- Sônia Apolinário
Como participar de beer run sem colocar sua saúde em risco
Um tipo de evento que começou a se tornar comum no ano passado parece que vai se firmar como moda em 2019. As beer runs estão atraindo cada vez mais o interesse do público. No Rio de Janeiro, o primeiro evento do tipo acontece no próximo dia 20. Outros dois serão realizados até o fim do mês e um terceiro está previsto para o início de fevereiro. Corrida rima com cerveja? Que benefícios ou malefícios a bebida pode trazer para o corredor?
De acordo com o médico ortomolecular, beer sommelier e homebrewing Bruno Teixeira, corrida pode rimar com cerveja desde que sejam observadas algumas questões.
“Álcool em baixas doses é termogênico, melhora a circulação sanguínea e ajuda a queimar gordura. Porém, se beber demais, altera o reflexo, o que pode provocar acidentes, além de causar desidratação”, afirma Bruno, também sócio da 2Hop BrewShop.
Ele observa que beer run deve ser encarado como “celebração da saúde e da cultura cervejeira” e não como evento esportivo.
Quem pratica atividade física com regularidade, segundo Bruno, pode melhorar seu desempenho se beber, uma hora antes do treino, de uma a duas long necks de uma cerveja leve como Pilsen, Lager ou Catharina Sour.
Além disso, ele informa que cerveja é uma bebida também rica em proteínas, aminoácidos e vitaminas do complexo B, além de minerais antioxidantes sendo que o lúpulo também tem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e vaso dilatadoras.
No caso das beer runs - quando o corredor recebe cerveja em vários “pontos de hidratação” ao longo do percurso – deve-se beber, no máximo, 300 ml em cada ponto – o ideal é 200 ml.
Bruno alerta para o fato de que beber demais enquanto se faz esforço físico pode acarretar desidratação, mesmo sendo a cerveja composta 97% de água. Isso porque, o álcool bloqueia o hormônio antidiurético (ADH). É por isso que, quanto mais se bebe, mais se tem vontade de urinar. Segundo ele, “cerveja em quantidade moderada hidrata”. Porém, a partir de um determinado ponto, o álcool bloqueia o hormônio ADH e a pessoa perde mais líquido do que o ingerido com a cerveja.
No pós-treino, ensina Bruno, as cervejas mais lupuladas e as mais escuras são as melhores opções:
“Cruzando essas características, chegamos na Black IPA. A cerveja lupulada contribui com a
propriedade anti-inflamatória do lúpulo, que reforça a atividade anti-inflamatória do álcool. Já as cervejas mais escuras têm alta carga de proteína. Um litro de uma Russian Imperial Stout (RIS) tem uma carga proteica equivalente a uma dose de 30 gramas de Whey Protein - proteína de rápida absorção e rica em aminoácidos, extraída do soro do leite, cujo consumo auxilia no ganho de massa. Nisso, há uma reposição de vitamina, proteína, minerais, além de ação anti-inflamatória e vaso dilatadora pós treino, o que favorece uma recuperação acelerada e otimizada”.
De uma maneira geral, Bruno apoia a realização dos beer runs, mas adverte que é preciso “ter uma participação responsável”:
“O consumo diário de cerveja é recomendável. Para homens, vale beber até três Long Necks; para mulheres, uma ou duas. Não é machismo. Existe uma enzima chamada desidrogenase alcoólica que o homem tem 50% a mais do que as mulheres e metaboliza mais ou menos o álcool e deixa você mais resistente ou menos. Aliás, os riscos do consumo de cerveja em uma beer run varia de pessoa a pessoa porque um organismo pode estar mais ou menos apto a essa junção do álcool com esforço físico. Independente de qualquer coisa, beber água é fundamental para não se desidratar. O álcool em quantidade moderada não faz mal. Porém, cada um deve descobrir qual a sua medida para ser considerada moderada”, afirma Bruno.
As primeiras beer runs divulgadas para acontecer no Rio de Janeiro:
Corrida do Cervejeiro – 20 de janeiro
Local: Camboinhas, Niterói (RJ)
Ingresso: R$ 150,00 (dá direito a 20 chopes por pessoa)
Dinâmica: correr 2,5 Km com direito a um copo de chope a cada 150 m
“Nesse formato, a quantidade de cerveja me parece excessiva, com a distância entre os pontos de hidratação pequena. Prevê um maior consumo em menos tempo. Aqui os participantes podem passar mal”, comenta Bruno.
2º CPR Run & Beer – 26 de janeiro
Local: Quinta da Boa Vista (RJ)
Ingresso: · R$ 59,99
Dinâmica: completar 4 voltas em um percurso de 500 m com direito a uma lata de cerveja a cada passagem. Após a última passagem, recebe 2 latas de cerveja, ou seja, quem completa o percurso sai do evento com 5 Latas.
Circuito Cervejeiro de Corrida – 26 de janeiro, Etapa Lumiar
Local: em frente à Cervejaria Ranz, Lumiar (RJ)
Ingresso: entre R$ 54,00 e R$ 89,00
Dinâmica: correr 3 Km, ao final, recebe 3 long necks
Paquetá Beer Run pré-carnaval 2019 – 9 de fevereiro
Local: Paquetá Iate Clube, Paquetá (RJ)
Ingresso: entre R$ 50,00 e R$ 85,00
Dinâmica: Correr 4 Km com 3 postos de hidratação. Em cada um, o atleta receberá uma lata de cerveja e um chopp no final do percurso.
Para comentar, aqui