'Mostra Movimento Armorial 50 Anos' expõe a grandeza da obra de Ariano Suassuna
O Rio de Janeiro recebe, no próximo dia 30 de março, no CCBB, uma exposição que celebra o cinquentenário de um movimento liderado por Ariano Suassuna (1927-2014). Sua proposta era a união das raízes nordestinas com a cultura erudita, abrangendo a literatura, a música, a dança, o teatro, as artes plásticas, a arquitetura e o cinema e diversas outras manifestações. A "Mostra Movimento Armorial 50 Anos" acaba por fazer uma preciosa revisão da obra e do pensamento deste grande artista brasileiro.
Com curadoria de Denise Mattar, a exposição apresenta 140 obras em diversos formatos de Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Antônio Carlos Nóbrega, Gilvan Samico, Aluísio Braga, entre muitos outros importantes artistas que fizeram parte deste movimento artístico lançado no Recife, em 18 de outubro de 1970.
A exposição está organizada em diversos núcleos, ambientada nas salas do segundo andar do CCBBRJ. Dividida em 4 núcleos, cada um deles evidencia a diversidade das tradições da cultura popular, como idealizado por Ariano Suassuna.
O primeiro núcleo é chamado de “Ariano Suassuna, Vida e Obra” e traz uma cronologia entre seus livros e manuscritos, num mergulho cultural imenso, ao fértil imaginário criativo do mestre. Ariano escrevia todos os seus textos à mão e nesse espaço, é possível ver de perto um pouco mais das suas obras e detalhes da sua caligrafia. Também é possível assistir a algumas de suas famosas aulas-espetáculos! Nesta fase, um dos destaques está no Alfabeto Sertanejo, criado por Ariano, com base na pesquisa Ferros do Cariri, uma Heráldica Sertaneja.
O segundo núcleo é chamado de “Fase Experimental”. Ali o visitante entrará em um ambiente cheio de cultura e tradições da música, dança e artes plásticas. Neste ambiente é possível conhecer um pouco mais sobre a Orquestra e o Quinteto Armorial, grupo que surgiu com o Movimento Armorial, em 1970, e atuou até 1980, com o objetivo de criar uma música com influência totalmente popular. O premiado Quinteto Armorial reuniu integrantes como o maestro, violinista e compositor Antônio Madureira, e o multiartista Antônio Carlos Nóbrega.
Neste também estão detalhes sobre o Teatro Armorial, com figurinos assinados pelo ceramista e artista plástico pernambucano Francisco Brennand (1927-2019) para o filme “A Compadecida (1969)”. O espaço ainda é dividido com o Balé Armorial do Nordeste, com obras dos artistas Aluísio Braga, Fernando Lopes da Paz, Miguel dos Santos e Lourdes Magalhães. Nesta fase 2 da Exposição existe uma sala especial com o trabalho do renomado artista Gilvan Samico (1928-2013), conhecido por suas xilogravuras e trabalho alinhados aos princípios do Armorial.
A fase 3 da exposição, que apresenta a Segunda Fase do Movimento Armorial. Neste núcleo, está em foco as Iluminogravuras de Ariano Suassunae algumas de suas obras como artista plástico. O autor produziu dois álbuns, cada um contendo dez pranchas: Sonetos com Mote Alheio (1980) e Sonetos de Albano Cervonegro (1985) que juntos formam uma autobiografia poética.
Nesta fase, estão em exibição também as gravuras e cerâmicas de Zélia Suassuna, os painéis fotográficos das Ilumiaras Acauhan, Jaúna, Zumbi, Suassuna e Pedra do Reino e o conjunto Armorial Hoje e Sempre, com obras de artistas como Manuel Dantas Suassuna e Romero de Andrade Lima.
No quarto e último núcleo, intitulado “Armorial- Referências” estão trabalhos de xilogravura assinados pelo Mestre J. Borges, Noza e Dila, além de desenhos de xilogravura da Cidade de Cordel: um ambiente instagramável criado especialmente por Pablo Borges. Essa viagem pela cultura popular termina com as inúmeras referências a folguedos populares como o Maracatu, o Reisado e o Cavalo-Marinho, que reúne máscaras, trajes, estandartes e inúmeros adereços.
A exposição poderá ser visitada até o dia 27 de junho, todos os dias, exceto terça-feira. O ingresso gratuito deverá ser retirado na bilheteria do CCBB ou no site/app Eventim.
O CCBBRJ fica na Rua Primeiro de Março, 66, no Centro.
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