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  • Sônia Apolinário

Nos 90 anos do seu nascimento, Hilda Hilst ganha exposição de fotos do MIS-SP

O ano de 2020 celebra os 90 anos de nascimento da escritora, poeta e dramaturga paulista Hilda Hilst. Para marcar a data, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo inaugura, no próximo sábado (1º de fevereiro), a exposição de fotos “Revelando Hilda Hilst”. A mostra, que tem entrada gratuita, dá início às festividades pelos 50 anos do MIS-SP, também comemorados este ano.

As fotos foram feitas por quatro fotógrafos, em períodos diferentes. A primeira série exibe registros da autora aos 29 anos, em 1959, realizados pelo português Fernando Lemos, falecido em dezembro do ano passado. A segunda, realizada em 1990, pelo arquiteto, músico e desenhista paulistano Gal Oppido, retrata Hilda com 60 anos. As fotos foram feitas durante uma entrevista de Hilda para o escritor Caio Fernando Abreu, depois publicada pela revista A-Z.

Em outra série, o paulistano Eduardo Simões registrou a autora na sua residência, a Casa do Sol, em Campinas (SP), em 1999. As imagens mostram não só a escritora, mas sua casa e seu entorno, inclusive seus inseparáveis companheiros - as dezenas de cachorros que moravam com ela. Já o curador independente e jornalista Eder Chiodetto, retratou Hilda sete anos antes de sua morte. A maioria das fotografias de Oppido e Simões é inédita.

A exposição apresenta também desenhos feitos por Hilda e nunca antes exibidos em público, além de quinze edições originais dos seus livros, com capas de artistas como Darcy Penteado, Clovis Graciano, Wesley Duke Lee, Tomie Ohtake, Jaguar, Millôr Fernandes, Maria Bonomi e Arcângelo Ianelli.

O público também poderá ver a matriz em madeira da xilogravura da artista Maria Bonomi, realizada na década de 1970, que foi usada para a capa de um dos mais importantes livros de Hilda, “Qadós”; e um livro de Freud, em francês, da biblioteca da escritora, com grifos e um desenho assinado por ela.

A mostra se completa com a instalação sonora "Rede Telefonia", de Gabriela Greeb e Mario Ramiro, na qual é possível ouvir a voz da autora por intermédio de gravações originais realizadas na década de 1970, quando ela tentava se comunicar com o além.

A programação paralela apresenta leituras de seus poemas feitas por convidados como Cida Moreira, Marina de La Riva e Dudu Bertholini. Completa a programação a exibição dos filmes “Hilda Hilst pede contato” e “O Unicórnio”, além da leitura dramática de uma de suas peças, “O visitante”, escrita em 1968, em plena ditadura militar.

“Hilda Hilst se isolou na Casa do Sol e lá permaneceu até sua morte criando alguns dos textos mais significativos da literatura brasileira. Tive a sorte e o prazer enorme de morar e trabalhar com ela, por um período de quatro anos, no começo da década de 1990”, conta o artista visual Jurandy Valença, curador da exposição. “Nesses 90 anos de seu nascimento, essa mostra é uma homenagem que reúne inúmeros registros nunca antes vistos ou ouvidos pelo público, alguns em raras e pontuais oportunidades. Eles apresentam uma Hilda com múltiplas facetas, além da escritora, poeta, dramaturga e cronista, mas também uma desenhista que criava seres híbridos que se situavam entre o humano, o animal e o vegetal em uma atmosfera que dialoga muito com o surrealismo”, completa.

Hilda Hilst (1930-2004) foi uma poetisa, cronista, dramaturga e ficcionista brasileira. É considerada uma das maiores escritoras brasileiras do século 20. Estreou na literatura com a publicação do livro de poesias, “Presságio” (1950). Desde então, foram mais de 40 obras publicadas, várias traduções internacionais e inúmeros prêmios. Em meados da década de 1960, constrói a Casa do Sol nos arredores de Campinas, atualmente, sede do Instituto Hilda Hilst. O imóvel foi tombado pelo patrimônio histórico de Campinas, em 2011. Abriga seu acervo pessoal, biblioteca, roupas, além de manter um programa de residências artísticas.

Rede Telefonia

A instalação de Gabriela Greeb e Mario Ramiro dá continuidade às experiências realizadas pela escritora brasileira Hilda Hilst na década de 1970, quando ela procurava por meio de gravações de sinais de rádio, um canal de comunicação com amigos já falecidos.

Ela escolhia um espaço vazio entre duas estações e registrava em fita magnética alguns minutos do chiado característico das estações fora do ar. Conhecido como ruído branco este chiado seria, supostamente, o meio utilizado pelos “espíritos” para entrar em contato com o nosso mundo.

A partir de arquivos originais, "Rede Telefonia" propõe ao público uma provocação: entrar em contato com a poeta, morta em 2004 e que em suas experiências perguntava “Vocês Mortos, vivem?”.

A transcrição completa do acervo de fitas cassetes da escritora foi publicada, pela primeira, vez no livro “Hilda Hilst pede contato”. No volume, com o auxilio do código QR, o material original também pode ser escutado pelo leitor. Nos áudios em primeira pessoa e em conversas com pessoas próximas, como Lygia Fagundes Telles, ela discorre sobre o tempo, comenta obras e escritores, fala de sua solidão, de sua escrita, do desejo de ser lida e traduzida. Na mostra, o público também poderá acessar – via QR Code - áudios com cerca de 20 poemas lidos pela própria autora.

Abertura

No sábado, 1º de fevereiro, o MIS-SP terá uma programação especial - também gratuita - durante a abertura da mostra. Às 16h, acontece a visita guiada e um bate-papo com Jurandy Valença e Gabriela Greeb. Às 18h, o público confere, no auditório, uma leitura poética dos textos “Alcóolicas”, “Sobre a tua grande face”, “Bufólicas” e “Cantares do sem-nome e de partidas”, com Bete Coelho, Cida Moreira e Glamour Garcia. A leitura será acompanhada por projeção da VJ Carol Shimeji.

Serviço

Revelando Hilda Hilst

Local: Museu da Imagem e do Som - Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo

Data: de 01.02.2020 a 15.03.2020

Horário: de terça a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 10h às 20h

Entrada franca

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