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  • Sônia Apolinário

Cervejaria Matisse lança Maruhy, uma Stout que homenageia o pintor Antonio Parreiras e Niterói

Uma Stout com nibs de cacau e canela é o mais recente lançamento da cervejaria Matisse. Batizada como Maruhy, o rótulo presta uma homenagem a um pintor consagrado no passado e um tanto esquecido no presente, Antonio Parreiras, natural de Niterói como a própria cervejaria.

Maruhy, a cerveja, é uma receita criada pela Nádia, a filha mais velha da família e mestre cervejeira da Matisse. Nos últimos dois anos, foi testada em brassagens domésticas comandadas pela mãe Maria Antônia. O resultado que mais agradou à família é o que chega agora ao mercado.

Com 6,7% de teor alcoólico e 51 IBU, Maruhy é uma American Stout “mais encorpada, aromática e complexa”, segundo Mário Jorge, marido de Maria Antônia e responsável pela parte comercial da cervejaria:

“Nossa Stout é uma releitura da versão americana do estilo com destaque para o cacau brasileiro, que é um dos melhores do mundo. Buscamos um fornecedor da Bahia e optamos pela semente em lasca do cacau torrado para obter um sabor mais puro da fruta na cerveja. Usamos também canela e aveia maltada, na receita. O resultado ficou equilibrado a ponto do amargor, apesar de ser alto, não se destacar demais”.

De acordo com Maria Antônia, o aroma da Maruhy lembra café torrado e chocolate amargo, com um leve toque de canela. O sabor acompanha o aroma.

Com a Stout, a cervejaria passa a ter cinco rótulos no mercado. Os outros são

APA Amélie

IPA com café verde Lydia

Fruit Sour com pêssego Cézanne

Catharina Sour com uvaia Saboya

Seguindo a linha de homenagear as artes plásticas por intermédio da cerveja, a Matisse com a Maruhy presta, na verdade, uma dupla homenagem: ao pintor Antonio Parreiras e à própria cidade de Niterói, sede dessa cervejaria cigana. Maria Antônia explica que o nome é também uma “provocação”:

"Atualmente, quem mora em Niterói deve associar Maruhy apenas ao cemitério que fica no bairro do Barreto. Mas nós queremos lembrar que existe a ilha do Maruhy, que foi retratada por Antonio Parreiras, um artista consagrado internacionalmente”.

Antonio Parreiras (1860-1937) nasceu e morreu em Niterói. O casarão onde viveu, no bairro do Ingá, foi transformado em um museu em sua homenagem. Atualmente, o local se encontra fechado à visitação pública em função de obras.

O pintor se destacou ao retratar em quadros sua visão sobre a História do Brasil, encontrados em muitas sedes de governo pelo país. Foram, porém, os quadros que retratavam paisagens, pintados ao ar livre, que o transformaram em um “rebelde” para a época, uma vez que a Academia não reconhecia o valor desse tipo de obra. Antonio Parreiras rompeu com a Academia e passou a realizar exposições na sua própria casa.

Maruhy, o quadro, se chama, “Maruhy pequeno” e pouco se sabe sobre a obra – não há informações onde se encontra atualmente. Esse óleo sobre tela data aproximadamente de 1884. Foi uma das primeiras pinturas executadas por Parreiras. Ele expôs o quadro em junho de 1885, junto com outras obras suas, na loja A Photographia, então localizada na Rua da Conceição, em Niterói. Antonio Parreiras foi sepultado no Cemitério do Maruí, em 18 de outubro de 1937.

“O jornal O Fluminense, em 1885, fez uma referência a Antonio Parreiras como sendo um dos três artistas mais importantes da época. A ilha de Maruhy já foi um cartão postal de Niterói, mas as pessoas da cidade não conhecem. Antonio Parreiras foi muito homenageado no passado e o brasileiro costuma não valorizar muito a própria história. Resgatar sua importância por intermédio da nossa bebida é o nosso objetivo porque entendemos que fazer cerveja artesanal é uma arte e queremos ter sempre uma obra como pano de fundo para nossos rótulos”, conta Maria Antônia.

Por falar em rótulo, a arte da Maruhy contém um elemento de outra obra de Antonio Parreiras: Ventania, de 1888, que se encontra na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Antonio Parreiras, verbete

Museu Antonio Parreiras, conheça

As informações sobre o quadro "Maruhy Pequeno" foram dadas pela equipe do museu que recebe apenas visita para fins de pesquisa, previamente agendada

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