- Sônia Apolinário
Os 50 anos de Woodstock celebrados com shows no Rio e em Niterói
Entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, 400 mil pessoas se reuniram em uma fazenda, nos Estados Unidos. Foi um final de semana chuvoso, que deixou o local enlameado, mas ninguém parecia se importar com isso. Todos estavam felizes da vida participando de um festival de música que entraria para a História: Woodstock.
Anunciado, à época, como "Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música", o evento se tornou símbolo da chamada contracultura e referência do movimento hippie. Para celebrar os 50 anos da realização de Woodstock, nada melhor do que música.
Hoje (sexta-feira, 23), o tributo será feito pela banda Rio Cover All-Stars, no Rio de Janeiro. Amanhã, será a vez da Society Experience, em Niterói.
A Rio Cover All-Stars será formada por Mimi Lessa (guitarra), Heitor Pitombo (baixo, violão, voz), Vittorio Talone (guitarra, violão, voz), Lucas Frainer (bateria), Lourival Franco (teclados) e Cláudia Sette (Seven Seven, voz). Juntos, todos esses músicos resgatarão alguns dos momentos mais memoráveis da carreira de ícones da música pop como Jimi Hendrix, The Who, CSN&Y, Santana, Joan Baez, Jefferson Airplane, Richie Havens, Janis Joplin, Joe Cocker, Ten Years After e muitos outros. O show será às 20h, na Sala Municipal Baden Powell, que fica na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 360, em Copacabana. Os ingressos custam R$ 40 e R$ 20.
Amanhã, o tributo a Woodstock será na Vila Cervejeira de Niterói. Os portões estarão abertos a partir das 14h. A banda Society Experience se apresenta a partir das 18h. A Vila é formada por um conjunto de taprooms de seis cervejarias da cidade: Brewlab, Matisse, Dad Dog, Arariboia, Invocada e Mosaico. Todos estarão abertos e as comidas serão garantidas por food trucks. A Vila Cervejeira fica na Rua Heitor Carrilho 250, no Centro de Niterói. A entrada é franca.
Mas afinal, o que fez Woodstock se tornar mítico ? O escritor Ricardo Pugialli lembra que
tudo começou com outro evento, o Festival Internacional de Música Pop de Monterey, de 1967 - O Monterrey Pop, como ficou conhecido e acabou ofuscado por Woodstock.
Na produção do Monterey estavam envolvidos empresários, publicitários e até integrantes dos Beatles e dos Beach Boys. Os artistas se apresentaram de graça, com toda a renda sendo doada à instituições de caridade. O festival juntou inimagináveis (para a época) 200 mil pessoas e lançou nomes como Jimi Hendrix.
“Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música” tinha pretensões mais modestas e, inicialmente, foi planejado para ser realizado na cidade de Wallkill. Os moradores, porém, não gostaram da ideia de ser palco de tamanha balbúrdia e proibiram a realização do evento. De forma improvisada, o festival foi transferido para uma fazenda de gado leiteiro em Bethel, distante 70 km de Woodstock.
“Na época, havia uma disputa entre São Francisco e Los Angeles. São Francisco achava que era uma cidade de contracultura raiz e Los Angeles era vista um pouco como nutella. Com Monterey, muitas coisas que estavam restritas a São Francisco ganharam visibilidade. Quando o festival de 1969 foi anunciado, com um cast fenomenal, com muitos tendo se apresentado em Monterey, isso correu no boca a boca e quase 500 mil pessoas se dirigiram para Woodstock. Foi um caos. Não havia banheiros, água, comida para todas essas pessoas. Com o engarrafamento, carros foram largados na estrada e as pessoas foram caminhando para a fazenda. Os artistas tiveram que chegar de helicóptero porque não havia acesso. Mas no meio desse caos, não houve incidentes. Fazendeiros da região doaram comida e as pessoas compartilhavam o que tinham. No palco, dezenas de artistas cantavam contra a guerra do Vietnã”, explica Ricardo Pugialli, que acabou de lançar o livro “The Beatles 1970-1980”.
No festival de Woodstock, artistas não paravam de chegar para se apresentar. Jimi Hendrix só subiu ao palco na segunda-feira, para um público de “apenas” 20 mil pessoas. Foi lá que ele tocou, pela primeira vez, o hino norte-americano simulando barulho de bombas explodindo.
O sucesso do evento fez com que um disco de Vinil e, depois, um filme fossem lançados – produtos que fizeram Woodstock entrar, definitivamente, para a História.
“Já tentaram recriar Woodstock, mas isso não será possível, não vai funcionar. O mundo não é o mesmo daquela época. Além disso, os artistas, hoje, em sua maioria, não são espontâneos. Acho que Woodstock foi a última grande manifestação do que significa viver, de fato, em clima de paz, amor e coletividade”, comenta o escritor.
Esse casal estampou a capa do vinil que celebrou Woodstock. Eles ainda estão juntos e felizes
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