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  • Sônia Apolinário

Nova Friburgo quer selo de indicação geográfica para cerveja da região

Com a produção de lúpulo em Nova Friburgo (RJ), a região já sonha com a criação de um selo de indicação geográfica para valorizar as cervejas locais. O primeiro passo para iniciar esse processo já foi dado com a criação da Beer Alliance – Associação da Indústria Cervejeira de Nova Friburgo e Região.

Para a Festa da Flor de Lúpulo, realizada em Amparo, nos dias 31 de março e 1 de abril, o grupo produziu, pela primeira vez, uma cerveja colaborativa, uma Blond Ale batizada com o nome do evento. Na receita, foram utilizados os lúpulos Cascade e Saaz, além de dry hopping com Victoria Gold.

A Beer Alliance é formada por 12 fábricas, que reúnem 20 marcas do total de 35 produtores da região que integram a Bacia Hidrográfica Rio Dois Rios. Além de Nova Friburgo, fazem parte os municípios Duas Barras, Bom Jardim, Cordeiro, Macuco, Carmo, Trajano de Moraes, Santa Maria Madalena, Itaocara, São Fidélis e São Sebastião do Alto.

“O nosso principal diferencial a ser trabalhado comercialmente será o lúpulo local, com as características do nosso terroir que vai agregar valor aos produtos da região”, comenta o consultor em gestão de negócios Sérgio Paiva, diretor executivo da Beer Alliance.

Ele sabe que o selo “Cervejas da Região de Nova Friburgo” é um projeto de longo prazo, que passa por um processo que garanta “um bom controle de qualidade do produto”.

No caso do lúpulo, esse controle passa pelo minucioso conhecimento das características das plantas que estão sendo cultivadas na região, a maioria em Amparo. Uma das responsáveis por esses estudos é a professora de química Patrícia Fontes Pinheiro, da Universidade Federal do Espírito Santo, que, até o próximo mês de julho, pretende divulgar os primeiros resultados das pesquisas, iniciadas ano passado.

“Pouco se sabe a respeito dos voláteis dos lúpulos brasileiros, mas já detectamos muitos compostos que constam da literatura tradicional sobre as plantas. Isso é um bom indício. Já detectamos também que os lúpulos de Amparo têm muito aroma”, comenta a professora, uma das palestrantes do evento que lembrou que o lúpulo tem propriedades bactericidas e também é utilizado na indústria farmacêutica.

Investir em lúpulo aromático é exatamente o que pretende Paulo Celles Cordeiro,

atualmente, o principal produtor da planta, em Amparo. Afinal, segundo explica, são os lúpulos aromáticos que vão “impregnar” a cerveja da região com o terroir local.

Essências

Distrito de Nova Friburgo, Amparo está envolvendo o maior número possível de seus moradores no negócio do lúpulo. Fora das universidades, muitos testes estão sendo feitos em várias cozinhas da comunidade.

Na Festa da Flor de Lúpulo, geleias, picles, aromatizadores de ambiente e perfumes feitos com a planta foram apresentados para o público.

“O lúpulo não é uma planta comportada. Ele começa com um cheiro, no meio do caminho é outro e no final, é outro aroma diferente. Só no final que o cheiro fica realmente bom. É uma planta complicada de trabalhar”, admite Sonia, responsável pela Sonia Modas, Roupas e Essências, encarregada de fazer alguns produtos com lúpulo para a festa.

De todos que usou, seu preferido foi o Cascade “porque é o mais adocicado”.

Dicas técnicas

Cerca de 50 pessoas acompanharam as palestras técnicas que fizeram parte da programação da Festa da Flor de Lúpulo, realizadas no clube de Amparo. Lá também foram degustadas cervejas feitas especialmente para o evento, com lúpulos da região. Visitas a plantações de lúpulo completaram a programação.

Para quem quer iniciar uma produção de lúpulo, o engenheiro agrônomo Alexandre Jacintho Teixeira, da EMATER-Rio deu algumas dicas:

Uma plantação de lúpulo precisa de 6 litros de água por dia. A planta não gosta de terra barrenta e se desenvolve em solo com ph entre 6 e 6,5.

Na propriedade, a escolha do local da plantação é muito importante porque é preciso combinar o máximo de luminosidade com a melhor temperatura.

Plantios de rizomas devem ser feito nos meses de setembro e outubro.

Colheita

No exterior, as colheitas são feitas após o primeiro ano de plantio. O produtor Paulo Celles Cordeiro tem conseguido bons resultados já a partir do quarto mês. Por enquanto, sua colheita tem sido manual, ao contrário dos grandes produtores do exterior que cortam as árvores.

Quando seco, o lúpulo fresco perde 75% do seu peso. É possível conservá-lo fresco por até um ano se embalado a vácuo e mantido a uma temperatura de – 10 graus C.

Hidropônicos

Em Teresópolis, o Viveiro Ninkasi mantém uma bem-sucedida produção de mudas de lúpulo feita em sistema hidropônico.

Mais detalhes sobre a produção de lúpulo em Amparo, leia "Nova Friburgo desponta como polo produtor de lúpulo no Rio de Janeiro"

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