- Sônia Apolinário
Paixão, conhecimento e inovação compõem a receita da BrewLab, nova cervejaria de Niterói
Cinco amigos e uma paixão em comum: cerveja. Ou melhor, produzir cerveja. Muitos estudos e brigas se passaram até que “nasceu” a BrewLab – Cervejas Experimentais, a mais recente cervejaria cigana de Niterói (RJ). Na verdade, o que os rapazes lançaram foi apenas uma pequena parte do projeto que inclui um “braço” de difusão de conhecimento de tecnologia cervejeira e a própria fábrica. E pensar que o mais velho mal completou 30 anos.
O time da BrewLab é formado por (da esquerda para a direita, na foto): Thiago Ribeiro, Lucas Esteves, Guilherme Rebelo, Fernando Cabaleiro e José Augusto Ferreira Filho (que não está na foto) . Thiago, na verdade, o “5 Beatle”, como brincam os amigos.
Por conta do seu doutorado em Engenharia Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro, que deve lhe render uma temporada no exterior, Thiago, de 30 anos, optou por ficar mais distante do dia-a-dia da cervejaria. Sua principal função é desenvolver e coordenar o BrewLab Ensino. Para 2018, o grupo pretende promover os primeiros workshops.
Cabe ao sommelier e mestre em estilos pelo ICB Lucas, de 26 anos, criar receitas, estudar as novidades do mercado e promover aprimoramentos tecnológicos para a cervejaria. Juntos nessa tarefa de criação de receitas estão o também sommelier e mestre em estilos pelo ICB Guilherme Rebello, além do próprio Thiago.
Sobra para o engenheiro ambiental Fernando, de 28 anos, materializar a cerveja idealizada nas receitas. Ele é o “chão de fábrica” da BrewLab, cuja parte financeira ficou nas mãos de José Augusto, o Jafe, de 27 anos, a mesma idade de Guilherme, que atua também como o coordenador geral do trabalho do grupo.
Guilherme, também sócio da cervejaria Araribóia, outra cigana de Niterói, conta que os amigos começaram a produzir cerveja “de brincadeira”, em 2013. De lá para cá, foram comprando equipamentos e estudando. A BrewLab já tem pelo menos sete cervejas desenvolvidas. Até agora, somente uma foi para o mercado: a Cascadian Hop Storm, uma Black Rye IPA. Luca aprimorou a receita dezenas de vezes até se dar por satisfeito.
“Essa é uma cerveja escura bastante lupulada, com ótima drinkability. Ela surpreende porque é bem diferente do que normalmente se espera de uma cerveja escura. É cítrica, refrescante. Optamos por lançar a cervejaria com ela porque acreditamos que seja algo pouco comum no mercado, atualmente. É uma cerveja complexa e um dos nossos objetivos é inovar um pouco para contribuir com a educação do mercado”, explica Luca.
Ele é quase um obcecado por buscar o aprimoramento das receitas. Para isso, utiliza todo aprendizado dos seus estudos de análise sensorial de cerveja para detectar erros na execução da bebida da cervejaria. Atualmente, a produção da BrewLab é de 500 litros por mês, produzidos na cervejaria Ograner, em Itatiaia, na serra Fluminense.
Uma semana depois do lançamento da BrewLab no mercado, o grupo inaugurou seu taproom. No momento, apenas com uma torneira, mas o objetivo é chegar a dez, a serem ocupadas pelas novidades que estão para ser lançadas, além de produção de convidados. Em breve, eles abrirão o espaço da cervejaria para a realização de brassagens abertas. Com eles, não existe segredo de produção.
“Não queremos esconder o jogo. Queremos que a BrewLab seja um lugar onde as pessoas também vão para aprender sobre cerveja. Temos muitas ideias, muitas informações que precisam ser repassadas”, comenta Luca.
Muito desse conhecimento eles já transmitem nas redes sociais da cervejaria. Luca afirma encarar sem problemas o fato de passar de pedra a vidraça – para quem, como sommelier, está acostumado a julgar, agora terá sua cerveja na mira de todos os tipos de opiniões.
“Espero receber muitas críticas. Aliás, estimulamos que todos façam suas avaliações porque temos sempre coisas a melhorar. Às vezes, pode dar algum problema em algum lote e o feedback das pessoas é muito importante”, comenta. “Você sabe que é um cervejeiro melhor quanto maior é sua capacidade de corrigir os erros”.
Segundo Guilherme, ser cigano é apenas “uma etapa do processo”. Os rapazes sonham em transformar o taproom em brewpub e, “mais para o futuro”, chegar à fábrica própria.
“Queremos fazer barulho. E beber cerveja”, afirma Guilherme.
A BrewLab fica na Rua Professor Heitor Carrilho 250, Centro de Niterói, RJ.
Para comentar, aqui