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  • Sônia Apolinário

Bloco Gigantes da Lira comemora 20 sonhos de carnaval

No próximo domingo, dia 4, enormes filtros dos sonhos transformarão o bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, em um imenso portal mágico. Transpassá-lo significa que os sonhos se tornarão realizáveis. Esse portal se abrirá às 9h e você terá três horas para se encantar, cantar, dançar e se divertir. No comando dessa magia está o bloco infantil Gigantes da Lira, que comemora este ano seu vigésimo desfile. Com o tema “Sonho de uma lira de verão – 20 carnavais gigantes”, o grupo ocupará a rua General Glicério com sua banda de 60 músicos, além de palhaços, pernas de pau, malabaristas e toda sorte de seres mitológicos encantados.

O palhaço Doutor Giramundo (à esquerda na foto, com o Professor Tagarela) é o grande

anfitrião da festa. Por trás da maquiagem e dentro

da fantasia, está a pessoa que teve um sonho bom há muitos anos, que foi transformado em realidade. Atriz, diretora e produtora, a paraibana Yeda Dantas, então recém-chegada no Rio de Janeiro, decidiu criar um bloco para brincar por mais tempo o carnaval.

“Desde criança, sempre fui uma excelente foliã. Em 1984, quando me mudei para o Rio, conheci a Marquês de Sapucaí e achei as escolas de samba lindas. Porém, desfilar por 50 minutos era pouco para quem, como eu, era acostumada a brincar o carnaval o dia inteiro”, conta Yeda, que nasceu em Catolé do Rocha, no sertão da Paraíba, e perdeu as contas de quanto carnavais passou em Olinda, em casas onde ela mesma se encarregava de reunir muitas pessoas.

Naquela época, no Rio, os blocos de rua ainda estavam começando a espalhar a folia pela cidade. Yeda decidiu que sairia em todos os da zona sul: um Sovaco do Cristo e Simpatia é Quase Amor ainda pequenos, Barbas, Bloco de Segunda, Imprensa que eu Gamo e Banda de Ipanema.

E a paraibana então conheceu o bloco Cordão do Boitatá, criado por estudantes e músicos, e a ONG Palhaços sem Fronteiras. Ela se torna o Doutor Giramundo e se muda para o bairro de Laranjeiras. Yeda conta que, ao avistar pela primeira vez a rua General Glicério, com sua pracinha no final, logo a imaginou tomada por toda uma trupe circense, acompanhada de muitas crianças.

“Chamei amigos do circo. Quando você conta uma ideia para uma pessoa, você não está mais só. Contei para outro, já éramos três. De repente, juntamos 30. Foi assim que nasceu o Gigantes”, recorda ela que se inspirou no bloco Flor da Lira, de Olinda, para criar o nome do bloco infantil carioca.

Como Yeda mesmo diz, ela acabou por se tornar a “pedinte” do bairro. Nenhum dono de estabelecimento comercial lhe escapava para pedir auxílio para colocar o bloco na rua. Divertida, ela conta que, nessa época, ela descobriu o “sim”.

“Nunca ouvi tanto sim na minha vida. Ou seja, havia uma vontade. As pessoas estavam nos seus cotidianos e eu cheguei com uma proposta de extra-cotidiano. Imediatamente, se criou uma rede. O que mais encantava era a ideia de ocupação da rua, algo super atual que, na época, tinha um certo pioneirismo”, afirma.

O primeiro desfile não teve tema. A existência do bloco era uma novidade que se bastava. O segundo desfile também saiu sem grandes problemas. Porém, quando chegou o terceiro, o bloco não era mais tanta novidade assim. Yeda conta que, na época, cada vez que alguém se deparava com ela, “a pedinte”, fazia cara de “lá vem ela”.

1º desfile

2017

O carnaval se aproximava e não havia dinheiro para o bloco. O filtro dos sonhos parece que, então, entrou em cena: os Gigantes foram convidados para fazer uma participação no programa TV Globinho, com direito a cachê. Voilà o dinheiro do bloco.

No quinto ano, o Gigantes se torna afiliado da Sebastiana (Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro) e passa a captar recursos para o seu carnaval. Ao mesmo tempo, começa a desenvolver um calendário de apresentações ao longo do ano. E o sonho cresceu.

Atualmente, o Gigantes é composto por 60 músicos - o bloco não usa carro de som, ou seja, é acústico, inclusive, com muitos instrumentos de sopro. Dele, também faz parte uma trupe de 120 pessoas entre palhaços, pernas de pau, reis, rainhas, mestre-sala e porta-bandeira. Os pernas de pau levarão os filtros dos sonho gigantes, feitos a partir de mandalas de crochê, que Yara “importou” da Praia do Jacaré, na Paraíba. A montagem foi feita a três dias do desfile, no “barracão” do bloco, ou seja, o apartamento de Yeda.

Os Gigantes se apresentam em datas específicas: Semana Santa, Festa Junina, Festa de São Cosme e Damião, Semana da Criança e Natal. Sempre carnavalizando esses festejos.

“Botar um bloco na rua é um trabalho enorme, mas a gente quer sempre caprichar, fazer o bloco cada vez mais bonito. A criatividade é a solução para muitas coisas. Podemos dizer que, hoje, somos um projeto cultural, com uma estética própria. Este ano, nosso carnaval tem um pouco a ideia de projetar o amor entre as pessoas. Nosso enredo é de paz e amor. Trabalhamos para isso internamente, no ato de fazer, e também esteticamente com os filtros dos sonhos. Trabalhar com os filtros é maravilhoso porque eles ajudam para que saia tudo perfeito. Com a perfeição acontecendo, você fica encantada e aí é que as coisas acontecem, mesmo”, afirma Yeda, que está de cocar, na foto. O primeiro à esquerda é o jornalista André Motta Lima, o Professor Tagarela.

Serviço

Desfile do bloco Gigante da Lira

Data: 04/02/18

Hora: 8h, concentração; 9h, início

Local: pracinha da Rua General Glicério, Laranjeiras, RJ

Bloco infantil

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