no assunto: “Le Rose et Le Noir” (“O rosa e o negro”, um retrato dos homossexuais na França desde 1968), e “Global Gay”, sobre a globalização da questão homossexual. O título original de “No Armário do Vaticano” é “Sodoma”.

Ao todo, ele tem dez livros lançados. Doutor em Ciências Sociais, Frédéric foi adido cultural da Embaixada da França nos Estados Unidos e na Romênia, professor convidado em Harvard e professor titular na Escola Superior de Ciências Econômicas e Sociais. O autor é também pesquisador na Universidade de Zurique (Suíça), onde os seus temas de pesquisa são políticas públicas culturais, soft power, os meios de comunicação e a Internet.

Frédéric definiu “No armário do Vaticano” não como uma investigação sobre uma comunidade religiosa, mas sobre "uma das maiores comunidades gay do mundo":

"À medida que avancei na pesquisa, descobri que o Vaticano é uma organização gay no nível mais alto, uma estrutura formada em grande parte por pessoas homossexuais que durante o dia reprimem sua sexualidade e a dos outros, mas à noite, em muitos casos, pegam um táxi e vão a um bar gay", afirmou o escritor à imprensa internacional, na época do lançamento do seu livro.

No último Festival Varilux de Cinema Francês, realizado em maio, um dos destaques da programação foi o filme “Graças a Deus”, de François Ozon. O longa é baseado em fatos reais: a denúncia de 85 ex-escoteiros contra o padre francês Bernard Preynat por agressão sexual e pedofilia. O padre tentou proibir o filme, na justiça francesa.

Para comentar, aqui

Destaques
Últimas
bottom of page