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  • Sônia Apolinário

Rio Ethical Fashion discute a sustentabilidade na moda

Na indústria da moda, atualmente, 70% do que se produz não é consumido porque está além das necessidades das pessoas. O setor vive um impasse, mas existe muita gente repensando formas de produzir e consumir moda. É isso que o Rio Ethical Fashion vai discutir e apresentar, de hoje (quinta-feira, 6) a sábado (8), no Rio de Janeiro. Trata-se do 1º fórum internacional de moda sustentável realizado no país, não por acaso, na Semana do Meio Ambiente.

A indústria da moda gera cerca de € 2,4 bilhões em negócios e emprega cerca de 75 milhões de pessoas, em todo mundo, sendo a terceira indústria que mais consome água. É responsável por 10% das emissões globais de CO2. No chamado fast fashion, o material mais empregado é o poliéster, que demora cerca de 200 anos para se decompor.

Idealizadora do evento, Yamê Reis afirma que seu objetivo é “tirar o Brasil do isolamento”, uma vez que o “mundo inteiro” discute e busca maneiras de tornar a moda sustentável:

“Houve uma época que eram produzidas duas coleções anuais. Na virada do século, com o

fast fashion, começaram a fazer de oito a 12, por ano. O que encalha no estoque é incinerado, o que é um grande prejuízo. As empresas perdem milhões com as sobras de produção. A busca por soluções sustentáveis ajuda a pensar em novos negócios. Encontrar solução para o impasse da moda é uma questão de sobrevivência. O empresário precisa entender isso”, afirma ela que é coordenadora de Design de Moda no Istituto Europeo di Design (IED Rio).

Academia

Hoje, das 10h às 14h, será realizado o encontro "Moda & Academia", no IED Rio, na Urca. Como engajar os estudantes na transformação para uma moda responsável e limpa é uma das questões em debate, em busca de soluções. O encontro é exclusivo para educadores, mas poderá ser acompanhado, ao vivo, pela internet, mediante inscrição gratuita.

Das 16h às 19h, no mesmo local, será realizada uma feira de trocas de roupa, aberta ao público, com capacidade para cem pessoas. À frente dessa ação está Patrick Duffy, fundador da Global Fashion Exchange – uma plataforma internacional que promove a sustentabilidade na indústria da moda.

Palestras

A “pièce de résistance” do fórum será amanhã, sexta-feira (7) , no teatro Oi Casa Grande, no Leblon. Ao longo do dia, a partir das 9h, serão realizados 14 painéis com convidados internacionais e expoentes da moda sustentável brasileira, como Simone Cipriani (criador do Ethical Fashion Initiative), Marieke Eyeskoot (autora e uma das principais especialistas em sustentabilidade na Holanda), André Carvalhal (diretor de criação da Ahlma) e Bia Saldanha (ambientalista e coordenadora da cadeia produtiva da borracha da Vert no Brasil). Esse evento é pago.

Novos modelos de negócios baseados em compartilhamento ou assinaturas de roupas serão apresentados no evento. Em foco também questões relacionadas com o comércio justo e economia solidária - que permite distribui a riqueza ao longo da cadeia produtiva da moda, do campo à cidade; bem como a formação de parcerias.

Uma que promete ser das mais “promissoras”, vai unir a moda com outra indústria também chegada a muito desperdício, que é a alimentícia. Yamê conta que estão sendo feitas várias pesquisas que buscam transformar resíduos de alimento em material têxtil, dentro dos paradigmas da Economia Circular. Segundo ela, o couro produzido a partir da pele do Pirarucu é um exemplo desse processo.

Após as palestras, às 18h, na livraria Travessa, do Leblon, duas escritoras vão autografar seus livros: a holandesa Marieke Eyskoot, (“This is a Good Guide – for Sustainable Life” ) e a brasileira Luana Génot, diretora do Instituto Identidades do Brasil (“Sim à Igualdade Racial”).

Documento

No sábado, também das 10h às 14h, no IED Rio, acontece a "Agenda Moda Brasil". O objetivo é criar, com os participantes do evento, um documento para funcionar como um guia de ação, “uma bússola” para apontar “prioridades e práticas desejáveis para a implementação da sustentabilidade na moda”. Esse encontro é exclusivo para convidados do setor da indústria, mas também poderá ser acompanhado pelo público, ao vivo, pela internet, mediante inscrição gratuita.

Comunic: Muitas marcas já estão se mexendo e criando diferentes ações, mas o consumidor sabe disso ?

YR: As marcas não comunicam bem esse esforço. É preciso transparência. Por que uma roupa é cara? Abre a planilha de custos para o cliente. O consumidor também está mais atento com o que as empresas estão fazendo. Esse movimento em torno da sustentabilidade é irreversível.

Ex-diretora criativa de marcas como Cantão, Le Lis Blanc, Totem e Mercatto, Yamê não quer mais fazer coleções. Há três anos, ela chegou à conclusão que já tinha criado “o número de produtos que podia”. Agora, está à frente da sua empresa, a Moda Verde, para atuar nas áreas de Educação, Direção Criativa e projetos especiais para Moda Sustentável. O interesse pelo tema não tem nada de novo na sua vida. Socióloga, ela foi uma das criadoras do Partido Verde, no Rio de Janeiro.

Programação completa das palestras

IED Rio: Avenida João Luis Alves, 13 - Urca

Teatro Oi Casa Grande: Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 A - Leblon

Livraria da Travessa Leblon - Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 - loja 205 A (Shopping Leblon)

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