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  • Sônia Apolinário

Musical infantil transforma livro de física em show de rock inspirado em David Bowie

Um show de rock comandado por partículas subatômicas. Assim é o musical infantil “Isaac no mundo das partículas’”, na definição da sua diretora Joana Lebreiro. O espetáculo estreia no próximo dia 27, às 16h, no teatro do centro cultural Oi Futuro, no Flamengo (RJ). O texto é uma adaptação do livro homônimo escrito pela professora de física Elika Takimoto. Em cena, projeções e um visual inspirado em Ziggy Stardust, o antológico personagem criado pelo roqueiro David Bowie.

Créditos: Rudy Hühold

A história começa quando o protagonista Isaac (João Lucas Romero) vai à praia, segura um pequeníssimo grão de areia e começa a se interessar pelos mistérios do Universo. O grão de areia (Claudio Mendes) ganha vida e, para dar conta da curiosidade do menino, o leva para uma viagem que começa na Grécia e acaba na Suíça, mais precisamente, na sede da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear. Tudo isso é narrado por um enigmático personagem: a partícula subatômica Bóson de Higgs (Julia Gorman), um dos mais fundamentais elementos do Universo. No elenco, também estão André Arteche e Júlia Shimura, que vivem músicos-partículas e cientistas.

Dez músicas “costuram” a trama e ajudam a contar essa história. A diretora garante que ninguém vai se deparar com uma aula de física em cena. Ao contrário. Segundo ela, trata-se de uma “grande bagunça de física” cujo objetivo é despertar a curiosidade de crianças e adultos. Foi justamente porque Joana ficou curiosa a respeito do livro de Elika que a peça surgiu.

“Percebi que podíamos fazer uma peça que abordasse, de forma metafórica, o processo do nascimento do ‘cientista’ que pode existir em cada um de nós, focando na curiosidade infinita que nos move como seres humanos pensantes, incessantemente questionadores”, comenta ela que, ironicamente, sempre jogou no time dos que não gostavam de estudar física.

Foi a própria Joana quem fez a adaptação do livro para o teatro. Ela conta que quase caiu na

armadilha de levar para o palco uma aula de física. Foi justamente quando se “libertou” da ideia de que deveria ser didática que a peça surgiu, com a entrada em cena de muitas metáforas.

Quando as metáforas chegaram, a ideia de que a atmosfera do espetáculo passava pelo personagem Ziggy Stardust – o extraterrestre que chega de um outro mundo para salvar a Terra, criado pelo roqueiro David Bowie - já estava mais do que consolidada na cabeça de Joana. E sob essa inspiração, dez músicas foram criadas, bem como toda a ambientação cênica que faz uso de projeções.

A diretora conta que, quando os ensaios começaram, toda a equipe foi estudar física, em um workshop. E quando um determinado trecho da peça gerava dúvida no elenco, Joana na mesma hora reescrevia. Ela afirma que definir o que falar e como falar foi o grande desafio desse projeto.

Com vários musicais adultos no currículo, a diretora conta que passou a se interessar pelo teatro infantil quando nasceu seu primeiro filho, Vicente, atualmente com 9 anos. Quando ele era um bebê, Joana colocou em cena a peça “Coisas que a gente não vê”. Depois foi a vez de “Bisa Bia, Bisa Bel” vencedora de 4 prêmios CBTIJ (Melhor Espetáculo, Direção, Texto Adaptado e Coletivo). Em dezembro de 2016, quando estava amamentando sua caçula Cecília, se deparou com o livro de física e “Eureka!”, outra peça surgiu.

“Acho que foi algo quântico, mesmo, porque eu vinha pensando em montar outro projeto infantil quando me deparei com a notícia a respeito do livro. Falar para criança é encantador. Parece que você pode tudo. São muitas as linguagens possíveis. Já teve uma época que o teatro infantil não era valorizado, mas isso já passou. Como também a ideia de que teatro infantil é algo simples”, afirma Joana.

Segundo a diretora, o espetáculo começa com um tom mais filosófico, passa por questões existenciais e, depois, vira uma grande brincadeira. Ela conta que a mensagem que quer passar para o público é que perguntar não é coisa de quem não sabe nada, ao contrário, é de quem sabe e quer saber mais.

“A criança precisa ficar tranquila com o fato de fazer muitas perguntas, de ter necessidade de respostas. Porque, quanto mais perguntas, mais vai entender a respeito do mundo ao seu redor”, afirma Joana.

Instalação

A partir do dia 3 de fevereiro, a temporada da peça será acompanhada pela instalação “Os mundos de Isaac”. Criada pelos videoartistas Rico Vilarouca e Renato Vilarouca – que também assinam as projeções do espetáculo –, o trabalho usa a tecnologia para inserir o espectador em realidades virtuais. A instalação poderá ser conferida tanto pelo público da peça, como atividade complementar, quanto por qualquer outro visitante do centro cultural.

Com o auxílio de óculos especiais e fones de ouvido, a obra permitirá que o observador explore cenários interiores do personagem Isaac, na condição de protagonista. A obra levará o visitante aos ambientes visitados pelo personagem-título do espetáculo: a praia e o mundo das partículas.

O livro

No dia 17 de fevereiro, logo após o espetáculo, a professora Elika Takimoto lança no próprio Oi Futuro o seu livro “Isaac no mundo das partículas’”. Ela o escreveu após fazer um curso de uma semana na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, na Suíça. Quando voltou ao Brasil, foi “bombardeada” por perguntas pelo seu filho, que queria entender o que ela havia estudado. Respondeu algumas perguntas, mas buscou livros que pudessem aplacar a curiosidade do filho. Como não encontrou, resolveu escrever ela mesma.

Ficha técnica:

Isaac no mundo das partículas

Baseado na obra homônima de Elika Takimoto

Texto adaptado e direção: Joana Lebreiro

Elenco: André Arteche, Claudio Mendes, João Lucas Romero, Julia Gorman e

Júlia Shimura.

Projeções do espetáculo e videoinstalação ‘Os mundos de Isaac’: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca

Direção Musical: Ricco Viana

Canções: Ricco Viana e Joana Lebreiro

Figurinos: Bruno Perlatto

Iluminação: Paulo César Medeiros

Cenário: Natália Lana

Serviço:

Espetáculo "Isaac no mundo das partículas"

Temporada: de 27/01 a 25/03

Local: teatro Oi Futuro - Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo. RJ.

Dias e horários: sábados e domingos, às 16h

Ingressos: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia)

Classificação indicativa: livre

David Bowie - Ziggy Stardust - live 1972

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