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  • Sônia Apolinário

Cerveja Embaixada do Papai promove roteiro de jantares com chefs refugiados

Para lançar seu terceiro rótulo, a cervejaria Mito vai promover uma série de jantares harmonizados. Para acompanhar a Embaixada do Papai, refugiados assumirão a cozinha de diferentes restaurantes. A primeira investida será do Peru, amanhã (terça-feira 29), às 19h, no Boteco do Raoni, no Grajaú.

A estreia ficará por conta do chef Giancarlo Valdivia, do Pop up Peru, que vai preparar quatro pratos. A ideia é harmonizar as comidas típicas do país natal do chef com as cervejas da marca e convidadas.

Deixar de ser uma “cerveja política” para se tornar uma “cerveja social” foi o caminho que o cervejeiro Bruno Mesquita encontrou para manter a crítica com pitadas de deboche, característica da marca, sem fechar pontos de venda para seus rótulos.

“O trabalho com política é delicado. Muitos donos de bar não queriam se comprometer. Resolvi que, ao invés de militância partidária, faria ações que afirmam valores que deveriam ser universais”, explica ele.

A Mito foi criada há cinco anos, como cerveja caseira. Os rótulos remeteriam a deuses de diferentes mitologias. A marca estava começando sua trajetória no mercado quando a palavra passou a designar o atual presidente da República do Brasil, pelos seus seguidores. E quando eles “descobriram” a cervejaria do Rio de Janeiro, o assédio fez com que Bruno postasse, em março passado, um comunicado nas redes sociais da marca:

“Galera, de uma vez por todas. Essa página não é da cerveja do Bolsonaro. Inclusive achamos ele um boçal” (...) Não vendemos cerveja de fascista”, alertava o post.

A partir daí, mudar o nome poderia ser uma opção. Porém, resolveram mantê-lo e também as críticas, na maior parte das vezes, debochadas, por conta do grande apoio que receberam, também nas redes sociais.

O primeiro rótulo lançado foi a Pilsen Golden Shower; o segundo, a Hoppy Lager Comitiva Presidencial, feita com uma generosa carga de pó de lúpulo. A Embaixada do Papai é uma

American Weiss. Com ela, a Mito pretende criticar a política imigratória, principalmente, dos Estados Unidos. Segundo Bruno, mais do que apenas criticar, a ideia é fazer as pessoas refletirem para a importância de “não levantar muros”, mas de “abraçar culturas”.

“Nosso conceito foi amadurecendo. Ser contra o Bolsonaro deve-se ao fato de que os valores que ele prega não são os que defendemos. Bolsonaro passa, mas os valores ficam. Vamos focar no que de fato é importante”, afirma Bruno, engenheiro de produção formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro que trabalhou na Motim antes de decidir ter a própria marca.

A Mito é uma cigana produzida na Sou Terê (Teresópolis, RJ) cujo cervejeiro, Ubirajara Gomes, chegou a ser sócio da marca, no início do projeto.

Depois do Boteco do Raoni, o roteiro de jantares “promovido” pela Embaixada do Papai, vai passar pelo Café do Alto, em Santa Teresa (01/11, Colômbia); Santa Garrafa, em Vila Isabel (10/11, Nigéria); Fábrica Nômade, em Jacarepaguá (14/11, Nigéria); Armazém São Jorge, em Niterói (19/11, Venezuela) e Setehum, em Botafogo (21/11, Camarões).

“Alguns lugares que não quiseram vender nossa primeira cerveja, estão chamando para fazer o jantar. Estamos estudando o roteiro. Quando lançamos o segundo rótulo, promovemos debates sobre políticas relacionadas a drogas. Acreditamos que os consumidores gostam de empresas que se posicionam”, diz Bruno que informa que parte da renda das ações da cervejaria é revertida para alguma instituição relacionada com o tema trabalhado.

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