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  • Sônia Apolinário

As novas vozes de Don Giovanni

Um grupo de jovens cantores líricos se juntou com o objetivo de remontar títulos marcantes do repertório operístico, de forma independente. Para marcar o início dessa jornada, escolheram a peça "Don Giovanni", de Mozart. A apresentação única será na próxima terça-feira, dia 31, às 18h, no Centro Cultural Justiça Federal, no Centro do Rio.

Considerada uma das obras-primas da história das óperas, Don Giovanni foi apresentada pela primeira vez em 1787. Conta de forma ao mesmo tempo trágica e cômica, a história de um homem rico que se gaba de ter muitas amantes e, para aumentar a lista de conquistas, assedia mulheres casadas sem se preocupar com as consequências dos seus atos.

Seu libreto polêmico que se inspira nas peças teatrais de Tirso de Molina e Molière, aborda temas como desejo, sexualidade e amor, desafiando os dogmas morais e sociais de seu tempo. O espetáculo apresenta linguagem moderna, numa montagem semi-encenada com piano.

Na montagem que será encenada na terça-feira, Murilo Neves interpreta o papel título. No mês passado, ele integrou o elenco de “Tosca” (Puccini), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Maíra Lautert (Donna Anna) e Marina Considera (Donna Elvira) estiveram recentemente em montagens da mesma ópera em Porto Alegre e no Festival de Belém. Rafael Thomas (Leporello) é integrante do Coro Lírico de São Paulo e esteve recentemente na França, onde integrou o elenco da ópera “Cenerentola” (Rossini), dirigida por Teresa Berganza.

Ivan Jorgensen (Don Ottavio) encenou, também recentemente, Don José em “Carmen”. Chiara Santoro cantou o papel de Zerlina em festivais na Europa. Leo Thieze (Masetto) é integrante da Academia de Ópera Bidu Sayao e Patrick Oliveira (Comendador) integram o coro do Theatro Municipal do Rio. Eliara Puggina é a pianista acompanhadora especializada no repertório operístico e Menelick de Carvalho é o diretor teatral, especializado em ópera e teatro musical. Ele dirigiu as últimas montagens de "Carmen" (Bizet) no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (2017) e no Palácio das Artes, em Belo Horizonte (2015).

Com formação na Itália, Chiara Santoro afirma que o momento atual para a música lírica, no Brasil, não é dos melhores, com poucas opções de atuação. Foi justamente por isso, segundo ela, que o grupo se formou: ao invés de esperar acontecer, fazer.

Sobre a ópera, se costuma dizer que é uma arte “difícil”. Chiara não concorda:

“O entendimento da ópera não precisa passar somente pela compreensão literal do contexto cênico. Existe uma beleza intrínseca na música e que se expressa por si. A experiência das vozes líricas soando por cima da orquestra sem nenhum tipo de amplificação pode proporcionar experiências sensoriais muito profundas. Poderia haver mais produções em diversos espaços para que as pessoas possam ter acesso a experiências como essas”.

Ela observa que o canto lírico exige uma técnica muito específica, não apenas relacionado à música, em si, mas à necessidade do profissional saber falar várias línguas. Apesar das dificuldades, Chiara acredita que o recente “boom” de produções de musicais, no Brasil, pode favorecer a ópera.

“A linguagem do canto inserida na dramaturgia passou a se tornar uma forma de expressão mais familiar ao público. Virou uma porta de entrada para muitos jovens que começam a estudar canto por diversos motivos e acabam se apaixonando pelo canto lírico”, afirma.

Serviço

"Don Giovanni" - apresentação única, terça-feira, dia 31 de outubro às 18h

Centro Cultural Justiça Federal: Avenida Rio Branco 241, Centro do Rio de Janeiro

Entrada: R$ 40,00; meia R$ 20,00

Da direita para a esquerda, Chiara Santoro é a primeira cantora do grupo

Veja uma encenação de Don Giovanni, em montagem de 2016, na Austrália

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