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  • Sônia Apolinário

Rio Carioca dá golpe de mestre na sua propaganda

O chamado marketing de oportunidade não é novidade. Quando uma marca opta por essa estratégia, qualquer assunto pode servir de inspiração para uma peça promocional. A cervejaria Rio Carioca colocou o dedo na ferida do golpe militar desferido no dia 1 de abril de 1964.

O resultado? O maior volume de interação que a cervejaria já teve, em suas redes sociais – até a última quarta-feira, dia 27, foram 290 mil comentários postados.

Até então, a campeã de

interações era Adriana Ancelmo (20 mil), ou melhor, uma peça promocional que fazia alusão à prisão da mulher do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral - ambos réus na Operação Lava-Jato. Cabral está preso e já soma 198 anos e 6 meses em condenações.

Adriana cumpre em prisão domiciliar sua pena de 18 anos graças a uma decisão do Superior Tribunal de Justiça sob alegação de que tem um filho menor de 12 anos.

Os ex-presidentes Lula, Dilma e Temer. O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, o prefeito também do Rio de Janeiro Marcelo Crivella e até uma marca concorrente já foram alvo do humor irônico das peças publicitárias da cervejaria.

“Nós não levantamos bandeiras. Falamos mal de todos”, afirma Luiz Eduardo Vieira, cervejeiro e um dos sócios da Rio Carioca. “No caso da peça do golpe, não imaginávamos que fosse gerar tanta repercussão. As vendas explodiram”.

Ele explica que o bate-papo em torno de uma mesa de bar, hábito típico do carioca, é o conceito por trás de todo o marketing da cervejaria. As peças são como os assuntos que são discutidos, entre uma rodada e outra de cerveja gelada – da marca Rio Carioca, naturalmente.

Sim, o objetivo é provocar discussão. Cabe à equipe da agência de publicidade 1121 estar atenta e forte. Agilidade é importante, mas a escolha do assunto precisa ser de entendimento imediato por parte do público.

“Uma vez eles me apresentaram uma peça a partir de uma situação que tinha acabado de acontecer no Congresso Nacional e eu ainda não tinha conhecimento. Ou seja, não entendi a mensagem. Quando eles me explicaram, confiei na equipe e autorizei. Logo em seguida, o assunto foi muito comentado, então, foi um acerto a peça ter ido para a rua”, conta Luiz.

Em relação ao golpe de 64, afirma que a aprovação foi imediata, “sem receito ou dúvida”. Ele acredita que, uma eventual “reação raivosa” contra a marca é revertida quando o consumidor conhece o histórico da sua publicidade.

Lançada em 2015, a Rio Carioca tem três rótulos (Pilsen, Weiss e Witbier). Cervejaria cigana do Rio de Janeiro, produz 2 mil litros a cada dois meses da sua cerveja na fábrica da Antuérpia, em Juiz de Fora (MG). O “sucesso do golpe” aumentou as vendas para fora do estado, principalmente São Paulo.

Com 41 anos, Luiz não viveu o pior período de 64 até porque não era nascido. Ele tem outros dois sócios na cervejaria. Um se assume como sendo de direita e outro de esquerda. Carioca de Jacarepaguá, Luiz tem formação em Teoria da Informação, se interessa por Ciências Políticas, mas faz questão de não votar há várias eleições.

Foi ele quem criou a cervejaria, depois de alguns anos como “paneleiro” tendo a produção elogiada por amigos. Luiz conta que, desde o início, a ideia era ter uma marca artesanal que acompanhasse o gosto do carioca de ficar horas bebendo e conversando em um bar. Assim, optou por desenvolver rótulos “refrescantes e leves”.

O uso do humor na comunicação da marca foi, para ele, “um caminho natural”. Segundo Luiz, pode tudo, “menos ser desrespeitoso”. A política entrou em cena nas peças da cervejaria logo no final de 2015. Levaram, porém, algum tempo até achar o tom certo.

“O que queremos é a zoação típica do bar. Recebemos o tempo todo sugestões de piadas. Ainda não aproveitamos uma sugestão do público, mas sonho com isso. Nosso objetivo é estimular uma discussão e mostrar que isso não significa guerrear. Uma pessoa pode discordar da outra sem que se tornem inimigas. Atualmente, falta essa compreensão em relação ao outro”, afirma Luiz.

Confira algumas peças publicitárias e veja se relaciona com os acontecimentos políticos

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