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  • Sônia Apolinário

Vinícola gaúcha cria a cervejaria Alem Bier

A vinícola Monte Reale, da cidade gaúcha de Flores da Cunha, agora também produz cerveja. Em julho, os primeiros quatro rótulos da Alem Bier chegaram ao mercado, por enquanto, somente no Rio Grande do Sul.

Pilsen, Oatmeal Stout, IPA e Weiss foram os estilos escolhidos para iniciar esse novo negócio da família Mioranza que, como várias da região, é formada por imigrantes italianos. Foi Valdecir quem criou a Monte Reale há 45 anos. É seu neto Bruno, de 28, quem responde pela Alem Bier, ao lado do irmão Carlo. Ter uma cervejaria também fazia parte dos planos de Valdecir.

Bruno conta que, desde a década de 70, seu avô sonhava em produzir chope. Ele acompanhou os primeiros passos para a criação da marca, mas não conseguiu ver a cervejaria funcionando. Valdecir morreu há dois anos. Em sua homenagem, a cerveja traz na logomarca a imagem de uma águia alpina, símbolo da família, na Itália, e que ornamentava um chapéu que Valdecir costumava usar. Na foto, ele está à esquerda, ao lado do filho Ênio.

Se as garrafas da Alem Bier chegam agora ao mercado, os primeiros chopes já circulam pela região de Flores da Cunha há cerca de um ano.

“Demoramos para criar a cervejaria porque, primeiro, fizemos um estudo de mercado e esperamos uma melhor oportunidade para fazer esse investimento. Abrir mais um leque de produtos para a empresa será muito positivo”, comenta Bruno.

A Monte Reale é a segunda vinícola brasileira a produzir cerveja. Em 2015, a Casa Valduga, de Bento Gonçalves, também do Rio Grande do Sul, lançou a marca Leopoldina.

No caso da Monte Reale, o ineditismo fica por conta de ter construído a cervejaria dentro da vinícola. Segundo Bruno, trata-se de um “projeto ousado” do seu pai, Ênio, que optou por fazer a cervejaria recortada na pedra, no centro de uma estrutura utilizada para armazenar tanques de madeira.

O resultado foi um “espaço mais compacto” que faz com que o processo de embarrilhamento fique mais demorado. Porém, muitos barris da vinícola serão utilizados, agora, para produzir cervejas especiais do grupo.

A Alem Bier tem um cozinha de 200 mil litros e tanque com capacidade para produzir 30 mil litros por mês. No momento, a produção é de 10 mil litros por mês.

Apesar de ser um cervejeiro paneleiro, Bruno não coloca a mão na massa para produzir os rótulos da Alem Bier. Quem cria as receitas são os irmãos Fernando e Carlo Lapolli, sócios da Cerveja Blumenau. Carlo também é o atual presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal.

“Eles estão nos assessorando. Eu coordeno os trabalhos e dou palpites. Optamos por ter os estilos que as pessoas que estão se aproximando das cervejas artesanais mais buscam. Queremos uma cerveja que a pessoa possa apreciar e repetir. Que não pare no primeiro copo”, afirma Bruno que se ocupa mais da parte administrativa do negócio enquanto o irmão Carlo está mais envolvido com a produção.

Na sua opinião, a Alem Bier não vai tirar público da Monte Reale. Isso porque a

cerveja é vista como uma bebida descontraída, mais casual do que o vinho, encarado como mais nobre e cheio de rituais para sua degustação. Essa descontração da cerveja, segundo Bruno, atrai cada vez mais os jovens para o consumo da bebida. Esse nicho de mercado o vinho não consegue atingir.

“Flores da Cunha é a maior região produtora de vinho do Brasil, mas o que se vê entre os jovens é o grande consumo de cerveja. Acredito que não haverá preconceito contra a nossa bebida pelo fato de pertencer a um grupo que também tem uma vinícola. Ao contrário. Regionalmente, é um diferencial ser uma vinícola que também produz cerveja. É a fusão de dois mundos”, afirma Bruno.

No caso dessa “fusão de dois mundos” ela poderá ser encontrada, em breve, também, engarrafada. A Alem Bier já iniciou a produção de cervejas especiais, mais caras, desenvolvida com conhecimentos adquiridos no trabalho com a vinícola. Em chope, a cervejaria já produz a Muscat Saison, com mosto de uvas Moscatel, cultivadas na Serra Gaúcha. Um linha envelhecida em barris de madeira também está a caminho do mercado.

Essas cervejas especiais – leia-se, mais caras – é que a Alem Bier pretende “exportar” para outros estados do país. Bruno explica que, por serem “produtos únicos”, são valorizados pelo consumidor. No caso das cervejas “de linha”, os impostos tornam os rótulos poucos competitivos, fora do estado.

“Acreditamos que há uma tendência de aumento de consumo de cervejas artesanais. Porém, deve haver uma seleção de quem fica e quem sai do mercado. Não temos preço para competir com o mercado de massa. Vai ficar quem estiver organizado em termos de negócio e produzir cerveja boa”, observa Bruno.

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