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  • Sônia Apolinário

MG terá selo para identificar as cervejas produzidas na região

Até o final de setembro, Minas Gerais será o primeiro estado brasileiro a ter um selo de identificação das cervejas produzidas na região. O lançamento vai coroar um trabalho iniciado há oito meses e que rendeu outros frutos. Por exemplo, no último dia 22 de julho, o polo cervejeiro da capital, Belo Horizonte, ganhou um “manto protetor”: passou a ser identificado como arranjo produtivo local. Por trás dessas vitórias, um nome muito conhecido no meio cervejeiro: Marco Antônio Falcone, um dos sócios da cervejaria Falke Bier.

Ele explica que o selo funciona como um aviso para o consumidor que aquela cerveja segue alguns rigorosos processos de produção, o que confere qualidade ao produto. Para obtê-lo, a cervejaria mineira precisa ser independente, praticar o comércio justo, estar atenta às questões relacionadas com sustentabilidade da região e privilegiar o uso de ingredientes nobres.

O trabalho em torno da criação do selo começou há oito meses com um trabalho de levantamento da identidade coletiva das cervejas artesanais de Minas. Isso incluiu, dentre outras coisas, a realização de uma pesquisa para identificar como o consumidor percebe a cerveja mineira. Na outra ponta, junto aos produtores, foi feita uma série de seminários em diferentes cidades do Estado. O último deles acontece no próximo dia 29 de agosto, em Uberlândia, na sede do Sebrae. O próprio Falcone dará a palestra “Como transformar paixão em negócio: cervejaria artesanal”.

Na opinião de Falcone, Minas Gerais é “vanguarda” quando o assunto é cerveja artesanal. Vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas (Sindbebidas-MG), ele informa que, há 6 anos, existiam apenas quatro cervejarias artesanais no Estado. Atualmente, são 61. A sua, a Falke Bier, foi uma das pioneiras, inaugurada em 2004.

“Sempre me preocupei em aprimorar todos os elos da cadeia produtiva do setor. Então, começamos a ensinar, a buscar programas para aprimorar a mão-de-obra”, conta o mestre cervejeiro Falcone, também professor da Escola Superior de Cerveja e Malte que, ao longo dos últimos oito anos, formou, pelo menos 40 alunos, por semestre, e que, segundo ele, estão todos empregados.

Essa oferta de trabalho está vem de supermercados, eventos e concursos que proliferam em todo o país. Falcone está certo que esse movimento das artesanais veio para ficar. E ainda tem muito para crescer. Ele fornece mais dados: o mercado de cerveja industrial representa 8% da economia de Minas Gerais, sendo que as artesanais não chegam a 1%. Porém, enquanto as grandes decrescem uma média de 3% ao ano, as pequenas crescem 15%.

“O Brasil descobriu a gastronomia e, com ela, a cerveja artesanal. Esse mesmo movimento aconteceu na Europa e nos Estados Unidos. A Europa viveu um renascimento das pequenas cervejarias locais os EUA viu as micro cervejarias passar por uma verdadeira revolução. O consumido experimentou e está migrando para as artesanais. Não tem volta. Temos eventos semanais em Belo Horizonte que reúne de 15 a 30 mil pessoas na praça em torno da cerveja artesanal”, explica.

Para reforçar que se trata de um “momento favorável” para as cervejarias artesanais, Falcone lembra que o setor foi incluído no Simples Nacional e as novas regras, como menos burocracias e outras facilidades fiscais entram em vigor em janeiro de 2018. No caso de Belo Horizonte, oito cidades que fazem parte do polo cervejeiro da Região Metropolitana foram incluídas, no último dia 22 de julho, como arranjo produtivo local. Isso significa, por exemplo, que estão protegidas contra uma mudança repentina nas regras dos impostos, além de permitir compras coletivas e organização de eventos.

“Isso foi uma grande vitória. Um reconhecimento que o setor precisa ser apoiado”, comenta ele que começou a fazer cerveja na cozinha de casa para economizar na compra da bebida.

Atualmente, a Falke Bier tem capacidade para produzir de 80 a 100 mil litros por mês, mas fica, por enquanto, na casa dos 20 mil litros por mês para fazer seus 10 rótulos. Dentre eles, o mais famoso é a Monastério, lançada em 2006.

Bastante influente no setor, Falcone foi um dos fundadores da AcervA Carioca. E sobre o trabalho que Niterói vem fazendo para criar uma legislação favorável ao setor, ele dá o seguinte conselho:

“Continuem investindo O mercado em Niterói é forte. É preciso acreditar e batalhar. É um trabalho de formiguinha”.

Na sua opinião, as cervejas mineiras são “instigantes” por conta dos ingredientes da terra que usa. Sobre o seu estilo preferido, bem, “depende da hora, do acompanhamento de alimento e de pessoa”, comenta ele que, na hora da entrevista, um pouco antes do seu almoço, degustava uma Pilsen.

“As cervejarias grandes viraram bancos. Nós estamos trazendo com as cervejas artesanais cultura”, comenta.

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