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  • Sônia Apolinário

Festa de aniversário virtual vai testar possível modelo de negócio de bar

A festa de aniversário de duas pessoas físicas pode se tornar um “produto” de pessoa jurídica. O piloto da experiência será domingo (31). Aniversariantes do dia, Dalmo Marcolino e a esposa Marília Loiola vão levar para o ambiente virtual um pouco da mecânica das reservas para comemorações que acontecia no bar do casal, o The Drunk Trunk.

Na prática, é uma reunião via plataforma zoom, como muitos já estão fazendo para “encontrar” amigos durante a quarentena de combate ao Corona vírus que determinou isolamento social. A plataforma oferece uma opção gratuita de uso que permite reunião de até 40 minutos. Quem reservar pelo TDT poderá usar o tempo que quiser, no limite de 100 convidados, que é o máximo de uso simultâneo permitido pela plataforma.

Como no bar "real", o aniversariante, no bar virtual, terá 30% de desconto na consumação e, seus convidados, 10%. Ao fazer a reserva, o aniversariante recebe um convite digital com um QR Code para distribuir para seus convidados. É por esse código que as pessoas poderão fazer, com antecedência, seus pedidos para o bar que serão entregues nas respectivas casas. O site e aplicativo desenvolvidos pelo bar gerenciam essa parte.

“É claro que ninguém é obrigado a comprar no TDT para participar do aniversário virtual, como ninguém era obrigado a consumir no bar quando fazia reserva de aniversário. Porém, a tendência é que tenha algum consumo. Mas se não tiver, a festa virtual por nosso intermédio não deixa a marca cair no esquecimento, nesse período em que não podemos receber o público. Vamos explorar possibilidades do ambiente digital para que essa experiência fique registrada e possa ser exibida e relembrada. A mensagem que fica é que as pessoas podem continuar contando conosco para fazer suas comemorações”, comenta Dalmo.

Ele explica que usou seu aniversário e da esposa (ambos fazem aniversário no mesmo dia) para testar a novidade e poder “errar sem arranhar” a imagem do bar. Se esse primeiro momento passar no teste, os próximos passos serão acrescentar música na festa e possibilidade de encomenda de bolos e docinhos. O passo seguinte será a implantação do happy hour corporativo – um “produto” negociado diretamente com empresas que estão mantendo seus funcionários em home office, que terá uma mecânica parecida com o do aniversário.

A quarentena obrigou os sócios do TDT a improvisar soluções. O bar da Tijuca foi o escolhido para ir para a guerra do delivery e está correspondendo mantendo 40% do faturamento original. Os bares do Centro e do shopping Nova América, na zona norte, fecharam para ajudar o delivery a partir de outros lugares. Alguns dos seus equipamentos e mão-de-obra foram deslocados para a casa de um amigo de Dalmo, na Barra da Tijuca; e uma loja de moto, em Botafogo, que também fechou as portas para o público. A casa de Dalmo, em Jacarepaguá, também virou posto de delivery do TDT.

Nessa luta pela sobrevivência dos negócios, no Rio de Janeiro, Dalmo critica a forma como o setor está se portando. Na sua opinião, estão “criando silos” ao invés de união.

“É uma situação que o bar é inimigo da cervejaria, a cervejaria inimiga do bar. Pessoal está criando conta em plataforma e acha que isso é delivery. Como bar, também posso produzir cerveja e vender. Vale a pena fazer isso? Isso será sustentável para mim a longo tempo? É preciso unir o ecossistema. Cervejaria quer vender hoje direto para o consumidor com o preço lá em baixo e amanhã vai querer vender para o bar, não vai dar. Eu não tenho lista negra. Entendo que a cervejaria tenha que vender direto para o consumidor até porque tem bares fechando, mas tem que ser de uma forma que possa contar com o bar amanhã, ou seja, com preço final justo. É preciso uma associação que uma a todos. E percebo que tudo isso é uma característica do mercado carioca e já aconteceu antes. No Rio, é um copiando o outro e falta colaboração de verdade”, afirma Dalmo que está completando 47 anos.

Ele já foi dono de cervejaria, a Bierteria. Encerrou a operação por entender que ser cigano por muito tempo não é financeiramente viável. Agora, do outro lado do balcão, está convicto que não há mais estabilidade no mundo dos negócios e que a palavra de ordem é “experimentar o tempo todo”.

Na sua opinião, a quarentena poderia ser uma oportunidade para o setor repensar suas práticas e se unir para ampliar a participação da cerveja artesanal no mercado.

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