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  • Sônia Apolinário

4 Vezes Insulana

A Confraria Insulana saiu consagrada ao final do 3 Festival de Confrarias dos Cervejeiros Caseiros, realizado no último dia 15 de julho, no Rio de Janeiro. O grupo da Ilha do Governador levou todos os quatro prêmios: melhor cerveja estilo obrigatório e estilo livre, melhor cerveja do evento e melhor confraria. Quem conheceu a Insulana no final do ano passado jamais imaginaria tantas vitórias, alguns meses depois.

Como muitas confrarias de cervejeiros caseiros, a Insulana surgiu a partir de um grupo de amigos que se reunia para beber cerveja e comer churrasco. Neste caso, as reuniões também eram motivadas pelos cursos ministrados por Daniel Bode, na casa do Felipe Muller, que acabou sendo batizada de Müller Bier Haus. e se tornou a sede da Confraria.

Quanto ao Bode, ele é cervejeiro caseiro desde 2008, e também sommelier de cerveja pelo Instituto da Cerveja e juiz BJCP, além de parceiro em várias receitas de sucesso no mercado – é dele, por exemplo, a receita da DoppelBock lançada recentemente pela W Kattz que rendeu uma medalha de bronze para a cervejaria em março de 2017, em Blumenau.

A Insulana foi criada em 2014. Atualmente, é composta por 30 pessoas. Para fazer parte, o candidato tem que ter feito algum curso ligado à cerveja ou tem que estar produzindo ou ativo, de alguma forma, no ramo de cerveja artesanal.

“Surgimos de uma maneira amadora. Éramos apenas um grupo de amigos cervejeiros. No final do ano passado, fizemos uma festa e foi uma verdadeira zona. Quase que a festa não aconteceu. Em janeiro, decidimos criar uma comissão para orientar a atuação da confraria”, conta Leonardo Brito, um dos sete integrantes da comissão que conduz a confraria.

Na Insulana, todos são cervejeiros caseiros, exceto o pessoal da cervejaria Maracajá. As reuniões acontecem na terceira terça-feira de cada mês, em diferentes bares do bairro, sendo o tradicional Imperial a sede informal da confraria. As reuniões são abertas para pessoas de fora e todos pagam R$ 30,00 para entrar.

Este ano foi a segunda participação do grupo no festival. Leonardo conta que na estreia, em 2016, estavam bem confiantes com a Black Ipa que tinham feito. Porém, a garrafa que chegou nas mãos dos juízes não carbonatou direito. E quase que eles passaram pelo mesmo problema agora. A Wheatwine que levou medalha de melhor cerveja no estilo livre e melhor cerveja do festival estava “levando pressão” até duas horas antes do prazo de entrega das garrafas.

Essa receita que veio a ser a vencedora, é de Bruno Rodrigues Leitão , de 35 anos. Como ele é chef de cozinha, a cerveja foi batizada como DuChef. Foi escolhida por votação para o estilo livre devido ao sucesso que fez, há dois anos, em um encontro de final de ano da confraria. Para o festival, recebeu alguns ajustes do Edson Magalhães.

“Entrei nesse mundo cervejeiro em 2015 e, desde então, não parei de produzir cerveja. Faço sempre cervejas fortes e diferentes. Entrei nessa atividade graças à escola Henrik Boden, do Daniel Bode”, explica Bruno que, em respeito às regras da confraria, preferiu “transferir” a entrevista iniciada com ele para Leonardo.

Para o estilo obrigatório do festival (Trappista), a escolhida foi uma Dark Strong Ale batizada de The Dark Side of the Ilha. Essa teve receita e execução coletivos. Coube ao confrade Alexandre a ideia que, na opinião de Leonardo, fez toda a diferença: a bebida levou lascas de carvalho embebidas por dois meses em Jerez e ficou maturando por um mês.

Entre agosto e setembro próximos, os Insulanos vão repetir a dose e produzir 30 ou 50 litros de cada uma das cervejas campeãs.

Sobre a participação do amigo Bode como jurado do evento, Leonardo conta o seguinte:

“Ele sabia que nós tínhamos feito uma Wheatwine e só teve uma única cerveja neste estilo. Então, ele não quis julgar a Wheatwine. Isso poderia ter nos prejudicado, mas ele preferiu assim. Foi melhor”.

Em agosto, a confraria vai escolher a nova composição da comissão. Leonardo acredita que, agora, diante do bom momento, novos “voluntários” devem surgir. Ele afirma que pretende continuar a participar da “gestão compartilhada” do grupo.

Sobre o “boom” de confrarias cervejeiras, ele acredita que se trata de um movimento positivo para o segmento. E é da opinião que não é necessário que todos “evoluam” de cervejeiro caseiro para cigano. Ele mesmo, que é professor de Geografia, não tem planos de profissionalizar a sua Galeão, criada em 2014. O que ele pretende é fazer cursos e se tornar juiz de concursos.

“A vitória no último festival aumentou nossa visibilidade. E pensar que, em dezembro passado, nosso encontro não foi legal. Fomos do lixo ao luxo”, brinca Leonardo.

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