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Sônia Apolinário

Luz del Fuego inspira cerveja produzida por confraria feminina de São Paulo

Com uma Berliner Weisse com kiwi e gengibre, inspirada na dançaria e artista Luz del Fuego, uma confraria cervejeira feminina encerrou seus trabalhos em 2017. Luz foi o quarto rótulo produzido pela Goose Island Sisterhood, criada no início do ano, por Beatriz Ruiz, Gerente de Conhecimento Cervejeiro da Ambev. A gigante cervejeira nacional tem a norte-americana Goose Island no seu Portfólio desde 2011. Agora, a Brewhouse da marca, em São Paulo, se tornou a sede da confraria que cria rótulos com venda revertida para entidades que promovem o empoderamento feminino.

Beatriz conta que, inicialmente, seu objetivo foi reunir mulheres com vivências diferentes para discutir sobre temas que contribuíssem com o empoderamento feminino e, de quebra, aprender sobre o universo cervejeiro.

Para começar esse “papo”, ela convocou a arquiteta e urbanista Stephanie Ribeiro; a mestre cervejeira e sommelière da Ambev Laura Aguiar; a cervejeira do Goose Island Brewhouse SP Marina Bonini Pascholati; a professora Simone Gomes da Silva; a curadora de conhecimento Christiana Pegoraro Marin e a atriz Thamiris Dias.

Das conversas para a ação foram alguns passos e decidir pela produção de cerveja foi o primeiro deles. O “formato” veio em seguida: os insumos das brassagens seriam custeados pela Goose Island; a cerveja seria produzida e vendida na Brewhouse da marca, no bairro de Pinheiros, com toda a renda revertida para alguma instituição que trabalhasse com empoderamento feminino.

Terminado o ano, o saldo da iniciativa: quatro rótulos produzidos, além de um grupo no Facebook da confraria com (até o momento) 749 membros.

“Desde que comecei a trabalhar com cerveja, sempre tive vontade de criar algum projeto que fosse focado em mulheres. Apesar da crescente participação delas neste universo, ele ainda hoje é predominantemente masculino. Na verdade, estamos apenas resgatando um protagonismo que sempre foi nosso, já que foram as mulheres que criaram a cerveja há mais de 10 mil anos e estivemos por muito tempo à frente da produção da bebida”, comenta Beatriz que já foi embaixadora e sommelière da Wäls, cervejaria artesanal mineira comprada pela Ambev em 2015.

Assim, em abril, “nasceu” Carolina, uma sour com toque de goiabada. Dois meses depois, chegou a Enedina , uma double brown ale com adição de pinhão. Em setembro, entrou em cena Nísia, uma Biere de garde com caju. E ao apagar das luzes de 2017 foi criada Luz, Berliner Weisse com kiwi e gengibre.

“O estilo e os ingredientes escolhidos sempre refletem a personalidade e a história das mulheres homenageadas. As receitas são criadas junto com a Laura Aguiar e a Marina Bonini que têm uma expertise técnica sobre a cerveja e conseguem ajudar na criação, na harmonização de estilos e ingredientes, além de comandar as brassagens. Todas as mulheres da Confraria são convidadas a participar: seja como ouvinte, para aprender sobre o processo de produção de uma cerveja, ou até mesmo participando efetivamente, ajudando a carregar os sacos de malte, separando os ingredientes, e assim por diante. É um processo colaborativo”, explica Beatriz que se fornou sommelier em 2012.

Ela conta que as sete mulheres que formaram o núcleo inicial da confraria são as responsáveis pelo seu dia a dia. Porém, todas que fazem parte do grupo do Facebook da Goose Island Sisterhood participam integralmente do processo de produção de uma cerveja.

Por que é necessário ter uma confraria cervejeira feminina?

“No cenário atual em que o papel e a representatividade da mulher estão sendo revistos em todos os âmbitos, é preciso promover espaços em que elas se sintam seguras para expor suas opiniões sobre os mais distintos aspectos que envolvem essa mudança. Apesar de promover a cultura cervejeira entre as mulheres, a nossa Confraria não se restringe apenas ao universo cervejeiro, já que criamos uma plataforma que visa reunir grupos de mulheres com causas plurais e ajudá-las por meio da venda das cervejas”, afirma Beatriz. “Para 2018, a ideia é crescer o número de participantes do grupo e engajar mulheres e também os homens para nos ajudar. Precisamos da ajuda de todos. Vamos continuar produzindo cervejas e ajudando outros projetos que promovam o empoderamento da mulher”.

As mulheres por trás dos rótulos

Carolina - homenagem à escritora brasileira Carolina Maria de Jesus, considerada uma das

primeiras e mais importantes autoras negras do Brasil. O lucro da venda foi destinado ao coletivo Di Jejê, um espaço, em São Paulo, para a promoção e produção de conhecimento sobre a mulher negra.

Enedina - a homenageada foi Enedina Maria de Jesus, a primeira mulher a ter graduação em Engenharia no estado do Paraná, formada pela Universidade Federal do Paraná, e primeira engenheira negra do Brasil. O lucro foi revertido para o coletivo Maria Lab, um hackerspace feminista, também em São Paulo.

Nísia – homenagem a Nísia Floresta Brasileira Augusta. Ela criou no Rio de Janeiro uma

escola exclusiva para mulheres, por se sentir insatisfeita com a falta de acesso, a má qualidade e a perspectiva patriarcal do ensino para meninas. A instituição beneficiada foi a Think Olga, uma produtora paulista de conteúdo e espaço de discussão online para a promoção do empoderamento feminino.

Luz - a inspiração foi a dançaria e artista Luz del Fuego. A novidade ficou por conta da produção da cerveja feita em parceria com o Maravilhosas Corpo de Baile, coletivo que propõe um de resgate da autoestima e uma relação mais saudável e livre das mulheres com seus corpos por meio da dança. A renda foi revertida para o coletivo paulista.

Grupo do Facebook da confraria

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