- Sônia Apolinário
Mestre-Cervejeiro.com completa 15 anos e comemora com a colaborativa Double Brown Ale Café
Com o lançamento de uma cerveja colaborativa que recria um rótulo icônico do mercado norte-americano, a marca Mestre-Cervejeiro.com comemora seus 15 anos de criação e 10 anos da inauguração da primeira loja. A produção da Double Brown Ale Café como releitura da Pete’s Wicked Ale reuniu Daniel Wolff, da rede de lojas; Pete Slosberg, da Pete´s Brewing Co – uma das pioneiras na revolução cervejeira que ocorreu nos Estados Unidos, na década de 80, e Richard Brighenti, da catarinense Lohn Bier.
A Mestre-Cervejeiro.com debuta no mercado contabilizando 63 lojas, em esquema de franquia, em todas as regiões do país. Nos últimos três anos, 25 unidades fecharam as portas, mas outras 15 estão para serem abertas.
Para “botar gasolina no tanque do negócio”, Daniel foi à luta em busca de captação de investidores. Ano passado, contratou uma consultoria. Desenharam um plano de negócios e ele foi ao mercado. Voltou com um aporte feito por um investidor anjo.
“É cômodo falar que estamos em crise e não correr atrás do que se quer. Não olho para a crise, mas para frente. Sofremos com a instabilidade financeira, mas não podemos ficar parados esperando que esse quadro mude”, comenta Daniel que não informou o valor do aporte feito e, a pedido do investidor, mantém seu “anjo” no anonimato.
Faz parte dos planos abrir 190 lojas, em quatro anos. Muito do capital que acabou de entrar será usado para profissionalizar e dar suporte para o franqueado. Daniel admite que, quando uma loja fecha, “bate desespero” e todos os esforços serão feitos para que isso não mais aconteça.
A Mestre-cervejeiro.com tem esse nome porque, antes de ser loja, foi um site de conteúdo e consultoria especializada em cervejas, lançado em 2004. Cinco anos depois é que Daniel inaugurou a primeira loja, em Curitiba (PR), o QG do negócio até hoje.
Foi o então designer gráfico, que se apaixonou por cerveja e mudou os
rumos da sua vida profissional, quem criou o layout da sua futura loja, de uma forma que facilitava a padronização, apesar de, naquela época, ainda não ter planos de abrir franquia.
“Desde o início tinha clareza que o negócio era uma loja e não um bar. Porém, uma loja que abarcasse a ideia de cultura da cerveja, onde seria possível contribuir para educar o público. Queria que fosse um local democrático e não somente para os iniciados”, explica Daniel.
Sobre a “concorrência” que os pontos de venda sofrem, atualmente, com os taproons das marcas, Daniel encara de forma positiva:
“Se eu for me preocupar com isso, não saio do lugar. Quero mais é que a fábrica divulgue sua cerveja. O mercado brasileiro é grande. Qualquer décimo que vier a subir, em consumo, significa muita gente. Temos muito o que trabalhar neste sentido e o público, a conhecer as artesanais”.
Daniel lembra que, quando abriu a primeira MC, os rótulos importados dominavam as prateleiras. Agora, com a grande oferta de cervejas artesanais nacionais, o público busca, preferencialmente, por marcas da sua região. Atualmente, o catálogo da rede conta com 3.500 rótulos. Ainda tem importados, mas os nacionais ocupam a maior parte do espaço. E os estoques das lojas mudam, de acordo com sua localização.
Na sua opinião, o mercado atual de cerveja artesanal brasileiro passa por uma “fase boa” porque o consumidor está mais familiarizado com o produto “e falar em IPA ou cerveja de trigo não é mais falar grego”. Sim, a concorrência entre as marcas está grande, mas, para Daniel, isso é “saudável”.
“Muita gente entrou para esse mercado achando que a cerveja seria a salvação da lavoura e essa concorrência foi bom para dar uma peneirada nessa produção toda”, afirma ele que se formou em sommelier de vinho em 2007 e, três anos depois, em sommelier de cerveja, no primeiro curso do tipo, no Brasil, ministrado pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS).
Jurado de concurso cervejeiro nacional e internacional, Daniel acredita que o fato de ter sido um dos pioneiros é justamente o que lhe permite, hoje, “nadar na frente da arrebentação”. Mas os pontos de venda não estão com os dias contados?
Segundo ele, o “varejo em geral” precisa “abrir os olhos” porque, para o consumidor, o mais fácil é comprar pela internet. Na sua opinião, o que atrairá o consumidor para qualquer loja é a experiência proporcionada pela qualidade do atendimento e dos produtos oferecidos.
No seu caso, para melhorar a experiência, as unidades também trabalham com chope e a rede desenvolveu uma linha de acessórios e presentes. Dentro desse conceito, a MC passou a ter a própria cerveja, sendo cada rótulo desenvolvido em parceria com diferentes cervejarias. Até agora, oito já foram produzidos.
Para o “momento 15 anos”, a Mestre-cervejeiro lançou três rótulos com a Tupiniquim: uma Modern IPA, uma Tropical Pale Ale (com manga) e uma Classic Witbier. Ele, porém, queria algo ainda mais especial para comemorar a data. É aí que entra a Double Brown Ale Café.
Daniel é amigo de Pete Slosberg e os dois já tinham feito duas cervejas juntos. Também é muito amigo de Richard Brighenti, da Lohn Bier, onde a colaborativa de aniversário foi produzida. A Pete´s Brewing Co fez “barulho” nos anos 1980, nos Estados Unidos, e acabou comprada, em 1998, pelo grupo cervejeiro norte-americano Gambrinus Company. Um dos seus rótulos mais famosos foi a Pete’s Wicked Ale, uma American Brown Ale que, por um bom tempo, foi o segundo rótulo mais consumido, nos EUA.
A ideia foi fazer uma releitura da icônica cerveja, com algum ingrediente brasileiro na receita. Decidiram pelo café e um blend de produtos nacionais foi feito especialmente para a MC pela Blumenau Coffee Roasters. Foram produzidos dois mil litros da Double Brown Ale Café para venda nas lojas.
“Se quero que minha loja seja ponto de destino, tenho que ter algum diferencial e ter produtos exclusivos é parte dessa estratégia. Meu sonho é ter ponto de venda somente com nossos produtos”, afirma Daniel.
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