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  • Sônia Apolinário

Muito além dos 25 ml

Erro elétrico grave na montagem do evento, arrogância no tratamento, falta de comprovação e auditoria nos relatórios de venda. Esse foi o balanço do Mondial de la Bière 2017 na visão de Dalmo Marcolino, um dos sócios da cervejaria carioca BierTeria. Sim, teve barraco no último dia entre cervejeiros e a organização do evento. Sim, Dalmo foi um dos barraqueiros. Ele admite.

Depois de ser um dos primeiros cervejeiros a mudar o rumo da prosa e dizer que o mercado está estagnado, agora ele fala com todas as letras que desconfia da prestação de contas apresentada pela Fagga Eventos.

“A máquina da Eyemobile não emite comprovante de vendas. Já no segundo dia, começamos a notar várias discrepâncias entre o nosso movimento e os números apresentados. Há muita arrogância do pessoal da Fagga em lidar com os cervejeiros. Eles ironizavam, diziam que não sabíamos usar o equipamento. E quando confrontávamos o nosso número de barris vazios com os números que eles afirmavam que representavam nossas vendas, a resposta é que os cervejeiros dão muita cerveja de graça”, conta Dalmo.

No caso da BierTeria, o descontentamento começou antes mesmo da abertura dos portões. Segundo Dalmo, por conta de uma “besteira técnica grande” dos produtores, a voltagem elétrica, nos armazéns, estava em 380 v e não em 220 v. Resultado: equipamentos queimados. No caso da BierTeria, a primeira que foi ligada na tomada, uma pré resfriadora.

A solução encontrada pela Fagga, segundo Dalmo, foi arrumar outra máquina para ele alugar. E ele que ficasse com o prejuízo. Foi esse mesmo problema técnico que fez com que muitos estandes servissem chope quente, no início do evento.

No dia seguinte, depois de estourada a “treta do copo” – a marcação de 125 ml, na verdade, correspondia a 100 ml – grande parte do público se voltou contra os cervejeiros.

“Foi muito ruim ouvir as pessoas nos dizerem que estávamos mancomunados com os organizadores, que nós cervejeiros fazíamos parte dessa tramoia.”, comenta Dalmo.

E eis que o Mondial termina. Portões fechados, chega a hora da prestação de contas. 1h da madrugada, fila empacada e o tal barraco formado.

“O embate ainda está grande porque não temos comprovantes de venda. Na fila, na confusão, chegou uma moça e se apresentou como auditora. Perguntamos qual era o órgão regulador e ela não sabia dizer. Claro, ela não era auditora, mas do departamento financeiro da organização, como admitiu depois. Acho que eles pensam que cervejeiro é um cara que vive bêbado e não entende de certificação, de auditoria”, afirma Dalmo.

A “cereja” desse bolo chegou no dia seguinte ao término do Mondial, segunda-feira. Todos os expositores receberam um mesmo arquivo da Eyemobile. Nele constam todas as transações feitas por todos. Para Dalmo, isso não significa transparência, mas falta de segurança de dados:

“Contrataram um sistema que não tem auditoria, que expôs meus dados. Mudaram a empresa e contrataram uma start up sem critério de segurança”.

Foi a terceira vez que a BierTeria participou do Mondial. Nos outros anos, foi tudo diferente? Não muito. Segundo Dalmo, “a arrogância no trato sempre esteve presente”.

Ele diz que “a tendência” da BierTeria é não participar mais do Mondial, se é que o evento vai se repetir em 2018. Sim, Dalmo também ouviu boatos sobre a transferência do Mondial para outra cidade “por conta do esvaziamento econômico do Rio”. Como ele mesmo já disse em outra entrevista para a coluna, o Mondial dá prejuízo, mas ajuda a dar visibilidade para a marca.

“Ano passado, também tivemos dor de cabeça na questão do faturamento. Este ano, talvez pela junção de vários problemas, a insatisfação ficou bem maior. Este ano, eles se superaram”, comenta Dalmo.

O que dizem os organizadores

Comunic Sônia Apolinário entrou em contato com a organização do Mondial de la Bière por intermédio da sua assessoria de imprensa para comentar questões levantadas pela reportagem. As perguntas enviadas foram respondias pela diretora do evento, Luana Cloper:

Comunic: Cervejeiros estão reclamando sobre falta de comprovação das vendas e falta de auditoria nos relatórios de vendas. Também questionam o valor do faturamento apresentado pela organização. Essas informações procedem? Qual o comentário a respeito?

LC: Existe um ambiente online no qual todas as cervejarias puderam, durante o evento, consultar seus resultados de venda. Em alguns momentos as informações demoravam um pouco mais para entrar no sistema, mas todas foram devidamente computadas. O departamento financeiro da Fagga GL exhibitions realizou auditoria nas vendas e constatou que todos os valores creditados pelos visitantes em cartões de consumo foram devidamente registrados como crédito pelos expositores em suas máquinas Eyemobile. Tudo que entrou como crédito, saiu como venda.

Comunic: Há reclamação sobre erro técnico na parte elétrica que resultou em prejuízos como máquinas queimadas e início de evento com bebida sendo vendida quente. Vocês reconhecem esse erro? Em caso positivo, que providências estão tomando no sentido de reparar os prejuízos?

LC: Sim, reconhecemos e já estamos tomando providências junto aos expositores que registraram prejuízos.

Comunic: Em relação aos copos, que providências estão tomando junto a quem formalizou reclamações, seguindo orientações emitidas por vocês?

LC: A organização do evento está cuidando individualmente dos consumidores que estiveram no primeiro dia do evento e tiveram problemas com a marcação do copo.

Comunic: Quais os planos para a 6 edição do Mondial?

LC: O Mondial de la Bière 2018 já está confirmado, com data a ser definida.

Crédito: divulgação

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