Em qual estado brasileiro vive o maior número de etnias indígenas? SP é a resposta certa, segundo o IBGE
- Sônia Apolinário

- 24 de out.
- 3 min de leitura

São Paulo é a Unidade da Federação com o maior número de etnias (271), seguida por Amazonas (259) e Bahia (233). O Rio de Janeiro está na oitava colocação com 207 etnias. Foi o que revelou o Censo Demográfico 2022: Etnias e línguas indígenas, divulgado nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já entre os municípios, os maiores quantitativos de etnias estão em São Paulo/SP (194 etnias), Manaus/AM (186), Rio de Janeiro/RJ (176) e Salvador/BA (142). Em Brasília/DF, foram identificadas 167 etnias.
Fora das capitais, os que apresentaram maiores quantitativos foram Campinas (SP), com 96 etnias, Santarém (PA), com 87 e Iranduba (AM), com 77.
Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, atribui o aumento da diversidade étnica em cidades médias à presença de universidades, políticas de inclusão e mobilizações indígenas.
- Campinas, Foz do Iguaçu e cidades do Mato Grosso do Sul passaram a ser polos de atração da população indígena. Isso mudou o mapa da diversidade no Brasil na última década – informou.
Tikúnas
O levantamento registrou 391 etnias, povos ou grupos indígenas residentes no Brasil. As etnias mais populosas são Tikúna (74.061), Kokama (64.327) e Makuxí (53.446). No Censo de 2010, foram identificadas 305 diferentes etnias.
Tupinambás
Entre as 29 etnias com mais de 10 mil pessoas, o maior percentual de pessoas residindo em Terra Indígena é da etnia Yanomami/Yanomán, com 94,34%, seguida da Guajajara (80,28%) e da Xavante (79,5%). A etnia com menor percentual vivendo em Terra Indígena é a Tupinambá, com apenas 1,21%.
Línguas indígenas
Em 2022, havia 295 línguas indígenas faladas por pessoas indígenas com dois anos ou mais de idade. As três línguas com maior número de falantes são: Tikúna (51.978), Guarani Kaiowá (38.658) e Guajajara (29.212). Em 2010, foram identificadas 274 línguas entre os indígenas de cinco anos ou mais.
Entre 2010 e 2022, o número de falantes de língua indígena entre as pessoas indígenas de cinco anos ou mais aumentou de 293.853 para 433.980. Contudo, houve redução no percentual, passando de 37,35%, em 2010, para 28,51%, em 2022.
Entre as pessoas indígenas de cinco anos ou mais, o percentual de não falantes de português diminuiu de 17,49% (2010) para 11,93% (2022). Por outro lado, dentro de Terra Indígena, os não falantes de português aumentaram de 28,85%, em 2010, para 30,96%, em 2022.
- O Brasil, quando você olha para outros países da América Latina, tem essa diversidade étnica e linguística. Esse quantitativo expressivo de etnias, esse quantitativo expressivo de línguas faladas. Ao mesmo tempo, a gente teve esse grande aumento da população indígena entre 2010 e 2022, de quase 90%. Então, havia muita curiosidade: quem são esses indígenas? – comentou Marta Antunes, gerente de Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos do IBGE.

Pertencimento
Segundo ela, os dados do levantamento destacam as diversas formas de organização social dos povos indígenas e múltiplos fatores devem ser considerados na sua interpretação, como os movimentos migratórios, o processo de urbanização, os processos de autoafirmação e reemergência étnica, que ocorrem quando grupos indígenas voltam a se diferenciar perante outros grupos e a sociedade não indígena.
- São pessoas que se declaravam indígenas, mas não acionavam o pertencimento a uma etnia povo ou grupo indígena específico, mas que ao longo dos anos vêm valorizando esse pertencimento fruto de diferentes processos socio organizativos. Nos últimos anos, fruto também do próprio Censo, isso passa a ser valorizado. Declarar para o IBGE o seu pertencimento àquela etnia passa a ser valorizado. Depois de anos de ocultação para lidar com o racismo, principalmente no contexto urbano, se reúnem condições favoráveis para a declaração do pertencimento étnico - explicou.
Com Agência IBGE
































Comentários